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I

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I

Dificilmente Harry Potter ficava doente. Ele se cuidava. Mas provavelmente sua resistência vinha dos tempos difíceis que passara na casa dos tios. Depois todas as provações que passara na vida, nem sempre com alguém para cuidar dele.

Porém, agora, Harry tinha alguém para cuidar dele. Alguém que, ao contrário do que era de se esperar, agia com carinho e paciência. Claro que ele colaborava muito, pois detestava ficar dependendo dos outros.

Sempre tomava todos os remédios na hora certa, não reclamava das poções nem das coisas estranhas que era obrigado a beber para curar mais rápido e do jeito certo. Resumindo, era o paciente que todo medibruxo gostaria de ter.

Respirou fundo e ergueu os olhos fitando Draco que acabara de entrar no quarto com uma bandeja cheia de coisas gostosas. Ele já podia sair da dieta rigorosa agora, e comer as guloseimas que tanto gostava.

Enquanto o loiro sentava-se na cama, Harry só tinha um pensamento em mente: por mais grave que fosse a doença e mais difícil de curar, só havia algo que podia ajudá-lo em qualquer situação. Draco Malfoy.

II

Draco Malfoy doente era um teste a paciência de qualquer ser humano na face da Terra. Em alguns momentos Harry achava que até a famosa Muggle Madre Tereza de Calcutá perderia o bom humor com o Slytherin.

Ele ficava manhoso, cheio de não-me-toques. Fazê-lo beber a medicação era mais difícil do que fora derrotar Lord Voldemort.

"Isso tem um gosto horrível, Potter".

"Harry... olha que poção nojenta..."

"Você está louco se pensa que vou beber isso".

"Não quero essa coisa fedorenta".

Geralmente Harry tinha que contar até vinte duas vezes. E depois voltar contando de trás pra frente. Só assim mantinha a calma e continuava argumentando como era importante beber aquilo pra se curar rápido. No fim acabava vencendo. Era só ameaçar chamar Ginny (uma grande medibruxa, que Draco odiava por motivos nascidos na época do colégio).

Só então o loiro cedia e bebia o que tinha de beber, divertindo o moreno. Mesmo quando estava doente, Draco era uma cura para a alma de Harry Potter.

III

Só quem passou por uma guerra sabe o que isso significa. Existem feridas no corpo, existe morte, dor, destruição.

Existe a perda de pessoas importantes e queridas. O último e definitivo adeus. Existe aquela sensação de ter falhado, de culpa e arrependimento.

Você se culpa porque hesitou um breve instante e pessoas pagaram o preço por isso. Você se arrepende porque sabe que duvidou e pagou o preço.

Quando vence a guerra e derrota o mal você tenta se lembrar que salvou muitas vidas, protegeu muitas pessoas. Mas lá no fundo sua alma ainda chora. Seu coração sangra. Você tem uma ferida e não é física.

Algo o corrói e não consegue parar. Algo vai corroê-lo até a morte e é quase um alivio saber que esse algo está ali, destruindo sem que os olhos de outras pessoas percebam.

Você é o herói que todos querem que seja. Mas não é a pessoa que gostaria de ser.

Você acha que não tem cura.

Você estava errado.

Existe alguém que te vê sem qualquer barreira. Que esteve nessa guerra, de lado oposto desde os tempos do colégio. Alguém que veste uniforme da casa rival, que é física e psicologicamente o contrário de você.

Alguém que se aproxima com hesitação. Que oferece uma cura através da coisa mais piegas do mundo, algo que você não acreditava mais. E pede silenciosamente que você o cure com essa mesma coisa abstrata. Abstrata e forte. Poderosa.

O amor.

Você aceita.

Pouco importa que a cura venha na figura de Draco Malfoy. Que as pessoas o condenem e o afastem do circulo de amizade. Pouco importa que os amigos lhe dêem as costas e o abandonem.

Você estava morrendo. Malfoy o socorreu e ofereceu a cura.

Tudo o que fez foi aceitar. Você o aceitou.

drabble colection (Drarry)Onde histórias criam vida. Descubra agora