Duke Knight
A loira maluca deve ter entendido minha pergunta como um convite porque logo depois tive que assistir embasbacado ela passar por mim e entrar na minha casa como se fossemos velhos conhecidos. O xingamento que estava na ponta da língua desapareceu assim que minha atenção caiu sobre o jeito que ela balançava o quadril ao andar.
Hipnotizante, assim como da última vez.
Foi por isso que, ao invés de expulsá-la, vi-me seguindo-a, ou melhor, seguindo o rastro do seu perfume até a cozinha. Como se eu fosse algum tipo de filhotinho seguindo sua dona. Como a merda de um filhote! Imagino o que Hunter diria se me visse naquele momento.
Tentando não pensar em o quanto a minha masculinidade estava sendo afetada, entrei na cozinha. Minha vizinha estava mexendo nas gavetas. Ela estava tão à vontade que por um segundo cheguei a pensar que eu era o intruso na casa. Não gostava disso.
- O que exatamente você pensa que está fazendo? – perguntei, cruzando os braços.
Ela deu um pulo e depois um pequeno gritinho por ter acertado a mão no puxador da gaveta.
- Você me assustou! – franziu o cenho, apontando-me acusadoramente a faca que segurava em uma das mãos.
Arqueei a sobrancelha. Loirinha petulante. Arrogante demais para quem não chegava nem no meu ombro.
- Dizem que só aqueles que estão fazendo coisas erradas se assustam.
- Só estava procurando uma faca – corou, abaixando o objeto. – Para cortar a torta.
- Por quê?
- Porque eu quero comer a torta.
Essa estava sendo possivelmente a conversa mais esquisita que já tive em muito tempo.
- Se você queria comer a torta, por que não ficou na sua casa? – falei, o mais gelado possível e apontei o dedo para a porta.
- Mas a torta é para você – abriu um sorriso enorme, ignorando minha indireta.
Revirei os olhos. Uma abordagem mais direta então.
- Ótimo. Pode deixá-la aí. Depois eu corto.
Reid levantou a cabeça e olhou para mim por um segundo antes de começar a rir.
- Você é engraçado – voltou a se concentrar em fazer cortes metódicos na sobremesa.
Reprimi o ímpeto de jogar as mãos para o alto em frustração. Ou ela simplesmente não entendia que eu não queria companhia ou eu estava perdendo minha voz de comando. Tive vontade de soletrar esse desejo de solidão, mas o cavalheiro que minha mãe me criara para ser evitou que as palavras saíssem. Vencido, puxei uma das cadeiras e me sentei. Talvez se a deixasse fazer o que diabos veio fazer, ela fosse embora mais rápido.
- Meu nome é Ravenna Reid – falou, colocando um prato com um generoso pedaço de torta na minha frente e se sentando na cadeira ao lado.
- Você já disse – nem mesmo tentei disfarçar o tédio.
Peguei a colher que acompanhava o prato e tirei um pedaço da torta. Não era porque a mulher era irritante que iria renegar sua comida - ainda mais quando parecia ser uma cópia perfeita daquele que era um dos meus pratos favoritos antes de eu ir para o Afeganistão. Antes, contudo, que pudesse levar a colher à boca, sua mão pousou em meu antebraço. Meus olhos fixaram-se nos dela e pude ver seu sorriso sumir e uma expressão de dor surgir no lugar dela. Só então percebi que em um reflexo, minha mão livre tinha se fechado ao redor do pulso dela. Horrorizado, soltei-a como se me queimasse.
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Blackbird
Romance~ Para saber mais da história, spoilers, conversas temos o grupo no facebook: https://www.facebook.com/groups/373683776111201/ ------ Para algumas pessoas apenas um breve período longe de casa pode transformar o que conhecem em algo estranho; pa...