Capítulo Nove

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Talvez eu tivesse algum tipo de problema com laços de relacionamento. Preferia correr cem quilômetros no deserto – descalço – a passar dois minutos com meu papai querido, as mulheres que passavam em minha vida nunca duravam mais do que uma semana e os caras que considerava como "amigos" eram idiotas completos que pareciam fazer questão de aparecer nos momentos mais inoportunos para atrapalhar minha vida. 

Se isso não fosse tão irônico, marcaria uma consulta com um psicólogo. Se bem que... pensando melhor, não precisava de alguém para saber que a culpa era do velho. Entretanto, por mais que fosse metade dos problemas da humanidade pudesse ser creditados a Dante Knight, a enrascada em que me encontrava agora não era uma dessas situações. Não era culpa dela que fui idiota o suficiente para trazer Reid ao meu bar favorito e infelizmente também não podia culpá-lo por Hunter ter resolvido aparecer precisamente naquela hora.

 - Duke! 

O divertimento claro em sua voz outra vez fez com que fosse puxado de meus pensamentos. 

Reprimi um grunhido e a vontade de apagar aquele sorrisinho da sua cara com um soco. Tom provavelmente não iria nos perdoar dessa vez se nós quebrássemos algumas mesas... de novo. Ao invés de fazer o que queria, então, dei um passo para trás, afastando-me finalmente da minha vizinha, já que ainda estávamos no que poderia ser chamado de um abraço esquisito. 

- Knight, não vai me apresentar seu amigo? 

As palavras dela saíram um pouco tremidas e ela apoiou sua mão em meu ombro. Franzi o cenho, olhando para baixo e para o lugar onde ela me tocava. Estranhei seu gesto por um segundo inteiro antes de perceber que ela o fazia quase por questão de equilíbrio, pois a distância que me afastara não fora o suficiente para estabelecer um espaço pessoal confortável. Droga! '

Eu estava praticamente a pressionando contra a mesa de sinuca, só havia distância para que ela se virasse para me encarar. 

Pude sentir a confusão em meu rosto se acentuar um pouco mais e, como um autômato, dei mais um passo para trás e observei sua mão deixar meu ombro e seu olhar se levantar para encarar o meu.

 - Duke! 

Olhei para o teto e respirei fundo. Por que eu ainda insistia em considerá-lo meu amigo mesmo? 

- Que foi agora, porra? – virei para ele pela primeira vez aquela noite. 

- Perguntei se não vai me apresentar sua amiga. 

- Não somos amigos – respondi automaticamente. 

E também não sou seu amigo, quis acrescentar, mas aquilo só seria pirraça e provavelmente Caleb acharia ainda mais engraçado. O idiota não podia ser um adulto normal. Era uma criança crescida. Era em momentos como esse que sentia falta de Chase.

 - É. Não somos amigos – minha vizinha me lançou um olhar raivoso e empinou o nariz antes de enfiar o cotovelo nas minhas costelas em uma maneira bem rude de me tirar do seu caminho até Hunter. – Ravenna Reid – estendeu a mão em um cumprimento. 

- Reid? – falou ao responder o cumprimento. – Reid? Onde foi que eu ouv-Oh! – compreensão se espalhou pelo seu rosto, um sorriso maligno vindo logo a seguir quando me lançou um olhar rápido. 

Filho da puta. Ele sabia que ela era minha vizinha. 

– Ravenna Reid, é claro. É um prazer conhecê-la. 

Mesmo a loira estando de costas para mim, eu podia visualizar que ela provavelmente cerrando os olhos como sempre fazia quando estava desconfiada de alguma coisa.

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