Quatro horas e meia. Quatro horas e meia dentro de um tubo a dez mil metros do chão e tendo que bancar o árbitro e manter a paz. Ou quem sabe fosse apenas uma babá. A nomenclatura, entretanto, claramente não era o mais importante quando se desenvolvia uma leve dor de cabeça. Pensei que o mais difícil seria não assustar muito Duke nesse feriado em Montana, porém obviamente havia me esquecido de considerar as variáveis que interferiam no caminho até lá.
- Você não disse que ele te intimidava? - sibilei para minha amiga, virando a cabeça para ela, uma vez que sabia que sussurrar não seria efetivo para que Knight e sua audição supersônica não ouvisse.
- Por que está sussurrando? - falou em seu tom normal.
Dei-lhe um bom beliscão na perna antes de sibilar outra vez:
- Porque ele pode nos ouvir.
- Ai! - esfregou o ponto que eu beliscara, franzindo o cenho em uma careta para mim antes de se inclinar um pouco para frente a fim de olhar para além de mim. - Ele 'tá dormindo.
- Mas ele pode nos ouvir!
- Rave, sério. Relaxa. O cara é seu namorado, não o psicopata nos perseguindo em uma casa mal assombrada. O jeito que você fica falando "ele pode nos ouvir" está começando a me dar arrepios.
Dessa vez ela ganhou um tapa com as costas de minha mão em seu braço.
- Será que dá para parar com isso?
Suas palavras saíram em forma de um gritinho e me fizeram virar rapidamente para ter certeza que Knight ainda estava adormecido. Felizmente ele continuava com as pálpebras cerradas e com a expressão lisa que sempre adquiria ao dormir.
- Será que dá para falar baixo? Por favor - trinquei os dentes. - Preferia quando ele te intimidava.
- Está brincando? Ele ainda me dá alguns arrepios. A diferença é que agora já vi como ele vira gelatina em suas mãos, então estou contando com você para me proteger.
- Você sabe que não vou estar sempre ao seu lado, né?
Engoliu em seco e deu uma espiada outra vez em Knight.
- Entendi. Talvez seja mais... prudente não provocá-lo. Mas não fiz nada exagerado.
Senti minha expressão se contorcer em uma careta entre indignada e incrédula.
- Você perguntou se ele já havia visitado a Área 51 e se já tinha dissecado algum alien! - meu tom foi se afinando até quase se transformar de um sussurro em um gritinho agudo.
- O quê? - franziu o cenho, olhando-me como se eu fosse a maluca. - Ele é do exército! Nunca tinha conhecido-conhecido alguém do exército. E você sabe que eu sempre quis saber o que aconteceu com os aliens. Era minha chance.
- Quantas vezes vou ter que te dizer que não existem alienígenas?
- É muito presunçoso da sua parte acreditar que estamos nesse universo enorme sozinhos - cruzou os braços, desdém brilhando em seus olhos azul oceano.
- Vou acreditar quando ver alguma prova. Até lá, certamente não vou sair por aí perguntando para os outros se eles acham que a Área 51 está no Triângulo das Bermudas e que por isso o governo some com navios nesse lugar.
- Hey! Essa é uma teoria muito boa. É você que é mente pequena demais para conseguir enxergar todas as conexões por de trás dos fatos.
- Essa sua paranoia com alienígenas é realmente esquisita.
- Esquisito é achar que Atlantis realmente existiu e que foi parar no fundo do do oceano Índico graças a uma erupção vulcânica.
Hey! Isso era um pouquinho insultante.
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Blackbird
Romance~ Para saber mais da história, spoilers, conversas temos o grupo no facebook: https://www.facebook.com/groups/373683776111201/ ------ Para algumas pessoas apenas um breve período longe de casa pode transformar o que conhecem em algo estranho; pa...