Capítulo Vinte e Um

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Quatro horas e meia. Quatro horas e meia dentro de um tubo a dez mil metros do chão e tendo que bancar o árbitro e manter a paz. Ou quem sabe fosse apenas uma babá. A nomenclatura, entretanto, claramente não era o mais importante quando se desenvolvia uma leve dor de cabeça. Pensei que o mais difícil seria não assustar muito Duke nesse feriado em Montana, porém obviamente havia me esquecido de considerar as variáveis que interferiam no caminho até lá. 

- Você não disse que ele te intimidava? - sibilei para minha amiga, virando a cabeça para ela, uma vez que sabia que sussurrar não seria efetivo para que Knight e sua audição supersônica não ouvisse. 

- Por que está sussurrando? - falou em seu tom normal.

Dei-lhe um bom beliscão na perna antes de sibilar outra vez:

- Porque ele pode nos ouvir. 

- Ai! - esfregou o ponto que eu beliscara, franzindo o cenho em uma careta para mim antes de se inclinar um pouco para frente a fim de olhar para além de mim. - Ele 'tá dormindo. 

- Mas ele pode nos ouvir! 

- Rave, sério. Relaxa. O cara é seu namorado, não o psicopata nos perseguindo em uma casa mal assombrada. O jeito que você fica falando "ele pode nos ouvir" está começando a me dar arrepios. 

Dessa vez ela ganhou um tapa com as costas de minha mão em seu braço.

- Será que dá para parar com isso? 

Suas palavras saíram em forma de um gritinho e me fizeram virar rapidamente para ter certeza que Knight ainda estava adormecido. Felizmente ele continuava com as pálpebras cerradas e com a expressão lisa que sempre adquiria ao dormir. 

- Será que dá para falar baixo? Por favor - trinquei os dentes. - Preferia quando ele te intimidava.

- Está brincando? Ele ainda me dá alguns arrepios. A diferença é que agora já vi como ele vira gelatina em suas mãos, então estou contando com você para me proteger.

- Você sabe que não vou estar sempre ao seu lado, né? 

Engoliu em seco e deu uma espiada outra vez em Knight.

- Entendi. Talvez seja mais... prudente não provocá-lo. Mas não fiz nada exagerado. 

Senti minha expressão se contorcer em uma careta entre indignada e incrédula.

- Você perguntou se ele já havia visitado a Área 51 e se já tinha dissecado algum alien! - meu tom foi se afinando até quase se transformar de um sussurro em um gritinho agudo.

- O quê? - franziu o cenho, olhando-me como se eu fosse a maluca. - Ele é do exército! Nunca tinha conhecido-conhecido alguém do exército. E você sabe que eu sempre quis saber o que aconteceu com os aliens. Era minha chance.

- Quantas vezes vou ter que te dizer que não existem alienígenas?

- É muito presunçoso da sua parte acreditar que estamos nesse universo enorme sozinhos - cruzou os braços, desdém brilhando em seus olhos azul oceano.

- Vou acreditar quando ver alguma prova. Até lá, certamente não vou sair por aí perguntando para os outros se eles acham que a Área 51 está no Triângulo das Bermudas e que por isso o governo some com navios nesse lugar.

- Hey! Essa é uma teoria muito boa. É você que é mente pequena demais para conseguir enxergar todas as conexões por de trás dos fatos. 

- Essa sua paranoia com alienígenas é realmente esquisita. 

- Esquisito é achar que Atlantis realmente existiu e que foi parar no fundo do do oceano Índico graças a uma erupção vulcânica.

Hey! Isso era um pouquinho insultante.

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