Minha mãe surtou assim que entrei em casa, gritando que não tinha me parido para eu ficar fazendo papel de mulher, o quanto eu era nojento. Ela me bateu naquela noite, o cinto de couro abriu vergões nas minhas costas exposta a um ponto que obrigou meu pai a intervir, pois ela não parou por mais que eu pedisse ou que Shoto chorasse. Meu pai me carregou para o meu quarto e cuidou dos meus machucados.
—Toya, você não pode mais ver o Keigo.
—Eu gosto dele —Respondi baixinho, mas ele ouviu mesmo assim.
—Você não gosta, está confuso, os hormônios são... complicados.
—O senhor não entende pai, eu gosto dele de verdade.
—Droga — Ele suspirou na porta do meu quarto — Olha, só... Tome mais cuidado e arrume uma namorada logo. Eu não ligo, só não quero escândalos, ainda mais agora.
Eu puxei a coberta para cima da minha cabeça, não respondi e ele saiu do quarto. Minhas costas ardiam sempre que me mexia mais que um centímetro. Apesar da dor, só pensava no meu irmão vendo tudo aquilo e em Keigo. Demorei para dormir e quando consegui, o barulho da porta se abrindo me acordou junto com o som de passos. Um peso afundou minha cama e Shoto se deitou embaixo das minhas cobertas.
—O que está fazendo aqui, pirralho?
—Vou dormir aqui.
—Você sabe que a mamãe não quer que você fique perto de mim.
-Eu não ligo, eu vou te proteger dela.
Mesmo com dor eu o abracei e deixei minhas preocupações de lado, precisava dormir um pouco e mesmo sendo uma criança, eu me senti seguro com Shoto perto de mim.
➳
A mãe de Keigo, por sorte não lhe fez nada quando minha mãe contou sobre nosso envolvimento. Por medo de causar um escândalo, minha mãe não pediu para sermos trocados de sala como havia ameaçado, mas sempre via ela nos intervalos ou na saída, como se quisesse me flagrar e me punir outra vez.
Eu estava me sentindo sufocado, por meses precisei ver o olhar magoado de Keigo quando eu me afastava dele ou flertava com alguma garota. Quando nos encontrávamos escondidos, ele me dizia que não ligava, não se importava mas eu via a verdade, seu coração estava tão magoado quanto o meu.
Eu olhei para sua expressão séria antes de sair da escola com algumas garotas quando vi uma confusão, parecia uma briga. Fui atrás do segurança da escola. Os três garotos saíram correndo assim que o viram e deixaram um garoto caído no chão e sangrando. Quando me aproximei dele, vi que era o garoto que se assumiu como homossexual que todos falavam. Peguei um lenço que eu sempre carregava e me ajoelhei ao seu lado.
—Tudo bem, eu vou segurar aqui até parar de sangrar.
—Obrigado — Me respondeu fraco, e minha curiosidade falou mais alto.
—Por que eles estavam te batendo?
—Por que eu sou gay.
—E por que você não mente? Diz que não é verdade, aí você fica em paz.
—Eu não posso.
Ele me disse firme. Sabia o quanto aqueles machucados doíam. Admirei a sua coragem, me senti intrigado.
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Cicatriz
Fanfiction"-Suas cicatrizes queimam, a minha formiga, dói. Mas quando você toca nela -A pele se acalma? -Sim -É o mesmo comigo - Disse antes de puxar seu rosto e voltar a sentir seus lábios frios e a língua febril aplacar meus incômodos" Midoriya Izuku é um j...