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Fiz uma nota mental para agradecer ao Bakugou por ter nos seguido, pois, por mais inconveniente que aquilo tenha sido, nem eu ou Shoto estávamos em condições de guiar aquela coisa flutuante de volta para Suna. Eu ajudei Shoto a carregar o corpo inerte do irmão até a lancha, e Bakugou logo ligou os motores para nos levar dali.

—Aqui, ajude ele a beber.

Entreguei uma garrafa para Shoto e o ajudei a sustentar o corpo do irmão. Toya bebeu a água em goles pequenos, ele parecia estar oscilando entre a consciência e a inércia. Enquanto isso, liguei para Yamada, o único médico que conhecia naquela cidade e pedi para ele nos encontrar no cais. A próxima ligação não foi tão tranquila. Aizawa gritou no meu ouvido pela minha inconsequência e ousadia, também sobre a pilha de papeladas que ele precisaria preencher por minha culpa.

Eu permaneci ao lado dos irmãos. Quando Toya fixou os olhos em mim, pude ver o mesmo brilho daquele jovem que me ajudou. A área do seu maxilar estava cicatrizada numa coloração similar a de Shoto e suas mãos tinham cicatrizes similares as minhas, foi então que eu entendi, foi Toya quem salvou minha vida.



Por sorte, Aizawa não levou uma comoção de policiais, apenas ele e Yamada estavam nos esperando por nós , além de alguns enfermeiros. Fomos todos conduzidos para a clínica do loiro, a pedido de Aizawa. O detetive esperou até os exames mais urgentes serem realizados antes de nos questionar.

—Ele vai ficar bem, está bem desnutrido e abaixo do peso. Acredito que ele deve estar com anemia, mas os resultados do exames de sangue vai demorar um pouco. Ele está inconsciente, mas bem. Assim que ele acordar, podem entrar.

—Obrigado — Shoto disse, e todos conseguimos ver o peso sair dos seus ombros.

—Agora, alguém me explica que porra aconteceu? — Aizawa pediu com uma expressão nem um pouco feliz.



Depois de terminar de relatar cada detalhe para Aizawa e mostrar as fotos que tirei do lugar, Bakugou entregou para ele um caderno de capa gasta que não havia notado que ele trouxe aquilo consigo.

—Eu consegui pegar esse caderno de uma mesa fora do quarto onde o garoto estava, senhor.

Escrito à mão, anotações datadas em uma caligrafia delicada e precisa. Aizawa checou o celular antes de voltar a atenção para nós.

—É um prontuário — Yamada disse após olhar algumas páginas — Anotações psicológicas, sobre o estado mental dele. Aqui diz que ele é psicótico e esquizofrênico, mas não há detalhes sobre medicamentos usados.

—Essa letra é de uma mulher.

—Como pode ter certeza? — Perguntei para o Bakugou.

—Eu não tenho certeza, é só um palpite. Estou estudando para detetive, eles nos deram um livro de referência sobre essas diferenças na escrita. A pressão na escrita e os traços delicados, normalmente são detalhes de escritas feminina.

—Isso foi assustador, você disse algo que faz sentido — Eu disse como elogio.

—Maldito nerd! — Aizawa interrompeu a explosão do loiro.

—Estão datadas de todas as sextas, semanalmente. Parou há duas semanas.

—Na mesma semana que a Rei desapareceu — Completei seu raciocínio.

—Essa é a letra da minha mãe.

Todos nós nos viramos para ver Shoto parado na porta onde seu irmão estava descansando.

CicatrizOnde histórias criam vida. Descubra agora