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Aquele garoto cumpriu sua promessa, ele ficou ao meu lado enquanto meu nariz sangrava, até se estancar. Um pouco depois Shindo veio correndo até nós, parecia preocupado.

Midoriya! O que aconteceu?

O de sempre.

Meu deus! O seu rosto!

Estou bem.

Disse assim que ele tocou meu rosto. Shindo me ajudou a levantar, passou meu braço no seu ombro para me dar apoio. O jovem ruivo se afastou um pouco, incerto se deveria me seguir ou não.

Está tudo bem, obrigado pela ajuda.

Não agradeça  Ele me entregou o lenço para mim  Pode ficar, espero que fique bem.

Obrigado.

Ele se afastou e eu segui Shindo pela rua. Continuei com o lenço na mão, o tecido macio era bordado em azul e dourado com duas letras iguais. O moreno sustentou meu peso por todo o caminho até minha casa, me ajudou a subir as escadas e cuidou dos meus machucados, me fez companhia.

Por que está fazendo isso?

O que?

Me ajudando assim — Expliquei com um gesto impaciente com as mãos.

Eu não sei. Acho injusto que você esteja sofrendo tudo isso.

Shindo coçou a nuca e sentou ao meu lado na cama, olhando para os pés. Me senti diferente ao seu lado, confortável. Ele era calmo, alegre e enérgico. Fiquei distraído em pensamentos até o momento que ele se aproximou de mim, uma mão apoiada ao meu lado. Achei que meu nariz tinha voltado a sangrar, fiquei parado. Shindo me beijou, apenas encostou seus lábios ao meu. Demorei dois segundos para entender o que aquilo significava, e quando o fiz, o empurrei para longe de mim.

Desculpe!

—Por que você fez isso?

Eu não sei, você parecia triste e eu só...

Não faça isso de novo.

Por que não, Midoriya?  Ele tentou tocar meu rosto mas o afastei com um tapa.

Não, Shindo. Somos amigos, por favor não complique as coisas.

Você beijou o Bakugou

Um beijo na bochecha, e olha o que deu  Apontei para meu rosto machucado  Não quero errar de novo.

Eu gosto de você, Midoriya.

Não, não gosta  Levantei e parei na janela do meu quarto. Shindo suspirou e parou um pouco atrás de mim.

Gosto sim.

Eu quero ficar sozinho, por favor ,Shindo.

Tudo bem, mas eu ainda vou fazer você gostar de mim.

Shindo bagunçou meus cabelos e se afastou, não sem antes beijar meu rosto. Eu fiquei parado na janela esperando para ter certeza que estava sozinho antes de me sentar no chão, abraçar meus joelhos, desejoso que minha confusão saísse de mim junto com as minhas lágrimas.



Depois daquele dia, Shindo se tornou uma presença constante na minha vida, na escola e fora dela. Alguns dias, quando voltava do intervalo, encontrava doces, cupcakes, chocolates. No meu armário apareciam bilhetes, pequenos recadinhos do tipo "Gostei da sua explicação na aula", "Seu cabelo estava mais bonito hoje" ou "Queria te encontrar depois da aula".

CicatrizOnde histórias criam vida. Descubra agora