Rever minha mãe causou uma sensação de melancolia e desamparo. A distância me impedia de a ver, mas como uma brisa suave num dia quente, as lembranças delas vinham sutilmente me atormentar e expurgar diariamente.
Ela estava mais bonita que nos dias da sua juventude, havia perdido peso e seus olhos verdes brilhavam como jóias preciosas. Nosso abraço foi meio tímido, mas com os segundos me permiti relaxar em seus braços e sentir o seu amor, mesmo que um pouco tarde para curar meu interior.
—A senhora está linda mamãe! Esse corte ficou perfeito em você.
—Ora, não diga isso. Gostei do que fez no cabelo, apesar de sentir saudades dos seus cachos.
—Assim é bem mais fácil de cuidar.
—Deixe te olhar melhor — Ela me afastou um pouco, ainda segurando meus ombros com as mãos pequenas — Está tão lindo, meu garoto! Nem acredito o quanto cresceu!
—Mãe, eu ainda sou baixinho.
De fato eu era um pouco maior que a média, mas meus 1, 78 não eram impressionantes.
Minha mãe deu com as mãos e me puxou para dentro, fazendo várias perguntas sobre meu bem estar, meu trabalho e meu dia a dia no centro de Konoha. Ela só parou de falar quando chegamos no segundo andar.
—Me desculpe meu amor, eu não consegui me desfazer das suas coisas.
Mesmo sendo um cômodo totalmente novo, aquele era o meu quarto de infância. A mesma cama e lençóis dos heróis que eu admirava, o mesmo guarda roupas e os mesmos pôsteres. Até meus cadernos de anotações e desenhos estavam seguros sobre a antiga escrivaninha. Toquei sua capa com os dedos, não havia pó neles.
—Se ficar aqui te trazer lembranças ruins, posso arrumar o quarto de hóspedes...
—As lembranças são sempre ruins mamãe, seja de momentos tristes ou de momentos bons que nunca voltarão e deixam saudades. Ficarei bem.
Minha mãe sorriu e me deu privacidade. Seus passos ecoaram nas escadas e então me permiti suspirar, cansado.
➳
Yagi Toshinori era um homem curioso. Ele era alto, mais de dois metros com certeza, mas andava curvado, então parecia frágil. Magro, mas não demais. Seus olhos azuis eram marcados por olheiras fortes e ele parecia sorrir por qualquer motivo.
Eu não sabia se o odiava ou gostava dele.
—Meu jovem, como é a vida em Konoha?
—Tranquila para quem gosta de agitação. É uma cidade cheia de altos e baixos.
—Você se adaptou bem lá?
—Sim, por incrível que pareça. Tive meus altos e baixos, mas já me acostumei.
—Sua mãe me contou que é um jornalista investigativo.
—Trabalho na UA há seis anos.
—Uau —Toshinori parecia realmente impressionado — O diretor Nezu ainda toma licor na xícara de chá?
—Sim... como conhece ele?
—Eu trabalhei lá há alguns anos, coluna de esportes.
—Impressionante, Yagi-san.
—Me chame de Toshinori. Sua mãe me contou que você ganhou um Pulitzer por expor um esquema ilegal na produção de remédios.
Minha mãe ficou olhando para nós com interesse e esperança. Ele fez vários elogios por meu trabalho e me fez sentir constrangimento em alguns momentos. Eu odiava ser bajulado mas seus elogios... pareciam sinceros. Fiquei feliz quando o jantar terminou e percebi que não o odiava.
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Cicatriz
Fanfiction"-Suas cicatrizes queimam, a minha formiga, dói. Mas quando você toca nela -A pele se acalma? -Sim -É o mesmo comigo - Disse antes de puxar seu rosto e voltar a sentir seus lábios frios e a língua febril aplacar meus incômodos" Midoriya Izuku é um j...