Dois

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LYANNA

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LYANNA

Talvez a paciência seja um dom e apenas algumas pessoas a tenham, ou talvez seja uma maldição para as pessoas com urgências. Nesse momento a minha paciência está no limite, enquanto vejo o grão-senhor da corte outonal discutir com o grão-senhor da noturna, mandando ele mandar seu espião parar de esmurrar seu filho Eris, que chegou cerca de dez minutos depois de eu ter me sentado em uma cadeira adicionada na mesa, ao lado de Tarquin. Sim, descobri o nome dele também. 

  Foi por meio da briga que soube a identidade do meu raptor. Azriel. Parece que ele não lidava bem com as ofensas direcionadas a sua amiga loira. Não me senti bem.  

— Já chega, Azriel.— O grão-senhor… Rhysand disse com tanta preguiça, como se já tivesse dito isso muitas outras vezes. Acho que ele não queria parar a briga, eu também não. Não posso deixar de me sentir bem ao ver alguém sendo esmurrado quando merece...ao ver Eris ser esmurrado. Talvez ele tenha sorte e aguente por mais tempo; quando eu recebia, ficava acordada o tempo inteiro. Não, acho que preferiria estar inconsciente. Antes de Azriel parar os socos, seu punho foi de encontro uma última vez com a barriga de Eris. Seu rosto estava impassível, quase como uma barreira
de sombras; ele saiu do canto da parede perto da porta e caminhou em direção ao lado da feérica loira. Seus braços ficaram para trás, postura ereta, expressão vazia; como se não tivesse acontecido absolutamente nada, como se as mãos não estivessem doendo pelos socos desferidos, tinha tanta força nele. Não sei por quanto tempo fiquei encarando o espião, mas sei que foi tempo o suficiente para ver uma de suas sombras, de um escuro profundo, não se mover no seu lado esquerdo. Tão atrativa, como se estivesse me chamando. Alguém limpou a garganta.

— Lyanna!? Responda a pergunta!— Uma voz grave ressoou do meu lado. Tarquin.

— Responder qual pergunta? 

— De onde você é?— Dessa vez foi Helion que perguntou. Como explicaria para essas pessoas exatamente de onde eu vinha? Talvez eufemismos novamente? Não, não deu certo da última vez. Não tenho muita escolha, ou seja, tente ser sincera, Lyanna. Seja sincera. Pelo menos se eu não quiser ter a mente vasculhada pela grã-senhora. Foi muito tarde para lembrar isso, garras afiadas arranharam minha mente, um arrepio se formou nos meus braços. Senti o gosto da bile na minha garganta; eu não poderia falar tudo, sei que essa pergunta inocente é apenas o começo para todas as outras nas quais eu não quero responder. Não quero me lembrar. Mas, novamente, talvez não tivesse outra escolha. As garras se afundaram na minha mente, mas não ultrapassaram meu escudo de pedras vermelhas. As garras não eram da grã-senhora. Com um leve grunhido eu respondi: 

— Nasci na floresta de sob a montanha.

Aquela floresta tão temida e habitada por monstros, me tornou um também. Todos na sala ou não quiseram esconder os semblantes ou foram pegos desprevenidos. Olhei para cada um deles. Ninguém aparentava respirar por um momento, talvez eu tenha ficado louca, mas Beron engoliu em seco. As mãos foram para o colo. Não queria mostrar seu choque. Helion não hesitou em falar, a voz um pouco alterada.

Corte de sombras e verdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora