Oito anos depois da grande guerra contra Hybern, um objeto mágico usado pela Feyre desapareceu da cela do entalhador de ossos. O espelho Uróboro. Sua ausência inesperada apenas mostra que está sendo amparado por mãos erradas, podendo ser usado para...
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Um lago negro, não muito grande, alcançou a visão de Lyanna. Ao seu redor, a floresta de sob a montanha. Sua antiga casa. O lago era escuro como ébano, brilhante como o céu da corte em que estava; o céu acima estava totalmente limpo, sem uma única nuvem e uma única estrela, sua escuridão fazia Lyanna se perguntar se não era um grande vácuo. Mas no lago parecia que todas as estrelas do céu foram extraídas pedaço por pedaço e colocadas somente naquela água. Iluminando a terra em vez do céu. Uma camisola preta de cetim ia até seus joelhos, seus longos cabelos rubros, levemente bagunçados. O vento gelado atravessava as árvores, tornava gélido o tecido que lhe cobria, deixando sua pele fria também. Um gosto metálico surgiu na sua língua, nos seus lábios. Nunca tivera esse sonho antes, pensou Lyanna. E nunca soube ou viu nenhum lugar como esse na floresta, não sabia se era sua mente pregando peças enquanto dormia, ou significava algo, ela já não sabia mais de nada.
Tudo estava silencioso, ensurdecedor.
Um barulho lhe tirou do silêncio completo, Lyanna conseguia escutar algo gotejando muito, muito perto. O cheiro subiu para seu nariz, era forte.
Sangue.
Lyanna olhou para baixo e viu que suas mãos estavam encharcadas de sangue, e o cheiro metálico mexeu com sua sobriedade, sua cabeça começou a doer. Ela não sabia se era um sonho, era tão real a sensação do vento, o cheiro. Ela não sabia se estava presa, ela não sabia se conseguiria escapar. Acontecia tudo tão rápido.
Não sabia...
Não sabia...
Se sua mãe estivesse com ela, como quando era pequena, iria dizer que estava tudo bem, que iria passar. Mas ela não iria confortar Lyanna, pois estava morta, e a sua bruxinha nem sabia por que, mas tinha certeza que fora sua culpa. Memórias do passado se espremeram entre seus medos, seu desespero, o cheiro de sangue só acrescentava mais confusão na sua mente. A dor na cabeça aumentou, pelo cheiro, por não sentir que tinha oxigênio suficiente dentro de si, pelo sonho, e por… Suas mãos tremiam, a terra sob seus pés tremia, o lago tremia.
— Danyetiega, mama. Danyetiega, Danyetiega, Danyetiega Romth…— Lyanna gritava as palavras na sua língua bruxa. Sua garganta ardia de tanto às repetir, mesmo sabendo que ninguém iria escutá-las, ela repetiu e repetiu para si.
Seus ombros estavam formigando, ela sentiu sua pele ser tocada por mãos fantasmas no meio de seu desespero, ela não sabia o que estava acontecendo, será que iria morrer assim? Gritando em um lugar desconhecido? Sozinha? Além do barulho do mundo se desmoronando ao seu redor, ouvir seus próprios gritos eram agonizantes e colocavam mais lenha no fogo que era seu exaspero. Lyanna pôs as mãos nos ouvidos e gritou pela última vez, arranhando sua garganta:
— Danyetiegaaaaaaa!
Tudo ficou escuro, e mãos calejadas a seguraram na cama quando ela se sobressaltou, se debatendo contra o corpo que estava firmando ela no lugar. E como se não tivesse respirado durante anos, o ar deslizou como seda para seus pulmões, seu peito subiu alto, reconhecendo o oxigênio. Ela sentiu algo se acalmar dentro de si, nada mais se remexia dentro de sua mente, sua alma. O medo não corria mais por suas veias. Lyanna lentamente separou os cílios, e na visão embaçada, reconheceu os olhos mais profundos e belos que pertenciam às sombras.