Capítulo 12

28 5 9
                                    

Quando a neve diminuiu, eu e Davi marcamos de nos encontrar, como sempre nos fundos da igreja. Eu estava morrendo de saudades de um contato físico com ele, então quando finalmente o vi, parado lá, segurando a bicicleta com as duas mãos, sai correndo e o beijei em desespero. Ele correspondeu o beijo do mesmo jeito, o que me fez pensar que Davi também sentiu a minha falta.
O beijo já estava me fazendo perder o ar, mas eu não queria parar, talvez pelo fato de que eu queria isso a muito tempo.
Quando nos afastamos, eu desci meus lábios pelo pescoço de Davi. Em um momento, ele soltou um leve gemido, que fez meu corpo todo se arrepiar, e então Davi usou suas mãos para me empurrar.

— Desculpa — eu pedi. — Acho que me empolguei, estava com saudades de você.

As bochechas dele estavam mais vermelhas que o normal, então ele escondeu seu rosto no meu peito.

— Davi?

— Tudo bem, eu só fiquei surpreso.

— Bem, você quer ir para a minha casa? — perguntei, me afastando do abraço. — Meu tio vai ficar fora de novo por bastante tempo.

— Quero — ele sorriu e então subimos em nossas bicicletas.
Passamos o dia matando a saudade, e no dia seguinte, nem se quer tinha mais neve nas ruas e as pessoas estavam voltando para suas rotinas normais e dando adeus as férias.
Hoje compramos sorvete, pois como estava frio e nem estávamos nos vendo, já fazia tempo que nenhum de nós comia um. Então compramos alguns picolés com o dinheiro que eu peguei "emprestado" com o meu tio e fomos para a minha casa.

— Você está sujo de sorvete — eu disse e então Davi imediatamente se limpou. — Ei, eu estive pensando que deveríamos ser mais que uma amizade colorida.

— Como assim?

— Você não gostaria de ser meu namorado? — perguntei, nervoso. — Eu te disse no natal, eu te amo, e você disse que me amava também.

Davi arregalou os olhos e um silêncio um tanto constrangedor caiu na cozinha. Confesso que eu não esperava essa reação, apenas um sim.

— Não podemos — ele finalmente me respondeu. — Dois homens não...

— Por favor, não comece com essa merda de novo — interrompi, irritado. — Estivemos nos beijando, nos amando, e você simplesmente não quer ser meu namorado por causa de Deus?

— Você é um erro, John, você só me faz pecar!

— O que?

— Por causa de você eu não consegui me apaixonar por nenhuma garota, menti para os meus pais, parei de me encontrar com o padre — ele fez uma pausa que era para deixar as lágrimas escorrerem. — E esses dias eu estive sentindo desejos sexuais, porque você beijou meu pescoço  e sexo só é permitido depois do casamento. E eu ainda nem posso casar com outro homem!

— Davi, por favor, eu amo você, me deixe...

— Não diga que me ama!

Essa foi a última coisa que ele disse antes de simplesmente se levantar e ir embora. Tentei ir atrás dele mas já era tarde demais, ele tinha pegado sua bicicleta e saiu pedalando rápido demais. Então entrei de volta para dentro de casa e me tranquei em meu quarto.

— Porra! — peguei meu travesseiro e o joguei contra o espelho, que não se quebrou. — Porra! Estava tudo bem, por que isso agora?

Leve-me à Igreja Onde histórias criam vida. Descubra agora