Capítulo 11

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Meu tio continuou insistindo na ideia de me presentear no natal, ele parecia completamente culpado por ter esquecido meu aniversário mais uma vez. Não sei o porquê, afinal, eu também não faço questão de lembrar do aniversário dele e mesmo quando eu não lembro eu não dou um parabéns, porque eu o detesto. Meu tio também deve me detestar, mas já que ele tem que "amar o próximo como a ti mesmo" e não quer que eu seja como o meu pai ele faz esse tipo de coisa quando quer.
De qualquer forma, eu aceitei o dinheiro que ele me deu, mas não comprei nada para mim, comprei para Davi. E, agora mesmo, estamos atrás da igreja cheio de casacos, já que estava nevando como nunca, o natal estava chegando e aquela seria a última vez que iriamos nos ver antes do natal. Afinal, não dá pra ficar andando de bicicleta e tomando sorvete nessa época do ano. De qualquer forma, eu estou feliz.

— Feliz natal — digo, dando seu presente. Ele abre um grande sorriso e pega o embrulho.

— Também trouxe algo para você — Davi me entrega um presente também. — Feliz natal.

Rasgamos nossos papéis ao mesmo tempo. Eu tinha ganhado um moletom e Davi também.

— Eu comprei um moletom para você usar enquanto estiver nevando e se lembrar de mim — expliquei. — Parece que você teve a mesma ideia.

Ele riu.

— Sim, eu tive.

Eu também comecei a rir e depois nos beijamos. Foi um beijo demorado porque sabíamos que seria o último por um longo tempo. Quando nos afastamos, vamos para dentro da igreja assistir ao culto de natal como se nada tivesse acontecido.

*

Coloco o meu moletom e me observo no espelho. Era muito bonito, Davi tem bom gosto.

— Que moletom é esse? — meu tio pergunta. — Foi isso que você comprou com o dinheiro que te dei?

Assenti com a cabeça.
O que ele esperava? Que eu comprasse uma bíblia?
Pego meu celular e vejo uma foto de Davi com o moletom que eu tinha comprado, seguida de uma mensagem.
Eu adorei o moletom! Sinto sua falta
Também sinto a sua
E eu mandei uma foto minha usando o moletom também.

*

O relógio bateu meia-noite, é natal. Meu tio não estava em casa, ele foi pregar um culto de natal em algum lugar que não era na igreja, o que eu não reclamo. Passar o natal sozinho ou com ele é a mesma coisa.

— Alô? — a voz de Davi soou do outro lado e eu não pude deixar de sorrir. Eu nunca tive um bom natal, sinceramente.

— Feliz natal.

— John, feliz natal!

— Sinto sua falta.

— Eu também sinto.

— Eu te amo.

Tudo ficou em silêncio, mas logo ele respondeu em um sussurro:

— Eu também te amo.

Davi teve que desligar, porque ele tinha que passar o natal não só com seus pais e a sua irmã mas alguns outros parentes. Mas eu não me importei, ter recebido um eu te amo era o suficiente para fazer meu natal o melhor natal de todos os tempos. Era o melhor presente que eu poderia ter ganhando.

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