Capítulo 8

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E então o domingo chegou, trazendo com ele o aniversário de Davi. Eu lembro de ter ficado esperando o relógio bater meia-noite para mandar uma mensagem, foi algo mais ou menos como "Feliz aniversário, Davi. Antes do culto começar, vá para a parte de trás da igreja, estarei te esperando lá", afinal, não nos encontramos no domingo porque ele não precisa fingir que está trabalhando e o meu tio está sempre ocupado demais nos domingo pensando nas porcarias que ele vai falar na igreja. Eu não iria na igreja, mas já que hoje é aniversário de Davi, eu irei, é a única forma de vê-lo hoje e claro entregar o meu presente também.
Sai do carro do meu tio e ele foi entrando já com a bíblia na mão, cumprimentando todos na igreja. Dei uma olhada lá dentro e vi Davi, ele também me viu, e quando me viu, se virou para seus pais, disse alguma coisa e veio na minha direção. Pra ninguém desconfiar, já comecei a andar para a parte de trás da igreja. Em menos de um minuto Davi também estava lá.

— Feliz aniversário! — o abracei, talvez um pouco forte demais. — Eu tenho um presente pra você.

— Presente? John, eu disse que não precisa.

— Precisa sim.

Tirei o colar que eu estava usando no pescoço e que estava escondido em baixo da minha camiseta e coloquei em Davi.

— O que é isso?

— Um colar — respondi e ele começou a olhar, era um colar de madeira feito a mão, aonde tinha uma pequena cruz. — Meu pai nunca foi muito próximo de Deus como eu, mas ele usava esse colar pra lá e pra cá, desde que ele sumiu foi a única coisa que ele deixou para mim.

— Então era do seu pai?

— Sim.

— John, eu não posso ficar com isso, é muito importante.

— Mas essa é a intenção, Davi. Quem usava esse colar era meu pai, ele era importante pra mim e eu quero que você o use porque você é importante pra mim, entendeu?

Davi me encarou, eu poderia dizer que seus olhos estavam brilhando e não seria mentira. Ele olhou para mim e para o colar de novo várias vezes antes de me dizer:

— Obrigado, John, com certeza é o melhor presente de aniversário que eu já ganhei.

Dessa vez, quem me abraçou foi Davi e ficamos abraços durante um tempo até voltamos para dentro da igreja. Como de costume, ele se sentou com a sua família e eu fiquei no último banco da igreja sozinho, sem prestar atenção no que meu tio estava falando. A única vez que eu prestei atenção foi quando Davi foi chamado lá na frente, as pessoas cantaram um parabéns que tinha uma letra diferente, uma letra mais religiosa, e meu tio deu um presente à ele, que não era nada menos do que um marca página que tinha escrito um versículo.

Diante disso Saul disse à Davi: "Vá, e que o senhor esteja com você."
(1 Samuel 17:41)

No dia seguinte, Davi apareceu na igreja com seu colar e pedalando uma bicicleta novinha em folha.

— Bom dia — eu disse, enquanto ele saia de cima da bicicleta. — Então você realmente ganhou uma bicicleta de aniversário dos seus pais?

— Sim, eu ganhei! O que você acha?

— É mais bonita que a minha bicicleta que está caindo aos pedaços.

Davi riu.

— Vamos tomar sorvete? Dessa vez eu trouxe dinheiro.

— Vamos.

Davi subiu na sua bicicleta e eu subi na minha. Então pedalamos até a sorveteria um do lado do outro, desviando de carros, motos e até mesmo pessoas no meio da rua. A melhor coisa era ver o colar que eu tinha dado à ele balançando no seu pescoço por causa do vento que batia enquanto ele pedalava rápido. E foi nesse momento que eu acabei me dando conta de que eu me apaixonei por Davi.

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