Call 666 • Billie Eilish

24

A claridade que atravessava as frestas das cortinas longas e brancas por conta do vento me despertou.

Tentei algumas vezes pegar no sono pois sentia que um caminhão havia passado por cima de mim, entretanto, a sede descomunal e até desesperadora que sentia me privou.

Cedo e abro os olhos encarando o teto por longos segundos até ter coragem de mexer meu corpo para fora da cama, viro meu rosto para a esquerda e encaro Charlotte dormindo tranquilamente, desnuda de brusos.

Lembrava das coisas feitas durante a noite, não exatamente dos detalhes ou de tudo falado, mas lembrava muito de cheiros, gostos e toques. Pois todos eles foram muito intensos e me geravam arrepios só de lembrar.

Tinham algumas lembranças que não sabia se podia confiar, no fim das contas eu estava drogada. Podiam ser delírios do meu subconsciente ou uma memória distorcida pela confusão.

Movo minha cabeça em sentindo negativo tentando espantar os devaneios e gemi baixo com a dor de cabeça que não tinha percebido até o momento. Puxo o lençol cobrindo Lotte até as suas costas e saio da cama.

Abro o closet e pego uma calcinha limpa após visto as roupas que estava na noite anterior uma calça de moletom e uma grande blusa de mangas curtas. Paro no banheiro por um tempo, mais do que o necessário, o meu corpo inteiro doía.

Desço as escadas e vejo Claudia e Finneas. A sala estava arrumada não dando mais sinais que os dois haviam passado a noite inteira ali. Estavam com outras roupas, o que me levava a acreditar que estavam acordados há um tempo.

— Bom dia. — Murmuro adentrando à cozinha.

— Bom dia Bills, como está se sentindo?
— Claudia passa por mim, selando rapidamente minha bochecha, antes de pôr um copo de suco em frente de Finneas que estava sentado na mesa olhando fixamente para o nada.

— Como se um caminhão tivesse passado por cima de mim e dado ré a noite toda. — Resmungo abrindo a geladeira.

Pego uma jarra de vidro com muita água, não me preocupo em pegar copo, bebo ali mesmo em longos, rápidos e seguidos goles. Só paro quando não tinha mais líquido na mesma.

— Céus Billie, andou quarenta dias no deserto? — A morena ri e reviro os olhos esboçando um sorriso. — Quer que eu faça um suco 'pra você também?
— Oferece.

— Quero, por favor. — Aceito.

— Certo, deixa a jarra aqui já abasteço e coloco de volta na geladeira. — Diz e a obedeço. — Charlotte? — Pergunta curiosa pegando algumas frutas.

— Dormindo, ela deve estar cansada. — Dou de ombros me apoiando na bancada.

— Finneas está um caco. — Ri e a acompanho.

Enquanto ela fazia o suco conversávamos mas seguidas vezes parávamos para encarar Finn, ele estava realmente acabado, era engraçado.

Quando sentamos em volta da mesa o mesmo levantou e silenciosamente deixou seu copo na pia antes de se jogar no sofá e cair no sono em segundos. Alguém estava pior que eu.

— Vou fazer uma trilha, plana, aqui perto. Eu e a Peaches. Quer vir comigo? Acho que perdi o meu parceiro. — Convida.

— Pode ser. — Sorrio. — Vou subir 'pra colocar um tênis e deixar um recado 'pra Lotte. — Aviso e saio da cozinha assim que a vejo concordar.

[···]

— Claudia? — A chamo.

Estávamos na trilha há mais ou menos uns vinte minutos, estava quente mas o vento fresco pela praia ser perto deixava uma sensação confortável, conversávamos sobre coisas aleatórias entre momentos confortáveis de silêncio.

— Hm? — Me encara e pauso a música que soava aos meus ouvidos nos fones.

— Você acha que o que ingerimos ontem causou alguma alucinação em alguém? — Indago.

— Bem, a maior parte das drogas podem causar algo assim. Mas, honestamente, acho que a quantidade que ingerimos só nos deixou em pura êxtase. — Explica e concordo com a cabeça olhando para a frente. — Por que a pergunta? — Questiona preocupada, sentia pelo seu tom de voz.

Apesar dela ser namorada do meu irmão, e não nos falarmos muito sabia que se preocupava comigo e que podia conversar com ela tranquilamente.

— Lembro de algumas coisas que Charlotte me disse ontem, mas não sei se posso confiar. Não quero perguntar 'pra ela e não ser verdade. — Revelo.

— Foram coisas sérias? — Franze as sobrancelhas me encarando.

— Não... Sim, eu não sei. — Respondo confusa. — Nem sei se foram coisas do meu subconsciente. — Suspiro desanimada.

— O que foi que ela "falou"? — Faz aspas com a mão livre já que a outra estava ocupada com a coleira de Peaches.

— Disse que me amava, que queria ficar comigo. — Conto.

— Vocês se gostam? — Sorri.

— Ah, pela parte dela não tenho como saber. Se isso não for uma alucinação, nós estávamos drogadas transando, sabe como é, o tesão sobe e as vezes falamos coisas que não fazem muito sentindo. — Devaneio. — E eu, eu gosto dela, mas não tenho certeza se esse sentimento é só dela. No final do ano passado, fiz dezoito e... Ai, eu fiz a merda de sair com uma garota de programa. Drew, uma amiga, estava junto à mim... É só que depois daquela vez passei longas semana indo me encontrar sozinha com essa menina. No fim, parecia que não era pelo sexo, apesar que nunca consegui saber nada mais pessoal dela, ela nunca deixa escapar nada. — Suspiro frustrada. — Eu não sei Claudia. — Reviro os olhos.

— Você saber se a Charlotte tem sentimentos por você não obriga a serem um casal. — Fala.

— Eu sei mas se ela tiver, as coisas vão mudar. E não quero que mude, Lotte é incrível. — Assumo.

— Ainda se encontra com essa menina?
— Indaga.

— Não. Quer dizer, fazem muitas semanas já, a última vez ela me chamou depois de dias que havia dito que não queria mais nada. Ela não me obrigou entende, ela me chamou e não consegui resistir. — Explico.

— Se ela faz programa deve ter um corpo muito bonito, deve saber o que fazer e onde fazer. Já pensou que pode ser só uma forte atração sexual? Por mais que tenha dito que não era só sexo, eu acho que é só isso Billie, só bons e experientes orgasmos. — Fala e suspiro.

— Por que mulheres deixam a gente tão confusa? — Indago extremamente frustrada.

{···}
Notas da autora:

Hey,

Ainda é quinta-feira então liberei.

Espero que gostem e que não tenha ficado tão ruim.

Cuidem-se.