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— Ficou nervosa 'pra conhecer os meus pais? — Billie me pergunta após um tempo que havia deitado de bruços ao meu lado.

Estava me distraindo vendo vídeos idiotas em um aplicativo no celular enquanto Eilish estava no banho.

Seus pais tinham ido embora a mais ou menos uma hora. Não estava totalmente despreocupada com a minha situação com Maggie, mas não sentia que iria me incomodar com isso tão cedo. Nós duas tínhamos segredos e coisas a perder, obviamente não queríamos correr esse risco já que qualquer uma que abrisse a boca acabaria prejudicando a outra.

— Não sei, talvez. Por quê? — Indago curiosa tirando meus olhos da tela do celular a encarando, observo suas bochechas levemente mais coradas por conta do vapor da água quente.

— É que você agiu um pouco estranho em alguns momentos. — Revela e continuo a encarando em silêncio. — Mas deve ser coisa da minha cabeça pelo jeito. — Sussurra e desvia o olhar do meu.

— Não foi coisa da sua cabeça. — Admito e seu olhar cai novamente sobre mim. — Fiquei apreensiva, era a primeira vez queria gerar uma boa impressão sem que eles pensassem que somos namoradas ou qualquer coisa assim. — Explico.

— Te incomoda eles pensarem que somos namoradas? — Rebate e ergo minhas sobrancelhas surpresa.

— Não, claro que não. Eu só não quero que pensem coisas que não são verdades. — Justifico rapidamente.

— O que você pensa sobre o nosso beijo mais cedo? — Questiona baixo.

— Eu... Eu não sei Bills, eu só... Só não sei. Não sei se estou com efeito de ontem, não consigo pensar com clareza sobre isso. — Respondo confusa.

— Lotte, eu acho que gosto de você. Talvez não devia ter falado agora, mas fiquei pensando e se realmente gostar e outra pessoa se declarar primeiro do que eu. — Revela.

Meu coração dispara, era novidade. Achei não, tinha erteza que ela era apaixonada pela Cherry e não por mim.  Entretanto ela disse gostar e nem mesmo tem certeza disso.

— Desculpa Billie, eu, realmente não sei o que dizer. — Falo baixo.

— Não precisa dizer nada, sei que não gosta de mim. Que não quis me chatear naquele dia em que te beijei a primeira vez e que o que aconteceu ontem foi por estarmos alteradas. Espero que não mude a nossa amizade, aprecio a sua companhia e não quero perdê-la. — Conclui. — Antes de findar esse assunto queria te perguntar uma coisa. Uma coisa que está na minha cabeça o dia todo, só não quero que fique brava comigo. — Questiona apreensiva.

Meu coração volta a disparar intensamente, será que a mãe dela deu a entender em algum momento algo sobre mim, pode ter sido apenas uma frase de efeito dita na despedida das duas. Se bem que Billie disse algo referente ao dia todo.

— Não vou ficar brava com você, prometo, pode perguntar. — Asseguro.

— Certo. Ontem à noite, quando eu estava... Estava, quando estávamos... Nós estávamos... — Gagueja nervosa.

— Quando estávamos transando. — Completo impaciente a incentivando e a vejo concordar com a cabeça.

— Você falou umas coisas, disse que gostava de mim, que me queria perto tentei desconversar mas você insistiu com muita, muita certeza. Pode ser que eu tenha alucinado, mas agora você pode explicar. — Revela tensa.

— Bills, olha, eu realmente gosto de você. Muito, com muita sinceridade. Mas eu acho que tem pessoas melhores 'pra você por aí, esperando o momento certo 'pra te encontrar. — Admito e desvio o assunto.

— Mas e se eu não quiser esperar 'pra encontrar ninguém? — Questiona e franzo as sobrancelhas. — E se eu não quiser esperar? E se eu quiser você? Ainda assim não vai querer nada comigo? — Pergunta e fico calada. — Não quero te pressionar, não quero te forçar em momento algum. Só quero explicar que somos livres, que não temos nada com ninguém. E se a gente se gosta, por que não tentar? Por que não dar uma chance 'pra algo que pode ser incrível enquanto durar, enquanto nos conectarmos. — Sugere.

— Não quero magoar você e te perder por isso. — Sussurro olhando para baixo.

— Eu também não quero te magoar e muito menos te perder. Porém não sabemos quem vai magoar quem, como vamos nos perder e muito menos se vamos magoar uma a outra a ponto de nos perdemos. Não sabemos nada, são cinquenta por cento de chances 'pra absolutamente todas as possibilidades, boas ou ruins. Só vamos saber tentando. — Contesta. — Você pode e deve pensar sobre isso, o quanto quiser, quando quiser conversar estarei aqui. — Finaliza e se aproxima selando minha testa. — Vou pegar um copo d'água, continuo morrendo de sede. — Revira os olhos levantando e sorrio levemente.

Logo a porta aberta é fechada e ouço passos sutins na escada. Suspiro e solto o peso do meu corpo sobre a cama, fecho os olhos.

Gostava de Billie, amava ela porque Cherry e eu somos uma única pessoa, partilhamos o mesmo sentimento porque é nada além do que eu em um papel de uma realidade diferente.

Estava trabalhando na lanchonete, conseguia bancar a mensalidade da faculdade e até juntar um pouco de dinheiro, dependendo da quatidade de gorjetas que ganhava dos clientes durante o mês. Não precisava mais do Call 666, fazia mais de uma semana que não ia lá, estava recusando convites e não respondia mais mensagens. Pensava em inclusive excluir meu perfil lá.

Talvez eu devesse aproveitar, ter uma felicidade na vida enquanto durar. Quando me formasse poderia ir para outra cidade, deixar um amor partido para trás e começar direito. Talvez devesse amar Billie enquanto tinha chance, até aonde ela quissesse me amar.

O barulho da porta se fechando me tira dos devaneios. Apoio o peso superior do meu corpo em meus antebraços e encaro Billie. A mesma retribui franzindo as sobrancelhas suavemente.

Sorrio e lavanto da cama correndo em sua direção passando meus braços por seus ombros sentindo suas mãos em minha cintura de imediato.

— Tudo bem. — Concordo.

— Tudo bem, o quê? Nós duas? — Indaga surpresa.

— Sim, tudo bem nós duas juntas. Eu quero. — Sorrio sendo acompanhada.

— Eu também quero. Quero você. — Sussurra a última frase levando a mão direita ao meu rosto juntando nossas bocas.

{···}
Notas da autora:

Hey,

Perdão a demora.

Espero que me perdoem e gostem também.

Cuidem-se.

Call 666 • Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora