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Depois daquela noite, onde entramos o Ano Novo juntas, acredito que sem querer. Afinal, nem me lembrava que era final de ano, bom, acho que Billie também. Quem gostaria de entrar um novo ano com uma garota de programa? Pois é, ninguém.

O que importa é que depois disso via Eilish todos os dias. Ficávamos juntas o resto da noite após nos divertirmos.

Não gostava de a ter lá, ela não era uma garota para estar naquele quarto onde tantas outras pessoas haviam passado. Era para ser única, uma coisa só dela já que eu não poderia ser.

Foi aí que fiz minha maior burrada, levei ela para onde morava. Deixei que fosse lá todos os dias usávamos a minha cama, cozinhávamos e víamos filmes.

Comecei a reparar nela; nos olhos claros, sorriso bonito, risada contagiante. Reparei também no jeito que me tocava, que me beijava, que me fazia sentir só dela. Essa escolha foi tão estúpida e simplesmente não conseguia a mandar embora, era covardia, tão jovem e bonita ficando comigo.

Me sentia bem por tê-la, por algumas horas, porém também me sentia mal por isso.

Bills

Estou aqui
Se quiser vim, a porta do trailer vai estar aberta
Vou estar no banho provavelmente

B

ills
Tudo bem.

Removo a maquiagem sem retirar as lentes e escovo os dentes. Antes de entrar no chuveiro passo uma espécie de oléo, ele mantia todas as "tatuagens" no lugar apesar da água e sabão do banho, reforço também o spray em meus cabelos para mantê-los escuros mesmo após lavados.

Eram cuidados que era obrigada a ter para que Billie não soubesse, me sentia culpada e só a trazia aqui porque ela merecia algo melhor do que aquele quarto ridículo de motel.

Prendo meus cabelos condicionados e molhados em um coque manual antes de pegar uma das giletes fazendo o que fazia absolutamente todos os dias.

— Vai se machucar todo dia fazendo isso. — Ouço a voz de Billie.

Ergo o rosto a encarando antes de guardar a gilete e abrir o abrir o registro novamente, sentindo a água morna escorrer pelo meu corpo, para então responder:

— Não tenho muitas opções quanto a isso. — Dou de ombros desmanchando o coque no topo da minha cabeça, a olhando escorada na porta do banheiro.

— Você já dá 'pra eles, o que mais querem de você? — Pergunta se aproximando do box transparente.

— Querem que esteja do jeito que gostam de me comer. — Rebato imediatamente.

— Você não é um objeto. — Diz extremamente brava.

— Babe, não estraga, é tão legal quando vêm aqui. — Peço mudando de assunto fazendo um coração no vidro transparente e embaçado do box.

— Gosta de pizza? — Pergunta aproximando o rosto do coração.

— Gosto. — Afirmo e a mesma concorda selando em um beijo o vidro, faço o mesmo juntando, separadas pelo box, nossas bocas.

[...]

— Que linda. — Elogia e sorrio dando uma voltinha. — Você é mais bonita assim do que com maquiagem e vestidos. — Revela.

— Bom saber, assim não gasto minhas maquiagens com você. — Retruco me jogando ao seu lado no sofá.

— Disse que é mais bonita ainda assim; sem maquiagem, de cabelos molhados e roupas confortáveis. — Repete.

— Qual sabor pediu? — Pergunto me referindo a pizza.

— Tradicional. — Ri e sela minha bochecha. — Por que cada vez que venho aqui parece ter menos coisas e mais caixas? — Indaga confusa.

— Vou me mudar. Dividir um apartamento com uma amiga e, bem, não vamos poder nos ver lá. Fazemos muito barulho e isso vai atrapalhar ela. Ela não sabe que faço essas coisas. — Conto.

— O que? Transar com a sua garota? — Fala fingindo uma confusão.

— Para Billie, é sério. — Digo firme.

— 'Tá mas, agora dividindo apartamento não tem como arrumar outro trabalho? — Pergunta e nego deitando minha cabeça em seu ombro.

— Porra você é a minha gatinha, fico tão puta quando te machucam. — Fala passando os braços ao redor da minha cintura. — Fica comigo, só comigo hm? — Pede e a encaro imediatamente, batem na porta.

Sendo sincera, Charlotte queria gritar e dizer que ela tinha dezoito anos e uma vida longa e incrível, que tinha que fazer faculdade e amigos para se divertir com eles. Não ficar trancada com alguém onde todos os homens da cidade passam a mão.

Billie para de ser ridícula, vai embora, só vai embora e para com essa história.

— A pizza chegou. — Mudo de assunto e levanto caminhando em direção à porta.

Call 666 • Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora