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Deitada, de bruços, focada em meu notebook olhando, imaginando e namorando fotos do campus da faculdade dos meus sonhos.

Tudo o que estava fazendo nesses últimos meses era para garantir minha vaga lá dentro, mal conseguia acreditar que estava tão perto de tê-la de fato.

Um e-mail no canto inferior direito da tela me chama a atenção, não é como se tivesse a opção de ignorar, meu trabalho não permitia. Abro o mesmo rapidamente, que me levou para o meu perfil no Call 666, na minha agenda no site, revelando:

" Olá Devil,
Hoje a noite será agitada. Sua companhia fui solicitada para um encontro em Devil's as 21h. Não se atrase."

Abaixo haviam ilustrações monstrando que cor de roupas a pessoa que me solicitou estaria usando.

Sorrio, amava aquele lugar, era bonito além de aconchegante sem falar nas bebidas.

Me deixei ficar intrigada e até um pouco ansiosa. Geralmente pessoas que costumavam usar o Call 666 tinham nicknames, e por tanto, seus nomes apareciam para mim.

Assim sabia quais eram meus clientes. Alguns alternavam comigo e outras moças ou rapazes, já outros eram meus clientes fixos.

Aquele lembrete não havia nomes, era uma pessoa nova ainda não tinha cadastro, mas ligou para o famoso número e recebeu sua senha para acessar o site.

Era uma rede social de encontros porém a intuição não era arrajar um namorado(a) e sim uma boa noite de sexo.

Não me considero famosa nela mas não posso negar que tenho grande demanda.

Não é algo que me orgulhe. Nem sempre estou feliz de deitar com pessoas desconhecidas, tive minha chance de dizer não, mas não disse, então tento aproveitar os beijos, apertos e transas que "ganho".

A garota que saia pela porta a noite e voltava muitas vezes pelo amanhecer não era eu. Era como se fosse uma personagem, a criei e a bancava com toda a vontade que tinha, ela era o meu único fino fio de esperança de me tornar alguém de verdade, alguém verdadeiro o suficiente para destruí-la e esquecê-la no passado como lembranças ruins que devem ser deletadas.

Fecho o notebook levantando e o pondo no seu devido lugar.

Precisava começar a me arrumar ou perderia a hora. Devo lembrar que quem sai pela porta tem e deve sempre ter uma aparência diferente da minha.

Pego um auto-bronzeador, era algo rápido e funcionava em apenas uma hora. Minha pele não era tão branca tanto que só o usava para subir o tom da minha pele em mais um, a deixando mais dourada e um pouco mais amorenada.

Enquanto esperava pego um espelho e uma pinça tirando qualquer pêlo que era considerado fora do lugar. Esmalto minhas unhas em um branco e assim que secas tomo um longo e quente banho.

Me enxugo e espalho pelo corpo um hidratante, tinha um cheiro suave de cereja assim como o perfume que borrifei em meu pescoço instantes depois.

Seco meus cabelos castanhos e os deixo lisos escondendo suas ondas naturais que usava quando ainda era eu, pego a tinta em spray e aplico por todo o mesmo, o deixando em uma coloração escura, em um preto meio azulado em contraste com a luz.

Colocos lentes de contato, era um tom acima do meu natural, tinha alguns reflexos em verde escuro e a pupila era um pouco dilata para que demonstrasse que estava alterada. Gastei tanto dinheiro nelas para que parecessem reais.

Faço a maquiagem de sempre; pele perfeita e bem iluminada, delineado bem presente, cílios grandes, blush suave, boca levemente rosada mas com bastante gloss.

Call 666 • Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora