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 — Não achei que fosse matar aula 'pra vir me ver. — Sussurra ao meu ouvido ofegante por conta dos nossos beijos. 

— Nem eu achei. — Rebato em um mesmo tom escorregando meus dedos por debaixo de sua blusa parando sobre sua cintura a puxando contra mim.

Os olhos de Drew encontram os meus por alguns segundos e então desço meu olhar para a sua boca a poucos centímetros de distância da minha. Seu lábio inferior estava preso entre seus dentes, retiro uma de minhas mãos de sua cintura e a levo ao seu rosto, livrando o mesmo do aperto deixando uma leve caricia no local. Os dedos da acastanha estavam entrelaçados nos cabelos em minha nuca e por isso usou como vantagem para puxar minha boca contra a sua.

Não permito o ato apenas me aproximado o suficiente para roçar nossos lábios, o repito algumas vezes sentindo a mão direita de Drew sobre a lateral do meu pescoço apertar suavemente o mesmo. 

Junto nossas bocas friccionando minha língua na nela de forma intensa que foi prontamente retribuída. Seus dedos deixaram do meu pescoço e invadiram a calça de moletom que usará tocando e apertando cada lugar que alcançavam, mordi seu pescoço recebendo um gemido como resposta.

[...]

Analiso meu rosto no espelho na esperança de não estar muito claro que havia acabado de transar entretanto minha boca mais avermelhada que o normal, assim como as minhas bochechas denunciavam, arrumo o capuz da blusa também de moletom tentando esconder a região avermelhada em meu pescoço. 

Passo minha língua sobre meus lábios rapidamente, tentando pensar em uma boa forma de mentir sobre meu sumiço e minha falta nas duas aulas do meio que tive durante a tarde, o gosto agora bem mais suave de Drew ainda estava no meu paladar, se fosse uma bala estaria quase no final.

— O que isso quis dizer? — A acastanha se apoia no batente da porta do banheiro vestindo uma de suas camisetas enquanto arrumava o cabelo bagunçado em atos contidos.

— Isso o que? — Franzo as sobrancelhas parando de a olhar pelo o espelho, encarando seus olhos.

— Veio me ver e transou comigo. O que quer dizer? — Indaga impaciente.

— Não quer dizer nada. — Dou de ombros.

— Quer dizer que matou aulas 'pra vir me comer e não significou nada?! — Cruza os braços sobre o peito.

— Exatamente. — Confirmo passando por ela começando a procurar o meu celular pelo quarto.

— Você não pode fazer isso comigo Billie. — Usa um tom como se tivesse a arrastado a força e a trancado em um quarto comigo.

— Me chamou aqui no meio das aulas, me beijou, me levou 'pra cama e em nenhum momento se mostrou desconfortável em fazer ou receber alguma coisa. Eu não fiz nada, nós fizemos, e se acha que está errado tem claramente parcela de culpa nisso. — Paro tudo que estava fazendo para que pudesse a encara enquanto dizia cada palavra.

— Sabe que gosto de você não é? — Questiona baixo.

— Sinto muito por não retribuir da mesma forma, se quiser algo de mim vai ser sexo e na real, eu 'tô precisando muito transar ultimamente. — Confesso pegando o celular jogado no chão saindo do quarto.

Respiro fundo o ar gelado. Talvez não tivesse tomado a decisão mais correta de todas, na verdade nos últimos tempos estava sempre escolhendo as coisas mais improváveis. 

Charlotte e eu estávamos bem, tudo estava normal, mesmo após o beijo. Nada mudou, apenas não conversávamos sobre isso. Não via Cherry a algumas semanas, na verdade não sabia o que fazer com tudo isso.

Nem mesmo sabia com certeza como estava me sentindo em alguns momentos queria só largar tudo, mudar de cidade e começar de novo com pessoas que nunca me viram antes mas cresci aqui e seria algo difícil e bem fora de cogitação.

É isso mesmo, queria fugir, essas três garotas estão me deixando maluca ao ponto de querer cheirar uma carreira de pó e brisar por duas horas seguidas, e eu nunca fiz isso antes.

Ainda assistiria a última aula e pediria os conteúdos que perdi antes de me trancar no dormitório e fazer o que foi pedido antes de tomar um longo banho e dormir o resto de tempo que me sobrar até o dia seguinte.

No caminho para o prédio aonde estariam ocorrendo as aulas, tem uma igreja, estava sempre vazia. Francamente, que pessoas da minha idade são devotas a algo que nos proíbe de fazer diversas coisas? Estamos na universidade, vivendo em uma fraternidade aqui só tem sexo, drogas, bebidas e uns ménage muito louco.

Dessa vez aparentemente não estava, como era um fato inédito, volto alguns passos parando na porta do local encarando quem quer que seja, não demorei a reconhecer Charlotte. Foi por isso que não a vi pelos corredores mais cedo.

Dou passos suaves adentrando o local sem que a mesma me percebesse. Estava ajoelhada rente a um banco seus braços estavam apoiados no mesmo e seus dedos remexiam em um crucifixo, estava chorando e murmurando coisas como: "Não sei o que fazer, preciso de ajuda" e "Eu gosto dela, me perdoa."

Me aproximo com calma e me sento ao seu lado. A mesma me encara surpresa e soluça limpando suas lágrimas.

— Se redimindo por beijar uma garota? — Indago sorrindo e a vejo rir baixo se sentando corretamente em um suspiro.

— Tem certeza que não acredita em nada? — Fala baixo fungando. — Sabe, as vezes a gente está confuso e precisa de alguém 'pra conversar. — Continua.

— Não. 'Pra mim você 'tava falando sozinha e isso faço embaixo das cobertas numa boa. — Dou de ombros encarando o seu crucifixo.

Tomo a liberdade de o tocar.

— Onde se consegue um desses? — Pergunto.

— Por que? Quer rezar? — Empurra levemente o meu ombro.

— Não, é só que uma amiga minha tem um igual. Deve ser fácil de achar. — Devaneio e Charlotte fecha os olhos brevemente.

— Ela deve ir na igreja que meus pais iam, o padre me deu um, deve ter presenteado ela também ou algo assim. — Sugere e concordo.

— Vai assistir a última aula? — Indago curiosa.

— Vou, a quarta foi vaga. — Revira os olhos enfiando o colar no bolso do jeans.

— Te vejo no dormitório. — Me despeço assim que estávamos no lado de fora já que iríamos para lados opostos.

— Te vejo lá. — Sorri e se aproxima selando minha bochecha rapidamente.








Call 666 • Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora