Call 666 • Billie Eilish

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Tinha deixado o trabalho mais tarde do que normalmente ocorria, apesar de já sair um pouco tarde em dias normais, era o dia do pagamento e acabei escolhendo um lanche para ser meu jantar. 

O calor havia de fato nos deixado de vez e o ar gelado e não mais fresco da noite me fez apreciar ainda mais a caminhada até a universidade, não era tão distante então não me preocupava mais do que o necessário sobre esse caminho.

O céu estava limpo deixando a vista todas as suas estrelas mesmo que isso parecesse impossível, a lua grande me fez sorrir. Passo meu cartão de identificação e ganho acesso ao campus, em passos calmos chego ao meu quarto, destranco o quarto e fico surpresa de não ver Billie lá.

Claro, levando em consideração que era um dia comum no meio da semana e tarde da noite porém ela poderia ter ido dormir na casa de seu irmão, o que não era comum mas nada para se preocupar. E não iria me preocupar mas o fato de não ser avisada caso essa tivesse sido a sua decisão era estranho, assim como também não ter a visto pelos corredores nas últimas aulas da tarde. 

Suspiro e fecho a porta a trancando em seguida, tiro algumas coisas da minha bolsa as deixando sobre a mesa de cabeceira assim como o meu jantar. Retiro meu par de tênis e os guardo junto com a bolsa no closet antes de pegar um pijamas mais quente, tomo uma ducha não muito demorada e faço um lembrete mental de levar roupas para a lavanderia antes de ir correr no dia seguinte.

Como sem pressa dividindo minha atenção com o celular, nenhuma mensagem ou ligação de Eilish, nada. Nenhum sinal. Suspiro cansada e bloqueio o celular o devolvendo a mesa de cabeceira voltando a comer olhando para o nada, tinha que revisar e finalizar um trabalho, poderia fazer isso durante o horário de almoço que era um pouco grande demais para só comer mas sabia que não pegaria no sono sem saber aonde Billie estava.

Refiz boa parte do trabalho, o que levou um tempo bem considerável, mas entre páginas e mais páginas de pesquisa acabei me perdendo e escrevendo coisas muito melhores, estava realmente contente com o que estava revisando. O salvei em uma pasta organizada como normalmente e desliguei o notebook assim que o fechei meu celular tocou, não pensei e o atendi de imediato.

— Billie? Aonde você está? Está tudo bem? Você sumiu o dia todo, estava preocupada. — Falo de modo afobado com uma certeza absoluta que ouviria sua voz mas não foi isso que ouvi.

— Estava preocupada, e realmente, deveria estar. — Maggie me fez perder o ar e o puxei com certa necessidade.

— O quê? — Murmuro.

— Billie sabe Charlotte, sabe que a enganou com essa sua vida dupla imunda. — Revela e tento engolir o nó em minha garganta o que não resolve em nada. — Não sei aonde ela está e nem se está bem, deveria ligar 'pra ela, como a boa e atenciosa namorada que é... Tenha uma boa noite. — Se despede de modo sereno e encerra a ligação.

Tinha tantas coisas que seria capaz de xingar aquela maluca, já que Billie sabia agora não precisaria mais ter que medir minhas palavras. Poderia a chamar de louca que age como se não tivesse culpa no cartório e fosse uma santa, poderia a questionar o que a faria ter certeza que não contaria de seu "emprego"; Ou então indagar o porquê de pôr sua filha em risco, o porquê de a magoar para me atingir.

Poderia, poderia ter feito isso desse jeito ou de outros mas congelei e o celular entre meus dedos apenas escorregou devagar até cair sobre a cama. Minhas mãos tremiam e de repente tudo parecia um pouco distante, abafado. Não sabia o que fazer, meus pensamentos se embaralhavam e a única coisa que ecoava na minha cabeça era que amava Billie e todo esse tempo não eram as coisas que fazia que me deixavam feliz, era ela, ela que me motivava a continuar e a ser uma pessoa melhor todos os dias. Foi a única pessoa que esteve comigo em meus piores e melhores momentos, fez por mim ou Cherry, mesmo sem saber, coisas que ninguém nunca tinha feito em toda a minha vida.

Não tinham coisas, nem dinheiro, nem sexo e nem nada nesse mundo que se compararia ao que Billie Eilish significava para mim. Como em um sopro de consciência pego o celular e digito o seu número.

— Billie?! Billie aonde você está? — Digo desesperada assim que nossa ligação é concebida.

— Por aí? — Diz calma e acaba soando como uma pergunta.

— Billie seja lá o que você esteja pensando em fazer, apenas, não faça. Eu sei, sei que errei, mas só não queria te magoar, nunca passou pela minha cabeça te deixar mal. — Falo sendo interrompida pelos meus soluços. — Precisava de dinheiro, estava na rua passando frio e fome Bills, ser a Cherry era tão simples até que você chegou e mudou tudo, me mudou Eilish. Juro, juro pela minha vaga da faculdade, que é o meu maior sonho e o mais impossível de uma garota de programa conseguir e eu consegui, prometo que larguei toda essa merda, larguei por você, pela gente. — Digo confusa, não sabia como a fazer acreditar que era o amor da minha vida.

O seu silêncio, que me fazia apenas ouvir o barulho das batidas do meu coração, me matava mais do que a ouvir gritar comigo ou qualquer coisa assim.

— Bills.?.. — Murmuro, baixo, com a voz falhada.

Não ouve resposta e então a ligação foi encerrada. 

Tudo estava... acabado.

{···}
Notas da autora:

Hey,
Atrasada porém é feriado prolongado então acredito que não tenham aulas pela manhã.

Desculpem o atraso by the way, estava maratonando A Maldição da Mansão Bly de novo. Ai eu amo um casal... ):

Espero que tenham gostado da depressão. Amo vocês ❤

Até daqui a algumas boas horas (:

Cuidem-se.