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Billie batia o lápis que segurava entre os dedos contra a minha coxa no ritmo das músicas que soavam aos seus ouvidos, pela ajuda do fones de ouvido, e por isso o leve impacto era calmo e as vezes algo frenético que me fazia questionar se ela realmente conseguia prestar atenção nos livros e nas anotações que fazia.

Estávamos na biblioteca da faculdade, por mais que fizéssemos cursos distintos coincidentemente teríamos prova no mesmo dia. Fomos as primeiras a jantar para que tivéssemos mais tempo na biblioteca. O dormitório levava quase uma hora para ficar calmo logo que os estudantes começavam a chegar do refeitório e isso era um problema. 

A biblioteca era silenciosa, mas estudando com Billie cheguei a conclusão que ela estuda em qualquer lugar só pelo volume da música em seus ouvidos. 

Continuo concentrada nos resumos a minha frente fazendo um novo onde juntava as informações de todos os outros. Estava nervosa era a minha primeira prova, estava com medo e aterrorizada. Me concentrava em ler palavra por palavra, para que não tivesse chance de esquecer nada, mas toda vez que Eilish girava o lápis entre os dedos como se estivesse tocando bateria me tirava a concentração.

Não queria reclamar, ela passou a semana inteira falando em como seria legal estudar comigo. 

A observo discretamente; O lápis e o seu pé que batia contra o chão tinham sincronia, talvez ela realmente tocasse bateria, isso explicaria o fato de ser boa com os dedos? Eu não sei e isso só me leva a pensar na nossa última transa. Tinham se passado alguns dias entretanto não conseguia tirar aquela noite da minha cabeça.

Não é como se ela não sorrisse, ela sorri sempre, a considero uma pessoa bem sorridente até mas naquela noite foi diferente. Não tem como tirar da minha memória o sorriso lindo que a mesma tinha entre os lábios. Deixo um esboço de um sorriso crescer ao canto da minha boca ainda a olhando. 

Seus olhos claros saem do livro a sua frente e a mesma me encara, retribuo o seu olhar recebo um sorriso e sinto seus dedos se fechando sobre o meu joelho. Ela tinha uma feição angelical e isso me deixava enlouquecida em saber como conseguia transformar isso todas as vezes em que passávamos a noite juntas.

Desvio meu olhar do seu, constrangida, e encaro aquele monte de letras que naquele momento nem faziam mais sentido. A única coisa que fazia sentido foi o que fizemos. 

Me recordava dos cabelos platinados, naquela altura da noite, suados. Suas bochechas estavam em um vermelho bem presente, essa coloração descia pelo seu pescoço mas não pelo mesmo motivos e sim pelas sucções que foram tantas vezes remarcadas. Era visível que estávamos cansadas só que não parávamos, e isso me fez imaginar que fosse uma espécie de despedida.

Na primeira vez pensei que poderia passar o dia todo naquela cama com ela fazendo exatamente o que estávamos fazendo, na segunda permiti que um gemido escapasse a cada toque que recebia seja ele em qualquer lugar, na terceira seus dedos entrelaçaram nos meus com tanta força que os senti estalarem de forma dolorosa, na quarta perdi o fôlego tantas vezes que mal pude sentir o que ela fazia comigo e era bom, como estar bêbada, mas diferente. Na quinta seus dedos puxaram meus cabelos com carinho e uma mordida lenta foi deixada sobre o meu ombro, meu coração estava tão acelerado que me sentia prestes a ter um infarto, não era pelo orgasmo era pelas suas mãos em minha cintura.

Depois de muitos beijos seus dedos me tocaram e estávamos tão próximas. Tinha uma leve intuição que me levava a acreditar que tinha me apaixonado e então depois de ter chego ao ápice ela sorriu e selou minha boca seguida da minha bochecha. Estava fodidamente apaixonada.

Confirmei isso quando me diverti ao invés de ficar brava com toda a espuma que ela fez no banheiro e soube que não tinha volta quando Billie passou pela porta e senti que ela nunca mais ia voltar e que todos aqueles momentos foram especiais por serem apenas uma despedida. E então, eu chorei o resto da manhã inteira.

— Tudo bem? — A ouço perguntar apertando o meu joelho levemente me arrastando para o presente.

Pisco meus olhos rapidamente algumas vezes disfarçando que os mesmo estavam marejados.

— Tudo, eu... Eu só 'tava pensando. — Sorrio sem fazer muito esforço a encarando.

— Chega de estudar por hoje, você está cansada. — Fala e retira a mão da minha perna fechando o meu livro. 

— Bill... — Resmungo.

— A prova é segunda, temos dois dias até lá, vamos 'pra casa do Finn. Nos divertir, prometo que isso vai te ajudar a ficar mais calma e a estudar. Sei que está nervosa, é a primeira prova, terão outras e você vai se sair cada vez melhor. — Diz calma. 

— Como pode ter tanta disso? — Questiono fechando meus olhos, por instantes, estava cansada.

— Porque eu acredito em você e em todo o seu potencial, e você devia fazer isso também Charlotte. — Rebate e coloca uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

— Você acredita no seu próprio potencial, Billie? — Digo baixo. 

— Estamos falando de você. — Resmunga e deixo um riso baixo escapar.

Suspiro e concordo com a cabeça antes de levantar e começar a juntar meus materiais espalhados pela mesa. Termino de fazê-lo primeiro por isso me apoio na mesma e vendo o desespero de Eilish jogando as coisas na sua mochila saio correndo pela biblioteca.

— ME ESPERA! CHARLOTTE? MERDA! SÃO QUASE DEZ DA NOITE SABIA! ME ESPERA! — Grita.

Seguro o meu riso, estava escondida em uma estante próxima a porta de saída. Quando vejo seus cabelos passo meus braços pela sua cintura a puxando para onde eu estava.

— Que engraçado, morri de rir. — Fala enquanto a colocava contra a estante de livros. 

— Está vermelha. — Digo rindo.

— Sim, foi de tanto que eu ri. — Diz séria e caio na gargalhada. — Você é engraçadinha né senhorita Charlotte? — Devaneia. 

— A dona do circo. — Sussurro pela proximidade.

Não recebo nenhuma resposta e isso me deixou nervosa, prendo meu lábio inferior entre meus dentes em um claro sinal de nervosismo.

— Está aflita? — Indaga baixo não respondo. — Você sabe que não mordo, só se me pedir. — Brinca e reviro os olhos sorrindo. 

Chego mais perto de sua boca, como um sinal de ameaça para que a mesma se afastasse mas não foi isso que aconteceu, a observei umedecer os lábios rapidamente antes de deixar os mesmos entreabertos. Não me contenho e encosto nossas bocas levemente, sua mão veio para o meu rosto.

— A biblioteca vai fechar. Meninas! Não podem fazer isso aqui! — A senhorinha que cuidava do local nos pega no flagra.

Me afasto envergonhada.

— Nos desculpe, por favor! Garanto que da próxima vez seremos mais cautelosas 'pra não sermos pegas. — Billie diz e arregalo os olhos a acertando um tapa em sua barriga.

A platinada me puxa pela cintura indo rumo ao nosso dormitório. Começo a rir.

— Você viu a cara dela? — Indago rindo.

— Vamos ter que achar um novo lugar 'pra estudar. — Constata risonha e concordo sentindo um de seus braços passar pela minha cintura.






Call 666 • Billie EilishOnde histórias criam vida. Descubra agora