A Preferida

Último Capítulo - O Casamento

Brandon On

Tinha a sensação de que mesmo que colocassem uma tonelada de peso em minha perna ela ainda assim continuaria a mexer. Não tinha jeito; podia tentar o quanto fosse mas minha perna continuaria a se balançar de tanto nervosismo que sentia naquele momento.

Ainda não estava na hora de ir ao altar, então eu esperava numa sala longe de câmeras e pessoas ansiosas pela cerimônia. Já estava tão nervoso... Deus, vai ser assim a cerimônia toda?

- Vai um calmante aí? - Disse meu pai se sentando ao meu lado.

- Bem que acho que estou precisando mesmo. Parece que vou ter um infarto daqui a pouco.

- Bem sei como é. - Disse ele de sobrancelhas erguidas e olhando para o chão.

- Você? - Questionei - Achei que tivesse ficado muitíssimo calmo. A mãe diz que foi uma decepção ver que você não chorou. Por algum motivo ela quis que você chorasse.

- Sou mestre em manter as aparências, apesar de nos últimos tempos não ter tido muito êxito nisso. Sua noiva é mestra em conseguir situações que eu não consigo lidar muito bem.

Concordei de sobrancelhas erguidas e rindo apesar de as situações que ela encontra não serem nada engraçadas. Camille e situações perigosas parecem ser palavras que não podem ser separadas.

- Mas eu fiquei nervoso sim, - Continuou - só que não tinha motivo chorar. Pelo menos não para mim. Eu realmente não entendo o choro de mulheres e a razão para elas. Se estão felizes, choram; se estão tristes, choram. Até quando não há motivos nem para elas, elas choram. Pelo amor de Deus!

Ri de novo, me inclinando para frente.

- Elas nos deixam confusos, não é? - Perguntei.

- Demais. Mas quando estiver no altar e ela vir em sua direção, essa sensação vai passar, acredite. Apesar de ter dezenas e dezenas de pessoas presentes, você vai focar apenas nela, e vai ser como se todo mundo tivesse desaparecido. Vai por mim, já passei por isso.

- De certa forma, eu também. - Falei, me lembrando de quando encontrei Camille no cativeiro, presa por correntes e machucada. A beijei como se não houvesse mais ninguém naquele porão, apesar de ter mais de dez pessoas lá. Ela sempre me dava essa sensação, de estar apenas com ela e só com ela. 

- Deixe-me ver como está o meu menino - Ouvi e me voltei para a dona da voz: minha mãe. - Levante-se, deixe-me olhar pra você.

Ela pôs as mãos em meus ombros quando me levantei, me olhando de alto a baixo com um olhar que demonstrava transbordar de orgulho e animação.

- Está perfeito, querido. - Ela pôs as mãos em meu rosto e depois voltou a olhar meu traje à procura de qualquer coisa que precisasse ser ajustada.

- Você viu ela? - Perguntei com uma certa urgência na voz.

- Sim, eu a vi. - Ela sorriu - E ela está deslumbrante.

- E nervosa?

- Com certeza! As vezes ela está perfeitamente calma e depois não consegue segurar nem um copo de tanto que treme. Mas ela está bem e bastante animada. - Ela fez uma pausa como se estivesse analisando minha expressão. - E você também está nervoso. - Chegou à conclusão.

- Tenho uma forte convicção que estou mais que ela.

Minha mãe passou a mão por meu braço e começamos a caminhar lentamente pela sala, que tinha espaço suficiente para uma caminhada.

- Todos que passam por essa situação ficam nervosos, é normal. É um passo para uma fase nova da vida com situações que nunca passamos antes. Sabemos que nem tudo é um mar de rosas, e com certeza o casamento não é. - Ela riu - Mas eu não me arrependo nem um pouco de ter subido no altar, mesmo sabendo disso, e usar esta aliança todos os dias. Não me vejo sem seu pai, mesmo ele não sendo perfeito e as vezes me deixar muito irritada com ele. Sabe por que, querido? - Paramos de andar e ela olhou para mim. - Por que eu amo ele e isso me faz esquecer qualquer defeito que ele possa ter. Eu sei que também não sou perfeita e que posso ser uma verdadeira chata, mas mesmo assim ele me ama também. Antes de me casar, - Prosseguiu, voltando a andar - meu pai me disse que o casamento é a união de duas pessoas imperfeitas. A que conclusão você chega ao ouvir isso?