Capítulo Quarenta e Cinco - Os Últimos Preparativos

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Saí do meu quarto no palácio depois de me lavar e me trocar, andando pelos corredores sem nenhum lugar que quisesse chegar.

Fazia mais de uma hora desde que vi a família real, com exceção de Amber, que vi de uma das sacadas andando pelo jardim.

Depois do ocorrido no salão principal, passei a maior parte do tempo em meu  quarto jogando uma bolinha para cima e conversando com minha mãe.

O fato ainda não estava muito claro em minha mente. "Isaac e Bernard são irmãos." "Isaac também é da família real." Esses e outros pensamentos pairavam em minha mente, mas o pior de todos era o pensamento de que ele havia matado e tentava matar a sua própria família.

Avancei mais alguns corredores e parei apenas ao perceber que estava do lado do escritório do rei. A porta estava entreaberta. Não estava vendo muito bem dentro da sala, mas ouvia sussurros. Voltei alguns passos para poder ver quem estava lá. Consegui ver a Agatha sentada ao lado de Bernard, acariciando o rosto de seu marido enquanto ele estava com a cabeça deitada no ombro dela.

"Vai ficar tudo bem." "Você não fez nada de errado." Eu lia o movimentar dos lábios dela. Ela ergueu o queixo dele para que ele a olhasse e então lhe deu um beijo seguido por um sorriso.

Sorri instantaneamente. Tive apenas uma pequena noção do que eles eram e significavam um para o outro. Ele a olhava como se fosse a única que pudesse entendê-lo, a única com quem podia desabafar e derramar lágrimas sem ser julgado. A enxergava como se fosse seu porto seguro, como se, sem ela, ele não existisse, como se o universo fosse deixar de existir se ela não estivesse ali. Neles eu vi que o amor que sentiam um pelo outro os faziam fortes, e que enquanto tivessem um ao outro, ninguém poderia derrubá-los. Pois eles tinham um porto seguro, e esse porto seguro estava no outro. Sempre sendo fortes para fazer o outro forte, encobrindo cada erro, cada falha, prestando atenção sempre no melhor. Naquele pequeno instante eu vi a definição do que é o amor e o que realmente significa amar alguém.

Resolvi deixá-los e voltei o corredor para ir até a escadaria, mas me detive ao virar o corredor. Brandon vinha andando, o olhar voltado para baixo e tocando em seu lábio cortado fazendo uma careta. Já não usava mais a camisa rasgada pela faca ou qualquer outro acessório que usara algumas horas antes. Vestia seu terno completo e usava a tipóia em seu braço ferido. Finalmente ele olhou para frente e parou automaticamente ao me ver, e então sorriu, voltando a andar.

- Algo me diz que o princípe já voltou a ativa. - Falei, dando alguns passos a frente com as sobrancelhas franzidas. - O psicológico já está bom tão rápido assim?

- Na verdade não, - Respondeu - mas está melhor do que o do meu pai no momento. Acho que a ideia de que seu irmão devotou a vida pra arruinar a vida dele e de sua família não é muito agradável.

Era verdade. Tentei imaginar como seria doloroso se um dia Eloise ou Erik - pessoas que eram como irmãos para mim - me esfaqueassem pelas costas dessa forma. Inimaginável.

- Imagino que sim. - Falei quase sussurrando. - Então você vai fazer o trabalho dele hoje?

- Quase todos eles.

- Então presumo que vai ficar a tarde toda ocupado.

- Sim. - Suspirou com uma expressão de "me desculpe". - Meu pai tinha pelo menos cinco reuniões para esta tarde. Infraestrutura, reunião com o general, reunião com os conselheiros... - Brandon suspirou novamente - Vou tentar da conta.

- Você vai dar conta. - Sorri e lhe dei um beijo na bochecha. Brandon retribuiu o sorriso. - Demos conta do Isaac, por que não das reuniões?

- Duas situações terríveis. Pelo menos uma delas já terminou. E agora, - Brandon pegou minha mão e olhou para a aliança de noivado, me girando após isso quase numa dança. Sorri. - só temos um assunto para nos preocupar. Um ótimo assunto por sinal.

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