Capítulo Vinte

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Chegou a semana da prova e eu não pude mais ver Brandon, já que tinha que estudar para as provas e Brandon estava ocupado com alguns trabalhos e preparativos para a família real da França.

Ainda estava com o pé engessado e ainda estava usando aquelas "belezinhas" chamadas de moletas.

Depois de fazer as provas, enquanto saía da sala, percebi que Mattew estava com o rosto abatido e ele estava com a mão enfaixada.

Novamente ele entrou na sala onde o vi chorar na semana passada.

Entrei na sala, tentando não fazer barulho.

Vi algumas lágrimas escorrendo em seu rosto,mas ele não tinha expressão.

Ele estava segurando algo.

Me aproximei um pouco mais para ver o que era.

Uma pequena lâmina.

O que ele queria com aquilo?

Ele levantou um pouco a manga de seu uniforme, deixando seu pulso amostra.

Entendi logo o que ele faria, então tentei andar mais rápido.

Ele virou o rosto para mim.

- Você de novo? - falou.

Sua voz não era de quem estava chorando.

Estiquei o braço.

- Me dê essa lâmina. - falei, séria.

Ele levantou uma sobrancelha.

Abri e fechei a mão, falando sem palavras para ele me entregar a lâmina.

E o mais inesperado aconteceu: ele me deu a lâmina.

Me sentei, ficando a um metro de distância dele.

- Se cortar não iria resolver seus problemas. - falei,baixo.

- Não acho que conseguiria me cortar.

- Você não quer conversar sobre o seu problema? Quem sabe posso te ajudar. - falei,dando de ombros.

- Por quê eu falaria isso com você? - falou, olhando para mim.

- Justamente porque talvez eu possa te ajudar.

Ele ficou calado.

- Então vamos fazer assim: eu vou falar algo sobre mim que poucas pessoas sabem sobre mim e depois você me diz isso. Pode ser? - perguntei, levantando as sobrancelhas.

Ele olhou para mim e levantou as sobrancelhas.

- Você tá vendo errado? Eu sou Mattew.

- E? - franzi a testa.

Ele lambeu os beiços.

- E eu sou Mattew. Porque você falaria algo sobre você pra mim?

- Porque acho que isso vai te deixar mais avontade para me falar de seu problema.

- Lhe garanto - falou, abaixando a cabeça. - você não pode me ajudar.

- Desabafar é bom. Prometo a você que não falo para ninguém.

Ele respirou fundo.

- A...minha mãe. - fez uma pausa. - Quando eu tinha dez anos, meu pai nos abandonou,a mim e a minha... mãe. Ele se casou com uma mulher mais nova que minha mãe. Ela ficou com muita raiva dele e ela sempre desconta em mim. - falou.

Vi algumas lágrimas caírem de seus olhos.

- Sabe o quão ruim é ouvir sua própria mãe dizer que te odeia? - continuou,com a voz trêmula. - Uma vez ela ficou bêbada e tentou me matar,colocando veneno num suco que eu iria beber. A empregada que me impediu de beber o suco. E eu só tinha doze anos.

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