Terminada a reunião, todos os alunos presentes no anfiteatro começam a levantar-se e a dirigir-se para a recepção onde o velhinho que me fez passar vergonha, que agora sei ser o Reitor, disse estarem anexadas as listas das respectivas salas. Depois do grande tumulto de jovens a dirigir-se à saída diminuir, eu levanto-me e olho para o assento onde antes aquele rapaz, o Marlon, estava sentado mas percebo que ele desapareceu.
Ignoro o pequeno sentimento de desilusão que aquele facto me causou e decido então pegar as minhas coisas, indo assim como os outros ver as listas. Caminho calmamente pelo corredor em que eu havia passado anteriormente para vir ao Anfiteatro e ao chegar na recepção, arrependo-me imensamente pela minha calma e lentidão ao andar.
Uma grande enchente de alunos se fazia sentir em frente aos expositores, demonstrando que todos querem ver os seus próprios nomes na lista e sem nem se quer importar-se se roçavam uns nos outros ou não.Suspiro, já sabendo que provavelmente irei demorar lá e decido sentar-me em um dos sofás vazios para esperar que pelo menos metade daqueles alunos se dissipasse. Assim que ocupo o assento acolchoado e confortável, tiro os meus headphones e decido ouvir música enquanto espero. Enquanto deixo a música suave entrar pelos meus ouvidos e relaxar-me instantaneamente, observo os alunos lutando uns com os outros para poder ver os seus nomes na lista e não consigo evitar rir internamente daquela cena. Até parece que estão em um cenário pós-apocalíptico, a lutar por comida ou coisa parecida.
Distraída pelos meus próprios pensamentos, permito-me vaguear por áreas perigosas da minha mente.Uma área em específico, na verdade. Área essa onde jazem todos os meus pensamentos sobre Sebastião e que está conectada com a parte do meu coração aonde moram os meus sentimentos por ele; outrora dormentes, mas agora bem despertos.
A imagem dele conversando com os seus amigos aquele dia no shopping, abalou-me de tal forma que eu não consigo deixar de repassa-la milhões e milhões de vezes na minha mente. O sorriso dele, o rosto arredondado, os olhos pequenos e meio rasgados...Tudo isso faz-me lembrar do quanto eu era e provavelmente ainda sou, fascinada por ele. Mesmo que tente por diversas vezes, não consigo evitar desejar que aquele sonho que eu tenho tido quase todas as noites desde o dia que o revi, se concretize.Será que é pedir assim tanto?
Provavelmente ninguém compreende o que eu estou a sentir neste exacto momento e ninguém entende como é difícil tentar esquecer alguém que se ama, a ponto de chegar a pensar que se esqueceu, mas na verdade era apenas uma mera ilusão do próprio coração. Acredito que se alguém ouvisse a minha história, não deixaria de me chamar de trouxa incontáveis vezes.
Quer dizer, eu sou mesmo uma trouxa por ainda amar alguém que provavelmente nem se lembra de mim. Eu só queria que existisse um antídoto para esse veneno que se chama Amor, pois sinto-o a matar-me lentamente e a dilacerar-me o coração sem piedade alguma, demonstrando-me que não há escapatória para mim. Eu estou viciada por esse veneno que me está a matar, mas que nem para acabar o processo o mesmo serve.-Tsc!
Desligo a música dos headphones, já cansada dos pensamentos que ela me estava a provocar e agradeço a Deus pela enchente ter desaparecido, pois finalmente eu poderia ver em que sala fiquei. Caminho lentamente até ao expositor, com as minhas pernas meio dormentes de tanto balançá-las, por conta do meu probleminha de ansiedade, e passo por alguns poucos colegas que lá estão para procurar pelo meu nome nas imensas listas com mais de um milhão de nomes de alunos.— Estou a exagerar, sei!
Procuro meio impaciente pelo meu nome e depois de uns 2 min de pesquisa, encontro-o na quinta lista. Celebro internamente assim que vejo que a minha sala fica neste mesmo andar, o que significa que eu não terei que subir escadas e provocar o meu corpo sedentário a desfalecer de cansaço.
Saio do meio daquelas pessoas desconhecidas por mim, porém meus parceiros de Universidade de agora em diante, e me direciono para o outro lado da recepção onde tem um corredor que leva às salas de aula. No caminho, passo pelo local onde a moça de há algumas horas havia me atendido e vejo que ela conversa alegremente com um aluno, que assim como o meu eu de outrora, transparece uma vontade imensa de fugir da tagarela da recepcionista.
VOCÊ ESTÁ LENDO
(Un)Crushing You
RomanceAmores vêm e amores vão à toda hora. Porém, há aqueles que simplesmente não desaparecem e prendem-se a ti como uma tatuagem permanente. Aqueles amores que por mais que faças alguma coisa para te livrares deles, nada funciona. Este era o caso de Weza...