São iguais aos que eu treinei

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Já estava de noite quando Marcela disse que era pra nós irmos para fora de sua casa, obviamente estávamos arrumados, Marcela vestia um vestido que ia até pouco antes de seus joelhos, ela estava completamente linda, suas costas estavam visíveis pelo vestido, eu estava vestindo uma blusa verde clara, com um casaco preto e uma calça jeans... Estava razoável.

Marcela liga para um taxi e esperemos ele chegar.

Por dentro eu estava totalmente nervoso, ansioso e curioso mas por fora eu observava Marcela, ela percebe meu olhar e imediatamente começa a corar, rio baixo de sua reação me aproximando dela e passo a mão pelo seu ombro até que o taxi chega e entramos juntos.

-Para o Restaurante Salvaterra... – Marcela pede, e imediatamente o taxi acelera.

O caminho era um tanto longo, ela encosta a cabeça em meu ombro enquanto eu observava a rua, não podia ter pedido outra coisa, memorias do meu irmão me vem a mente e acho que a Marcela percebeu pois quando me dei por mim ela estava me olhando com seus lindos olhos com um delineador perfeito dando destaque a eles.

-Calma – ela sussurra me olhando.

-Estou calmo – sussurro em resposta e seguro a mão dela sem deixar de olhar para ela, beijo sua mão e vejo-a fechar os olhos.

O taxi para e visa que chegamos, saio primeiro e dou o dinheiro que forcei Marcela a aceitar e usar para pagar o taxi, ela sai e seguro sua mão vamos até o restaurante.

O restaurante não estava vazio, mas também não estava cheio, Marcela me guia andando por um corredor repleto de mesas até que chegamos à frente de um homem sentado olhando o cardápio na qual ao nos perceber ele abaixa o mesmo lentamente, ele tinha cabelos brancos e curtos, usava um óculo de grau em formato retangular, sua barba era também branca, porém não descuidada, ele apenas sorri para Marcela antes dela se sentar, fico em pé olhando nos olhos dele, e quando ele me olha por um momento vejo meu reflexo nos olhos dele.

-Sente-se – Marcela sussurra a mim me puxando para sentar, me sento e estendo a mão para o pai de Marcela.

-Sou Marcos, Marcos Dias... – digo um tanto baixo

Ele primeiramente apenas olha minhas mãos alguns segundos. Observo-o sem sorrir, sem mostrar emoção.

Ele finalmente estende a mão e me cumprimenta.

-Sou Victor, o pai da Marcela, é um prazer conhece-lo Marcos – ele diz sorrindo.

Recolho minhas mãos novamente para perto do meu corpo e pego embaixo de uma blusa uma foto pequena de Gabriel e fico olhando a foto calado, olho alguns segundos para ele e outros momentos para a foto.

-Vamos pedir algo papai? – Marcela sugere.

-Papai já pediu filha, não se preocupe – ele diz sorrindo a ela.

Sinto algo alisar minhas pernas e quando olho era a mão da Marcela, olho para ela que me olhava para mim com uma expressão triste olhando algumas vezes para a foto de Gabriel.

Sorrio fraco e rapidamente sem mostrar os dentes, guardo a foto novamente na minha blusa e olho ao redor sentindo uma sensação ruim, pois ao mesmo tempo em que não queria que o pai da Marcela fosse o assassino eu também queria, pois isso significaria que não foi tudo em vão, todo esforço em vão...

Ele estava sorrindo, me levanto e vou até o banheiro, Marcela me segue.

-Hey, o que você tem? – ela segura minha mão.

Viro-me para ela, eu queria poder contar a ela tudo que estava pensando, mas é o pai dela lá, não posso fazer isso com ela, não posso, meus olhos se enchem de lagrimas.

-Eu só estou triste pelo Gabriel – sussurro e ela me abraça.

-Vem Marcos – ela sussurra depois de secar meu rosto de volta e esperemos a comida chegar

Quando a comida finalmente chega, todos estavam famintos, chega Caranguejo com Manteiga de Alho, um prato na qualo caranguejo era mergulhado num molho à base de manteiga de alho, que ao adentrar o casco deixava a carne com um sabor todo especial, era realmente uma comida muito boa.

Todos comem enquanto Marcela conversava com o pai dela, ela falava comido e eu respondia algumas vezes, estava sendo totalmente excluído.

O jantar termina e eu estava calado fazia mais de uma hora.

-Voltará com nós? – Marcela sussurra.

-Não posso, tenho trabalho – Ele responde.

-Tudo bem – ela diz um tanto triste.

Ele beija a testa dela, me da um tapa de leve no ombro e sai, eu não havia gostado muito do jantar, principalmente pelo fato de eu ter sido excluído

-Vamos – Marcela me puxa até um taxi e entramos no mesmo

Assim que ela diz o endereço ela encosta novamente a cabeça em meu ombro estava mais cansada agora, todos estavam mais cansados.

Mas aquele sorriso não me convenceu, ele não era verdadeiro, Marcela pode não perceber, mas eu percebi... Como eu sei? Foram iguaizinhos aos que eu treinei no espelho... 

Um único verãoOnde histórias criam vida. Descubra agora