Sozinho

129 12 1
                                    

Levanto-me e vou até o armário, abro o mesmo e encontro às roupas de Gabriel, as que não havíamos levado para a casa, fecho o armário e saio do quarto.

Desço as escadas, encontro Igor conversando com minha prima na sala, estavam bem próximos um do outro, vou até a mala.

-O que vai fazer? – Igor pergunta me olhando

Fico calado, pego a mala e fico olhando para ela alguns segundos, depois a pego nos braços e subo as escadas de novo.

-Ele está mesmo triste – Escuto Igor dizendo enquanto subo a escada

-E quem não estaria? Mas essa tristeza está corroendo ele – Minha prima diz, não consigo ouvir o resto, pois abro a porta do meu quarto e me tranco dentro do mesmo.

Levo a mala até minha cama, abro a mesma e pego as roupas de Gabriel, coloco dentro do armário dele e depois fico encarando a porta calado, minha atenção se volta para meu celular que treme, pego o mesmo e leio a mensagem que havia chegado:

Eu lamento pelo seu irmão...

A mensagem era de Marcela, releio aquela mensagem umas vinte vezes, deixo o celular de lado e vou até meu armário, troco de roupa, coloco um All Star preto, uma blusa pólo branca, uma calça jeans, e um casaco, saio do quarto e desço as escadas.

-Aonde vai? – Minha mãe pergunta quando eu já estava perto da porta.

Fico calado, respondo a pergunta dela mentalmente, abro a porta e saio.

Meus pais devem achar que eu sou doido, mas eu não ligo, eu estou deprimido e me sinto tão sozinho.

Ando pela rua observando ao redor algumas vezes, estava chuviscando, ando até a casa em que achei Ana morta e encosto minha mão sobre a grade que havia ali, fico observando a casa, suas janelas quebradas, sua grama não cortada, fico ali um tempo observando a casa até que volto a andar.

Depois de mais ou menos vinte minutos chego à praça, estava completamente vazia, me sento em um banco molhado, olho ao redor e vejo alguns pássaros bebendo água, outros se escondendo da chuva, olho para cima e vejo tudo dublado, estava começando a esfriar de vez.

Os carros passavam na rua com pressa, com seus faróis acesos, pois estava escurecendo por conta do tempo, depois de mais ou menos meia hora estava bem escuro, fico pensando demoraria até que eu morresse ali onde eu estava.

Depois de mais meia hora eu estava sendo iluminado apenas pelas luzes dos postes da praça, que estavam falhando, vejo a fumaça sair quando respiro, meus pés começavam a arder, minha mente dizia para eu ir embora, meu coração me alertava que era perigoso com algumas acelerações, meu corpo reagia com calafrios e com arrepio me deixando atordoado, meus pés ardem muito e sinto meu rosto ficando dormente, estico a mão e vejo que chovia granizo.

Sinto minha perna doer muito, fico olhando para minha frente até que minha visão começa a ficar turva, minha mente se desespera me forçando a levantar, tento andar mancando, mas logo caio e começo a me rastejar, percebo uma voz feminina gritando meu nome de longe e escuto passos, vejo apenas sua sombra se aproximando mas quando ela já estava quase na minha frente desmaio e a última coisa que escuto antes de ficar inconsciente é um chamado de socorro...

Um único verãoOnde histórias criam vida. Descubra agora