O que você roubou de mim

Ele vai mudar?!

Hoje faz três meses que estou morando com o Evan, arrumei um emprego no mês passado em uma cafeteria aqui perto, ele de início não quis aceitar, ficou dizendo que tinha dinheiro pra nós dois, mas acho melhor assim.

Às aulas chegaram ao fim, assim que o ano terminar por completo tenho que escolher uma faculdade, de preferência agora pública, até porque não tenho mais os meus pais para pagar pra mim.

Minha mãe apareceu aqui a duas semanas depois que fui embora, ela disse que estava com saudades e que não aprovava a decisão do meu pai, mas o que eu podia fazer aquela altura. Ela está sempre me ligando pra saber como eu estou.

Pedro viajou pra Fernando de Noronha, não temos nos falado tanto, sinto uma imensa saudades dele. Temos conversado mais por Whatsapp agora.

Não vejo Eduarda a dias, ela tem me evitado desde que vim morar com Evan, ela diz que é por causa da Alana e eu termos nos aproximado mais, não entendo ela, sempre fomos amigas, já faz uma eternidade que a conheço, não sei o porque de tanto ciúme.

Os dias tem se arrastado de uma forma terrível, faz parecer que estou estagnada na cafeteria, mas ao mesmo tempo me faz ver que quero mais do que tenho agora.

Chego em casa e Evan esta sentando em frente a tv jogando videogame, esse ano Evan foi reprovado de novo, ele resolveu que não vai voltar mais pra escola, eu não vejo diferença pra ele entre estar matriculado ou não, se ele assistiu a 20 aulas em um ano foi muito.

_Já jantou?
_Não.
_Ok. Comprei pizza.
_Obrigado. Porque chegou tarde hoje, são dez da noite. -Ele diz me olhando.
_Tive que lavar à louça, hoje é sábado, você esqueceu, dia de pizza na loja, fecha às nove e pouquinho. -Digo cansada.
_Hum.
_Vou tomar um banho.
_E o meu beijo?
_Evan estou suada e exausta, deixa o beijo pra daqui a pouco.
_Mas eu quero agora!

Evan segura meu rosto em suas mãos e aperta até que consiga o beijo que quer.

_Você me machucou!
_Quero que entenda e faça o que quero.
_Você não é meu dono Evan, já "conversamos" sobre isso.
_Você é minha, então sim, sou seu dono!
_Vá a merda Evan.

Evan vira um soco em meu rosto.

_Vai se ferrar Valentina.
_Não! Você não tem esse direito Evan.
_Eu tenho a porra do direito que eu quiser, você é minha mulher.
_Porquê você é assim, porquê fica me machucando?
_Vai se ferrar.

Evan diz indo embora sabe lá Deus pra onde, vou direto para o banheiro, me olho no espelho e lá está ele, meu sangue escorrendo da minha sobrancelha, meu novo hematoma estará aqui amanhã.

Involuntariamente as lágrimas correm pelo rosto agora dolorido, não consigo entender como alguém pode ser assim.

Entro no chuveiro e deixo a água percorrer meu corpo, estou cansada demais, cansada demais para brigar, cansada demais para chorar, cansada demais para me vitimizar outra vez, eu escolhi isso, eu escolhi o Evan sabendo o quanto ele era agressivo, e por mais que eu saiba o nível que isso faz mal, eu não consigo ir, não consigo me deixar ir.

Me deito na cama e vou dormir, foi um dia cansativo demais, eu só quero dormir.

Escuto um barulho e Evan está ao meu lado.

_Acordei você!
_Me deixa em paz.
_Me desculpe amor, eu perdi o controle.
_Desculpas precisam de mudanças para fazer efeito Evan.
_Eu vou mudar, te juro, me perdoa, eu não sei o que deu em mim.
_Você está bêbado, amanhã conversamos.
_Eu amo você me perdoa.
_Tudo bem Evan, eu só quero dormir.

Evan me abraça e dorme ao meu lado, isso não pode ser normal, como eu acabo sempre perdoando alguém que eu não sei se vai mudar, mas ele vai mudar não é, ele me ama.

Me prendo em meus pensamentos e vou dormir.