Te amarei para sempre

21 11 4
                                    

Sinto alguem me pegando no colo, tento abrir meus olhos que estão lutando para se manter fechados e vejo Pedro.

_Por favor fique acordada.
_Não consigo respirar!
_A ambulância está chegando, fique acordada, eu estou aqui.
_Pedro, tem algo errado, não sinto a bebe mecher!
_Vai ficar tudo bem._Pedro me olha e chora.
_Tem muito sangue, acha que está tudo bem com ela.
_Eu não sei, mas vai dar tudo certo.

Escuto as cirenes e Pedro correndo comigo e me colocando na ambulância, o mesmo entra junto, sinto o carro se mover, os enfermeiros começam a prestar os primeiros socorros ali.

_Olhe para cá, fique comigo._Diz a enfermeira que me examina.
_Não consigo respirar._Digo.

Ela começa a dizer algo que não consigo entender muito bem, algo com "está comprimindo e faça massagem cardíaca", não demorou muito para chegarmos ao hospital, eles correm comigo na maca, ouço um grito vindo cada vez mais perto e reconheço a voz do meu pai.

_Valentina, Valentina, é minha filha, o que aconteceu?
_Evan deu uma surra nela, ela está grávida, acha que o bebê está bem?_Pedro diz enquanto chora.
_Veremos, levem ela agora!

Começam a fazer um ultrasom e derrepente só se escuta o silêncio, não escuto o coração da Sophia e começo a me sentir sufocada novamente.

_O que está acontecendo, porque o coração não esta batendo, pai, o que houve?
_Sinto muito, mas seu bebê morreu._A enfermeira me olha e diz enquanto volta a olhar o monitor.

Não vejo mais nada, tudo fica embaçado e começo a ver tudo preto.

_Ataque cardíaco, comecem a massagem.

Acordo meio groge, minha mãe e Pedro estão sentados no canto do quarto, olho ao redor e vejo que ainda estou no hospital, o que houve.

_Mãe.
_Ah querida que bom que você acordou.
_Quanto tempo eu dormi?
_Ja se passou um dia minha filha, seu pai achou melhor manter você cedada por algumas horas.
_Mãe minha filha, o que houve ?
_Ah meu amor, eu sinto tanto, você vai fazer uma cesariana para tirarmos ela, infelizmente ela faleceu, não precisa se preocupar com nada, nós arrumaremos tudo.
_Vamos ter que interrar ela mãe, a minha filhinha.
_Vamos sim filha.

Não consigo conter as lágrimas, tento olhar para minha barriga, mas eu não consigo, Evan matou a minha filha.

_Eu sinto muito filha, lamento por tudo.

A médica entra na sala junto com o meu pai, Pedro acorda olhando para mim com um olhar pesado, triste, nunca o vi assim.

_Que bom que acordou Valentina, alguma dor?_A medica pergunta.
_Sim, minha cabeça doi.
_Tudo bem, tratei algo para dor, fizemos um raio-x e não quebrou nada, na tc não indicou nada anormal.
_Isso é bom ne? _Pergunto a mesma.
_Sim, é, vim te perguntar o que prefere, podemos fazer seu parto cesariana ou você pode ter o normal se preferir.
_Como seria? -Pergunto sentindo o nó se formar em minha garganta.
_Vamos te dar remedios para induzir as contrações e seu corpo ira fazer todo resto, será doloroso, mais você pode se recuperar mais rápido.
_Eu quero!
_Tem certeza minha filha? _Meu pai pergunta assustado.
_Sim eu tenho, quero poder ir ao enterro da minha filha, poder vestir ela, carregar ela, passar todos os momentos que tiver com ela.

Passo por tudo com minha família ao meu lado, na sala de parto me despeço de todos, somente um acompanhante pode entrar, mas não quero ninguém comigo, quero ficar sozinha.

A dor só aumenta, não consigo conter os gritos baixos que dou quando as contrações aumentam cada vez mais, sinto alguém segurar minha mão, olho para o lado e Pedro está lá.

_Por favor vai embora.
_Você não precisa passar por isso sozinha.
_Sim eu preci... _Mal termino de falar e as contrações voltam com tudo novamente, não contenho ás lágrimas de dor.
_Eu não vou sair daqui!

Pedro se senta atrás de mim, fazendo com que eu fique deitada sobre ele, entre suas pernas, segura minhas mãos .

_Querida, agora você precisa fazer força._A medica diz.

Não sei quanto tempo durou, só lembro de fazer força e achar que não iria mas aguentar, de Pedro me dizendo pra empurrar um pouco mais, da dor, da dor imensa que senti quando ela finalmente saiu de mim.

Mas nada se compara a dor que estou sentindo agora.

_Você pode segurar ela, vou deixar você sozinha um minuto.
_Ela é linda!_Pedro diz chorando comigo.
_Ela é sim, esse momento deveria ser tão diferente, porque meu Deus.

Seguro ela perto do meu peito, ela está tão roxinha, parece tanto com Evan, é tão linda, seguro suas mãozinhas tão pequenas, olho bem para cada traço dela, cada pedacinho para que eu consiga guardar bem em minha memória, seus cabelos russos, tão parecidos com os meus, começo a chorar com mais intensidade, beijo seu rostinho.

_Minha pequena Sophia, eu lamento tanto, mas a mamãe te amara para sempre, nunca me esquecerei de você, você me trouxe muita alegria, me trouxe vida em quanto estava dentro de mim, e agora me sinto vazia sem você, como eu queria trocar de lugar com você.

Me permito chorar um pouco mais, a seguro com mais força, meu coração parece não saber mais como bater e se aperta me sufocando.

_Temos que levar ela agora._A medica diz enquanto pega uma manta pra levala.

Dou um beijinho em sua testa.

_Sera que alguém pode marcar o pezinho dela no meu braço, eu quero tatualo. _Pergunto e ela afirma que sim.

Depois de alguns minutos ela volta com a Sophia coberta, os pés manchados de uma tinta azul.

_Aqui está bom?
_Sim.

Afirmo e ela aperta os pezinhos dela sobre o meu braço.
Depois á leva novamente, meu coração se despedaça ali, naquele momento.

................

Enterramos ela, e meu coração junto com ela, ela estava linda, com a roupinhas que comprei para ela, toda rosa, parecia estar dormindo, não consegui ver todo enterro, eu não aguentei ver ela sendo enterrada, saber que nunca mais a veria, foi demais pra mim.

Ao sair do cemitério vi Evan e Cecília saindo também, fui em sua direção.

O que você roubou de mimOnde histórias criam vida. Descubra agora