10 anos

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Dez anos se passaram voando, e eu nunca estive tão feliz como estou agora, Pedro e eu estamos casados e formados, estamos trabalhando no mesmo hospital, nos mudamos para Nova York depois de termos terminado a faculdade, me formei em cirurgia geral e Pedro em Pediatria como sempre sonhou, somos tão feliz juntos.

Não tenho mais notícias sobre pessoas da vida passada, a unica pessoa que mantenho contato e Caio e Alana, que a propósito me deram o melhor afilhado do mundo, eu o amo tanto.

Meus pais me ligam todos os dias, sinto falta deles, mas eles e a mãe de Pedro sempre vem nos visitar, sou tão grata pela nossa família, e pela minha sogra que se tornou uma segunda mãe pra mim, sou tão abençoada.

Houve um tempo em que achei que jamais teria felicidade e que só sairia de um relacionamento morta, olha onde cheguei agora, sou tão grata a Deus.

_Vamos nos atrasar meu bem.
_Quando você ficou imune ao meu corpinho em ?
_Pedro são sete da manhã e você tem um paciente às sete e dez, eu tenho uma cirurgia as sete e meia, temos que ir agora, eu queria ficar o dia todo nessa cama com você, mas temos que ir meu bem.
_Ta bom amor, eu dirijo.
_Tudo bem.

Não tenho cirurgia essa manhã, vou a uma consulta, mas não queria que Pedro soubesse ainda, não até eu decidir o que fazer, seguimos o caminho com Pedro falando de uma menininha que ele vai atender hoje, uma recem-nascida que a mãe morreu no parto a dois dias.

_Ela vai precisar operar, nasceu com um problema no coração, mas é coisa que da pra resolver.
_Que bom, tão pequena, e o pai?
_Morreu também, antes de a mãe saber estar grávida, era soldado, morreu em combate.
_Oh Deus, que pena.
_Estamos tentando achar a família, quem sabe alguém fique com ela.
_Tomara.

Chego no hospital e vou direto a minha consulta.
_Bom dia doutora Lima, podemos começar.
_Podemos Soraya.

Ela começa a  fazer a ultrassonografia, não achei que ficaria tão nervosa com isso, mas estou, e é palpável o meu nervosismo, mas começa a se dissipar quando escuto aquele barulho, alto e claro, é o coração, meu Deus agora eu tenho certeza das minhas suspeitas, eu realmente estou grávida.

_Bom, você está com três meses, está tudo bem com o bebê, o doutor Silva vai ficar muito feliz, ele adora crianças né.
_Sim, por isso escolheu a pediatria, porfavor não diga nada a ele, eu não quero que ninguém saiba ainda.
_Tudo bem.

Vou atender os pacientes que tenho e na hora do meu almoço vou até o sala do Pedro, quando chego ele ainda está atendendo a bebê.

_Posso voltar depois.
_Não amor, você pode ficar, ela está descansando, veio da cirurgia agora, ela não é linda!

Observo aquela pequena bebê dormindo, ela é linda mesmo, tão indefesa, me faz lembrar da Sophia, daqui a duas semanas faz dez anos que a perdi, Sophia agora teria nove anos, estaria na escola, pegaria minhas maquiagens para brincar, o Deus como queria ela aqui.

_Ela é linda mesmo.
_Ela vai para a adoção, achamos a avó, mais ela não quer cuidar dela, ela disse que não pode.
_Que pena.
_Acha que podemos... hum, ficar com ela?
_Você quer adotar ela ?
_Sim, podemos ? Temos uma casa boa, com um quarto vago, temos dinheiro para cuidar de uma criança, o que acha ?
_Oh Deus, tem certeza?
_Você não quer ?
_Sim, é uma ótima ideia, mas...
_O quê, a amor, me desculpa, é pela Sophia?
_Não meu bem, acha que podemos dar conta de duas crianças?
_Como assim, quer adotar duas crianças?
_Não bobo, estou grávida!
_É sério?
_Sim, de três meses!
_Isso é ótimo, eu amo você, vamos ter um filho, ou vamos ter dois filhos? -Ele pergunta com carinha de cachorro pidão.
_Ah Pedro, podemos fazer isso, vamos ter dois filhos!
_Eu vou ser pai, você me faz o homem mais feliz do mundo.

O que você roubou de mimOnde histórias criam vida. Descubra agora