Brisa de ar fresco

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O dia se arrastou tão lentamente, me deito e vou responder as mensagens que o Pedro deixou pra mim, graças a Deus ele está voltando amanhã, sinto tanta falta do meu amigo.

Evan se deita ao meu lado e fica falando sobre coisas que ele vai fazer amanhã e que vou ter que passar o dia sozinha.

_O que vai fazer?
_Vou resolver umas coisas ai.
_Que coisas?
_Vou resolver umas coisas, eu sou adulto Valentina, não tenho que ficar preso nessa casa.
_Ninguém disse que você tinha que ficar preso, só estava perguntando onde você vai
_Tudo quer saber.
_Por mim Evan, você pode ir pra onde quiser. Eu nem vou ficar em casa amanhã.
_Vai pra onde, tu nem me falou nada.
_Vou sair ue.
_Pra onde, tu é minha namorada, como vai sair sem me falar nada
_Do mesmo jeito que você vai sair e não me deve satisfação.
_Quer levar umas porradas Valentina, tu para de abuso.
_Como é?
_Vai pra onde?
_Vou sair com a minha mãe.
_Esse drama todo pra isso.

Me viro e finjo está dormindo, não vou sair com a minha mãe, vou na casa do Pedro, mas não le devo satisfação.

Levanto e começo a me arrumar antes que Evan acorde, quero sair antes dele, coloco um short curto que eu não uso a meses, e meu biquini que está guardado a séculos, eu nunca uso roupas curtas, Evan não deixa de jeito nenhum, nem lembro a ultima vez que fui a praia, é um saco, mas por vezes acabo cedendo.

Pego minha carteira, minha bolsa já arrumada no dia anterior e saio de casa, vou até a esquina e chamo um uber de lá, no caminho ligo para Pedro que chegou ontem a noite e me convidou para irmos para cachoeira, coloco meus óculos escuros e agradeço por ele cobrir o resto do roxo que sobrou no meu olho.

Sigo o caminho até a casa de Pedro pensando sobre tudo, me lembrando de como a vida era leve antes dessa confusão onde me coloquei, quero tudo de volta, os amigos, as festas, os dias na praia, o silêncio de mim mesma, a paz, preciso da minha sanidade mental de volta, onde será que deixei, sinto falta do meu pai, eu sei que em partes nós dois erramos, somos teimosos demais, mas eu o amo, e sinto falta dele, saudades de ver a minha mãe sempre, hoje só nos vemos uma vez na semana, quando isso acontece. Que droga eu fiz com a minha vida.

Chego e toco a campainha, a mãe de Pedro é quem abre.

_Tininha, como você cresceu, está linda minha filha, emagreceu também.
_Oi dona Angela, como a senhora está, sim emagreci um pouco.
_Um pouco demais ruivinha, me lembro desse short um pouco mais apertado. _É Pedro quem fala agora me fazendo corar de vergonha, sim eu emagreci uns 3 ou 4 quilos, mas não foi tanto assim ou foi?
_Deixe ela Pedro. _Ele vem rápido até mim, me abraça enquanto me gira no ar.
_Ah, que saudade pe.
_Também estava.
_Você me abandonou.
_Eu te convidei pra ir comigo.
_Eu sei, vamos?
_Sim deixa só eu pegar minha chaves, agora estou motorizado.
_Oh meu Deus, não vai nos matar né.
_Para de bobeira, assim me ofende, piloto muito bem.
_Pilota ? a palavra certa não seria dirijo?. Pergunto com medo da resposta, odeio moto.
_Isso mesmo, piloto, não se preocupe, não matarei você.
_Tudo bem.

Subo na moto, e inevitável não me agarrar em Pedro quando ela da seu primeiro solavanco, ele ri de mim enquanto acelera um pouco mais, dou um tapa em seu ombro, seguimos viagem assim, eu segurando nele e ele rindo de mim.

Pedro é tão quentinho, tão sereno, encosto minha cabeça em suas costas e consigo ouvir seu coração pulsando, bate rápido demais, talvez esteja em êxtase por esta pilotando tão depressa, porque as coisas não são mais fáceis, eu não podia ter me apaixonado por Pedro, tudo seria tão diferente, ele é o tipo de cara que te faz suspirar, te deixa zonza somente com o olhar, tem um sorriso de dar inveja, e olhos da cor do céu, não ha como resistir ao seu olhar, é inebriante. Estou tão distraída que nem percebo quando ele avisa que chegamos pela segunda vez.

Desço da moto e minhas pernas ainda estão molengas.

_Não vai cair nanica.
_Para de graça, você anda como doido.
_Não corri nada, você é que é medrosa, pensa que não vi que tirou casquinha de mim.
_Para Pedro!
_Tá bom.

Fomos direto para um restaurante próximo, graças ao céu, estou morrendo de fome.
A atendente olha Pedro e muda de imediato o tom de voz.

_O que você vai querer meu anjo?
_Eu quero uma panqueca e um milkshak e ela vai querer um açaí com morangos, ah e bastante calda de chocolate.
_Tudo bem.

Ela sai me olhando torto, quase grito pra ela que ele é solteiroooo.

_O que foi?
_Ele gostou de você pe!
_Hum.
_O que, é verdade, vai me dizer que não viu "meu anjo".
_Está com ciúmes ruivinha ?
_Eu, não, só estou dizendo.
_Sei. E então, como está tudo?
_Você sabe, o de sempre.
_Gosta mesmo dele né!
_Eu não sei se gosto mais pe, é como se eu não soubesse mais quem sou eu, não sei explicar, eu me sinto presa, sinto que não consigo me deixar ir.
_Mas sabe que pode deixá-lo quando quiser né.
_Eu sei, eu só não consigo agora, e sei que isso é ruim demais pra mim, eu só não consigo.
_Quando estiver pronta eu sempre estarei aqui pra ajudar você.
_Obrigado pe, é tão bom desabafar, tenho tentado falar com a Eduarda, mas ela não me atendente, não sei o que há de errado.
_Vou ver com ela.
_Pelo menos com você ela fala.

Passamos o dia na cachoeira, a água e o frescor daquele lugar me encanta, eu amo demais, Pedro me contou por horas da viagem e como queria que eu fosse,sobre as faculdades que pretende fazer, sobre opções de vida que eu tenho, as escolhas, eu o amo, ele é o meu melhor amigo.

Deitamos em um canto por um tempo apreciando o sol, Pedro deitado lindamente sobre a minha canga, eu deitada em seu peito, seu cheiro é tão bom, é inebriante, e o som de seu coração é simplesmente avassalador, qualquer garota se apaixonaria fácil, menos eu, eu escolhi a tendência ao pior, não poderia ter escolhido melhor? Mas que droga.

O dia simplismente corre, tão rápido que nem percebo quando já são sete horas e temos que ir porque a estrada de volta e escura e perigosa demais a noite.

Pedro me deixa na esquina de Evan a pedido meu, não quero que ele me veja chegando com ele, isso só nos traria problemas.

_Obrigado pe, eu amei demais.
_Sabe que eu estou sempre aqui né.
_Eu sei, você sempre esteve não é mesmo.
_Eu amo você Valentina, porfavor se lembre disso todos os dias.
_Eu também pe.

Abraço ele apertado tentando manter um pouco da paz que ele me trás comigo por mais tempo, me abrigando ali em seu abraço, e por um momento queria somente fugir dali com ele pra qualquer lugar.

_Tchau pe.

O que você roubou de mimOnde histórias criam vida. Descubra agora