IV

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O bater das espadas pode ser ouvido ao longe. Com o treino do último dia, os dois resolveram transformar isso numa rotina, como forma de passar o tempo e ficar mais forte. Zoro ergue a katana e gira, para dar um golpe em (S/n), que defende e o joga pra longe logo em seguida. Zoro corre novamente em sua direção, mas, desta vez, mirando em suas pernas. Quando vai dar o golpe, (S/n) pula, desviando no processo, e posiciona a espada para cortar a cabeça de Zoro, porém, o mesmo defende com a katana em sua boca. O raciocínio de (S/n) é cortado por algo visto no horizonte.
— Ei, Zoro.— Chamou.— Olhe.
— O que é?
— Ah, esqueci que você é cego.— Murmurou com desdém, pegou o telescópio e o entregou a ele.— Ali, pra lá.— Apontou com o dedo.— É a próxima ilha. Vamos chegar lá por volta de 12:00, aí poderei me livrar de você.
— O quê disse?— Zoro ataca novamente, com o nitoryuu, em um golpe em formato de X. (S/n), focada no ataque, não percebe que o espadachim lhe dará uma rasteira, assim, a fazendo cair no chão.
— Você foi derrotada.— Diz Zoro, em cima dela, com a lâmina da espada apontada para a sua garganta.
(S/n), que não é burra, percebe que ele não estava a imobilizando, que seria o certo em uma luta, e o único membro que não o fazia cair era o braço direito, apoiado no chão. Ela então, pensa rápido e puxa seu braço, e ele perde o equilíbrio e cai, (S/n) se esquiva e sobe em cima do rapaz no chão de madeira do barco, segurando seus braços, e suas pernas.
— Quem foi derrotado?
— Tá bom, (S/n), agora pode sair de cima?
— Sabe que é adequado que você deve sempre imobilizar seu adversário para que ele não levante? Não achei que você era tão inocente.
— Você é impulsiva demais!— Reclamou.— Não queria te machucar!
— Awn... Muito fofo.— Falou ela, ironicamente.
Zoro revirou os olhos. (S/n) encarou aqueles olhos verde esmeralda, focados nas nuvens à cima deles.
— (S/n), tá me machucando.
Ela parecia hipnotizada, com a cabeça nas nuvens, sem perceber, foi chegando cada vez mais perto.
— (S/n)? Tá me ouvindo? Ei, cabeça de vento!
(S/n) sonhava acordada, totalmente fora de si, seja as ondas do oceano, o canto das gaivotas, o vento contra sua pele, o balançar do bote ou os gritos de Zoro, tudo pareceu silencioso e calmo; o mundo congelou pra ela. Seu corpo agia sozinho, a razão gritava, mas como o resto do planeta, ela não poderia ser ouvida. A única coisa que sentia era seu coração disparado através do peito. Zoro se calou, percebendo o quão próximos estavam, porém, contra o chão, não havia como recuar. (S/n) não parou, seus narizes se encostaram, o espadachim ficou imóvel e sem reação. Ela parecia estar pegando no sono, a medida que se aproximavam, seus olhos iam fechando mais e mais, só os abriu de novo quando olhou para Zoro, totalmente confuso, o olhar da garota era inocente, como o de alguém que não faz a mínima ideia do que está fazendo, ou prestes à fazer, como era o caso. Ela encostou levemente seus lábios nos dele, sua mão subiu até sua nuca e o puxou para mais perto, que por consequência, soltara a mão do rapaz, além de que suas pernas agora estavam relaxadas, não mais firmes o prendendo ao chão. Ele poderia tê-la empurrado pra longe ou algo parecido, o que seria previsível, mas não fez, apenas deixou fluir, apesar do desconforto evidente, que parecia mais uma reação de surpresa pela nova sensação descoberta.
— O... O que você está fazendo?!— Exclamou ele quando se afastaram. (S/n) caiu em si, percebendo seu ato. Seu rosto ficou inteiramente roxo de vergonha, rapidamente, se levantou e andou para longe de Zoro, cobrindo a boca. A imprudência de (S/n) é mais uma vez colocada em prática. Sempre faz o quê lhe dá na cabeça, sem pensar nas consequências. É como uma praga.— Por que você...— Passou os dedos pelos lábios.
A espadachim correu pra dentro da cozinha e fechou a porta, sem dar uma palavra, e não saiu de lá pelo resto da tarde.

— Pesquei alguns peixes.— Zoro bateu na porta.— Me deixe entrar (S/n). Eu... Estou com fome! A comida já tá pronta?
O destrancar da porta foi ouvido. Ao entrar, viu ela virada pro fogão.
— Aonde ponho isto?— Ergueu os peixes. A garota apontou para o balde ao lado do balcão.
— Apenas finja que nada aconteceu, okay?— Murmurou.
Zoro se manteve quieto, só observando.
— Minha comida tá pronta?
Ela fez que sim.
O rapaz encheu o prato, pegou uma garrafa de sake e sentou-se na cama.
— Não vai comer?
— Não estou com fome.
O espadachim perdido comeu sua janta em silêncio, a olhando de longe. Quando terminou, se pôs em pé e caminhou até a pia, deixando as louças sujas lá. Notou que (S/n) evitava o olhar.
— Por que está me evitando?
— Você já sabe a resposta.
— Não sei, não.
— Sabe sim. Só esqueça isso, tá bom? Amanhã nós chegamos na ilha e você segue seu caminho e nunca mais nos vemos.
— Esquecer que você me beijou?— Chegou mais perto e segurou seu queixo.— Por que você me beijou? Me diga.
— Foi porquê...— (S/n) tentava pensar na desculpa mais rápida que viera em sua cabeça.
— Por quê me ama?— Arregalou os olhos, sem o responder. Lembrou-se de quando ficava nervosa e animada quando dividiam aquelas garrafas, ou quando ele a chamava de forte nas entrelinhas. Sempre sentia uma alegria imensa e o bater acelerado do coração.— Você me ama, (S/n)?— Sussurrou.
— Não! Você está ficando louco! Eu nunca...— Encarou novamente seus olhos verdes, iluminados pela luz da lua vinda da única janela.— Iria me apaixonar...
Zoro não a deixou terminar. Calou-a com um beijo.
— (S/n), você me ama?— Perguntou, novamente. Sempre que (S/n) respondia um "não", era calada por outro beijo, um seguido do outro. Permaneceu imóvel e ofegante. Disse a si mesma que talvez fosse uma má ideia deixar que ele a beijasse até confessar, mas, aquele poderia ser o único jeito dela ceder.— Diga a verdade.
— Eu... Eu... Na–
Outro beijo a calou, porém, um beijo diferente, lento e devagar, podia ser capaz de esquentá-la por completo, era apaixonante.
— Eu... Amo...— Sussurrou, sua voz, carregada de desejo. Passou os braços pela nuca de Zoro e o trouxe para mais perto, o trazendo para outro beijo, que posso dizer, não foi tão rápido quanto os outros.
A última noite tinha que ser fechada com chave de ouro, oras.

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Three Earrings • Imagine Zoro •Onde histórias criam vida. Descubra agora