Grady Memorial Hospital Pt 1

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Atlanta - Cinco Anos Antes

Beth Greene:

A primeira coisa que Beth percebeu ao retomar a consciência, foi o quão errada a sua situação parecia.

Tinham lhe posto em um carro — que se movimentava rapidamente na estrada escura — e, se as últimas memórias da garota estavam corretas, não fora Daryl a fazê-lo. Daryl. Uma onda de pânico consumiu Greene, tornando impossível a tarefa de fingir que ainda estava desacordada. Ao abrir os olhos, ela tateou a si mesma em busca das armas, constatando com horror que não sobrara nenhuma.

Haviam dois homens na parte da frente do veículo, o cabelo excessivamente engomado do motorista praticamente reluzia debaixo da luz dos faróis vinda do lado de fora. Notando que Beth tinha acordado, ele sorriu de um jeito que fez a garota estremecer, atingida por uma súbita náusea.

A moça encontrava-se coberta de terra, suor e sangue dos mortos, não conseguia lembrar da última vez em que tomara um banho de verdade e preferia nem pensar na imundicíe dos próprios cabelos, que aquele homem lhe encarava com tamanha lúxuria através do espelho retrovisor, dizia muito sobre quem ele deveria ser.

" Bom te ver de volta na terra dos vivos. Você teve sorte de termos te encontrado, um dos mortos estava de olho nessas suas pernas, mas eu vi elas primeiro ". Ele falou, como se não fosse nada de mais e a garota quis vomitar.

Seu companheiro no banco do carona parecia fingir que ela não existia, o quê, dadas as circustâncias, era um alívio e tanto.

'' O homem que estava comigo? Cadê ele? ''. Perguntou, ignorando a Indagação repulsiva do motorista.

Beth lembrava dos mortos invadindo a casa funerária e de desobedecer ao comando de Daryl para que corresse, em ordem de abrir caminho pra ele do lado de fora. Exceto que a garota não estava tão forte quanto pensava e acabou desmaiando.

" Ele morreu. Quase não conseguimos salvar você, sinto muito ".

Mentira. Aquilo era uma enorme mentira, o homem parecia tão seguro de si mesmo que nem se deu o trabalho de soar convincente, e começou a tagarelar sobre a comunidade da qual fazia parte, mas Greene já achava difícil acompanhar o rumo da conversa, sentia-se mais gelada por dentro a cada segundo.

O que mais incomodou foi a maneira com a qual ele disse que Daryl estava morto, como se Dixon não fosse ninguém, como se Dixon não fosse a pessoa mais importante do mundo pra ela no momento. Morto. Simples assim. Morto dias depois de Beth ter dito que ele seria o último homem de pé.

Greene precisou de um momento para parar de tremer e organizar as próprias idéias, então respirou fundo e ergueu a cabeça.

'' Obrigada pela ajuda, pode parar o carro agora, eu quero descer ''. Disse, tentando soar o mais recomposta possível, o tom agudo em sua voz denunciou o quão desestabilizada ela estava.

" Olha, sinto muito pelo seu amigo, mas não vou parar o carro e arriscar nossas vidas, você está salva agora ". O motorista nojento bradou, exibindo mais um sorriso repulsivo.

Pânico, borbulhante e aterrorizador começou a se acumular no peito da garota, deixando-a zonza, pondo até mesmo a dor lancinante que sentia no corpo em segundo plano. Ela tinha que sair, ela tinha que voltar, se Daryl estivesse machucado, precisaria de sua ajuda, ela não era útil pra ninguém no banco de trás daquele carro.

'' Eu não dou a mínima, não tenho a menor intenção de participar da sua maldita comunidade, me deixa descer, agora ''. Exigiu, seu timbre beirando a histeria.

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