We Are All Negan

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Washington - Atualmente

Elizabeth Greene:

Após passar uma boa parcela da vida sentindo-se indefesa e dependendo da boa-fé de outras pessoas, Elizabeth simplesmente odiava quando as coisas saíam de seu controle. Aquela noite gélida, com um vento cortante que se movia entre as árvores, trazendo o cheiro pútrido dos mortos vivos e o aroma salgado de sangue fresco e obrigando a mulher a apertar mais a jaqueta de lona que vestia contra o próprio corpo, era um exemplo perfeito disso.

Apesar de ter chegado na clareira após as mortes, Greene era incapaz de conter a sensação alastrando-se gradualmente na boca de seu estômago, o mesmo sentimento terrível de desesperança que não experimentava desde a fuga em massa do Grady Memorial Hospital em Atlanta, há cinco anos. Mesmo com o pânico crescente, a mulher manteve o rosto seguro por trás de uma máscara de indiferença, se portando com o mesmo tipo de confiança que tinha lhe ajudado a sobreviver até ali, o mesmo tipo de confiança que fazia os outros Salvadores olharem para ela como exemplo.

Sua preocupação não tinha nada a ver com as pessoas postas de joelhos no círculo de execução aonde dois homens já perderam a vida; A garota olhava pra eles e só sentia desprezo pela monstruosidade que fizeram. Aquela gente destruíra por completo o posto avançado dos Salvadores na base de satélite sem nenhum motivo aparente, e quando Negan mandou Dwight com uma equipe para capturá-los, eles mataram mais da metade das pessoas enviadas.

Em outra época, ela estaria em êxtase de felicidade pelo reencontro com seu antigo grupo, mas aquela menina ingênua já não existia mais e a única coisa lhe impedindo de desobedecer às ordens de Negan e matar todos eles ali mesmo, era o homem pálido e coberto de sangue que, a seu pedido, Dwight tirara da zona de perigo.

Não era para Daryl estar ali, Dwight deveria tê-lo movido muito antes de os Alexandrinos serem capturados e agora Elizabeth sentia como se tudo houvesse espiralando para fora de seu alcance.

Daryl não merecia aquilo. Greene duvidava que o ataque que Alexandria realizara contra os Salvadores tivesse sido ideia dele, o caçador provavelmente só foi junto para proteger o resto dos miseráveis que chamava de grupo, porque ele era assim, leal ao ponto da lealdade se tornar uma estúpidez cegante.

A raiva preenchendo-lhe era tamanha, a mulher percebeu, que fez com que se esquecesse de que não era a única sofrendo pelas mortes no posto avançado. Através da clareira, o restante dos Salvadores parecia igualmente afetado e em necessidade de justiça. Foram os amigos deles que o pessoal de Rick tinha matado a sangue frio, irmãos e irmãs, maridos e esposas, filhas e filhos.

" Porra, que nunca seja dito que eu não sou misericordioso pra caralho. Vocês invadiram a base de satélite no meio da noite como uns ratos de merda, e mesmo assim, vou deixar que se livrem praticamente de graça ". A voz zombeteira de Negan silenciou as conversas sussurradas em segundo plano e o homem se virou, estendendo uma das mãos para Greene.

Elizabeth não hesitou, apenas se moveu com graça até o homem esperando. Era justo que fosse ela a escolher quem seria tirado do grupo de Rick, considerando quem eles tiraram dela. Ignorando a pontada de dor que lhe varreu de repente, Greene deixou que seus olhos claros recaíssem sobre as duas poças de sangue e massa cefálica aonde as cabeças dos homens que Negan matara deveriam estar e um senso de justiça a fez erguer o queixo orgulhosamente.

O lí­der dos Salvadores tinha razão, eles escaparam quase de graça.

" B-Beth? ". A voz fraca de Maggie fez com que a loura virasse a cabeça automaticamente, seu rosto cuidadosamente neutro. A mulher mais velha parecia adoentada e exausta, Elizabeth precisou empurrar a preocupação imprópria que insistia em violar suas barreiras de controle para longe.

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