PERIGO

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Capítulo 14 – Perigo

– O que tá acontecendo com você? – Louise perguntou a Jeon assim que o viu parado de costas no meio da cozinha. – Está a noite toda irritadinho por nada. Pensei que estaria feliz. Pegamos eles. Acabou. Então qual é a merda do problema?

– Não é da sua conta. – Jeon respondeu irritado. Sua cabeça estava a mil. Sentia como se a qualquer minuto fosse socar alguém. Precisava descontar sua raiva em algo. Porque tudo tinha que ser sempre tão complicado. – Volte pra lá e me deixe em paz.

– Não é assim que as coisas funcionam, Jeon. – Louise voltou a dizer, um tanto mansa, tentando chegar na origem do problema. – Somos uma família, Jeon. Não deixamos ninguém para trás. Conte o que tá acontecendo e vamos resolver. Juntos. Como sempre.

– Não tem o que resolver. – Ele rebateu cansado do discurso "somos uma família". Havia percebido a pouco, que aquilo era uma grande hipocrisia. Já que sua "família" estava tão decidida a mante-lo afastado. – Nada está quebrado. Na verdade, o que estava, vocês já estão concertando, não é? – Questionou irritado e irônico, fazendo a menina recuar.

– Jin tá preocupado com ele. – Tentou se defender.

E eu não to? – Riu sem humor. – Eu to me matando aqui. Eu não consigo dormir, porque acordo com os gritos dele. Não consigo me concentrar em nada, porque ele quer voltar a sair, como se a bosta do mundo fosse segura pra ele, e eu não posso seguir ele a cada passo. Não consigo ter um segundo de paz, porque quando ele precisou... – Uma pausa foi feita, Louise não sabia o que Jeon estava vendo por cima de sua cabeça, mas o olhar do cara mais durão que ela conhecia vacilou antes de se voltar para ela e responder em voz baixa e abatida. – Eu não consegui chegar a tempo...

Por um segundo, ela jurou que ele choraria, mas então um baque oco foi ouvido, antes de um grito alto e carregado de dor. Antes mesmo que ela pudesse ter uma reação, Jeon já havia pulado para fora da cozinha desesperado, como se soubesse quem era.

Jimin estava caído de joelhos no meio do corredor, perto de seu quarto. O corpo inteiro do menino tremia, como no dia em que havia o encontrado naquele maldito metro. Lagrimas grossas e espessas escorriam pela suas bochechas.

Ele parecia tão frágil e pequeno naquele momento, como se a dor fosse insuportável e Jeon se sentiu tão impotente, como se não tivesse nada que pudesse fazer. Abraçou o corpo caído, tentando acorda-lo.

– Jimin! – Chamou desesperado. Já havia visto pessoas morrerem na sua frente. Amigos e família, mas nada comparava ao desespero que sentiu naquele momento. Nunca havia sentido algo como aquilo. – Jimin, olha pra mim! – Pediu segurando o rosto do menino entra suas mãos.

Jimin parecia em transe, catatônico, tremendo, chorando, seu corpo estava mole e sentiu que o menino apagaria logo. Jeon tinha uma leve consciência de que estava sendo observado, mas apenas manteve o corpo tremulo perto do seu, o impedindo de cair no chão e quando Jimin finalmente apagou, Jeon respirou tremulo, só então percebendo o quão acelerado e pesado seu coração estava.

Sem soltar o seu menino, olhou ao redor a procura de ajuda e encontrou o olhar apavorado de Jin sobre ele. SeokJin não conseguia acreditar no que seus olhos estavam vendo. Uma parte sua chorava, por ver seu irmãozinho naquele estado. Outra parte, queria retirar Jimin dos braços daquele homem, botando espaço entre eles e o proteger do mundo, mas no fundo, estava surpreso pelo modo como Jeon segurava seu irmão com tanto amor e carinho. Como se sua vida também dependesse daquilo.

Era nítido o quão... apegado Jeon estava com Jimin e era obvio que Jimin sentia algo por Jeon, algo que Jin esperava ser pequeno e frágil o suficiente para sumir com o tempo. Porque Jeon só iria machucar seu irmão e ele não permitiria que Jimin sofresse novamente, não se pudesse impedir.

GEMEALIDADE - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora