IRMÃOS

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Capítulo 15 – Irmãos

Park Jimin On

Meu rosto estava melado e mesmo com o ar ligado, eu me sentia quentinho. Uma sensação de segurança se apossava de mim e mesmo que minha cabeça latejasse por algum motivo, eu me sentia em paz. Era como se eu tivesse acabado de acordar de um coma.

Abri meus olhos com dificuldade e sorri fraco ao notar que estava sendo abraçado. O primeiro que passou pela minha mente foi Jin, mas aquelas não eram as mãos dele. Eram grandes, fortes e continham algumas cicatrizes de cortes ou queimaduras. Eram mãos de atirador.

Olhei para cima e senti meu estomago revirar ao ver o rosto dele tão perto, com um aspecto cansado e sereno. Aquele era meu quarto, o abajur em forma de gatinho deixava isso muito claro e isso apenas reforçava a pergunta que rondava a minha mente, o que ele estava fazendo aqui?

– Jimin? – Ele chamou com a voz rouca pelo sono. – Está acordado a muito tempo? – Ele questionou parecendo preocupado. – Você tá bem? Sente alguma coisa? – Encarei seus olhos e podia ver preocupação genuína neles.

– Minha cabeça tá doendo, mas eu to bem. – Respondi dengoso voltando a deitar minha cabeça no seu peito e rodeando seu tronco com os meus braços, em um medo bobo e repentino que ele resolva ir embora. – O que aconteceu?

– Eu que deveria perguntar isso. – Ele disse com um falso humor. – Você anda vai me matar garoto. – Afirmou levantando minha cabeça para encarar meus olhos. – Você teve um tipo de ataque. Estava chorando, gritando e tremendo de novo. Parecia te faltar o ar, como se estivesse sufocando aos poucos e não ouvia ou falava nada. Foi horrível. – Eu engoli em seco. Não conseguia me lembrar de nada com clareza, mas a dor de cabeça me provava que o pouco que eu lembrava era verdade.

Suprimi qualquer memória, não queria passar por aquilo de novo. Meu olhar procurou o seu com medo. O que estava acontecendo? Eu estava enlouquecendo? Porque isso voltava a acontecer? Porque a dor nunca passava?

– Ainda está escuro. Pode voltar a dormir. – Ele me disse quando percebeu que não teria uma resposta clara. – Vou voltar para o meu quarto. – Eu o apertei mais, o impedindo de levantar.

Fica. – Pedi olhando em seus olhos. – Dorme comigo hoje. – Seu olhar era vacilante, como se travasse uma luta interna. – Eu preciso de você, Jungkook.

Você pega pesado, garoto. – Ele disse jogando a cabeça pra trás e desistindo de se levantar. Sorri afundando ainda mais meu rosto contra seu peito e suspirei feliz por ter ele ali. Era como estar seguro novamente. – Isso... Está cada vez mais difícil.

Você está dificultando. – Disse com a voz abafada.

– Eu? – Ele disse rindo incrédulo. – Não sou eu que... – Ele não terminou de falar e minha curiosidade falou mais alto, me fazendo olhar para ele. – Eu não to, mas queria estar. – Ele admitiu mais para si mesmo do que pra mim.

– Eu não sei o que você está pensando, Jungkook. – Eu disse em um tom baixo. – Mas deveria confiar mais em mim. – Ele me encarou nos olhos, como se me enxergasse pela primeira vez.

– Eu confio em você, Jimin. É em mim que eu não confio. – Admitiu com um tom melancólico. – E ninguém parece confiar.

– Eu confio. – Fui firme. – Confio em você de olhos fechados. – Ele sorriu fraco e beijou minha testa, como se eu fosse uma criança sonhando com um conto de fadas.

– Acho que esse é o problema. – Ele disse baixinho. – Você também não deveria confiar.

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GEMEALIDADE - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora