Memórias

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GWEN

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GWEN





— Eu havia até esquecido da existência desta sala. — Harry comentou, entrando depois de mim. — Costumava brincar aqui, agora virou um estúdio.

Mais uma tarde de ensaios chegara ao fim, essa fora menos cansativa ao meu ver; apesar de achar divertido aprender sobre alguns daqueles assuntos, já via-me presa à este processo por semanas e gostaria que findasse em breve. Elizabeth e Helena foram de carruagem até o centro comercial, não muito longe daqui, para passearem. A princesa disse que eu poderia acompanhá-la se quisesse, mas eu sabia que deveria fazer alguns anos desde que ela não via Helena e não quis manter-me por perto nessa ocasião. Assim que a rainha nos dispensou, elas saíram e eu e Harry combinamos de passar na cozinha para comer, já que já estávamos ali e as horas anteriores haviam sido longas. No caminho, acabamos passando por uma das diversas portas daquele castelo enorme, estava aberta e eu pude observar o lado de dentro. Ao ver as telas junto aos milhares de tintas que existiam ali, puxei Harry para entramos. Era lindo e enorme — assim como qualquer cômodo deste lugar — e eu estava curiosa.

— Você pinta? — perguntou.

— Não. Quer dizer, eu acho admirável quem domina esse tipo de arte e já rabisquei algumas vezes quando era mais nova, mas nada que fosse digno de apreciação. — expliquei.

— Entendi.

— E você? — perguntei, passando a mão pelas cortinas de plástico levemente manchadas e abrindo-as para ver o que tinha atrás.

— Não há nada que eu não saiba fazer. — ele disse com certo tom brincalhão. Olhei em sua direção e balancei a cabeça. — É claro, a não ser dançar, mas estou tornando-me mestre neste ofício também.

— Que modesto.

— Minha maior virtude.

Ainda com os lábios esticados em um semi-sorriso, ergui os pés para puxar as telas guardadas na estante. Tudo que conseguia tocar de início eram as pontinhas, mas estava quase lá.

— Deixe-me pegar...

— Não, eu consigo. — interrompi sua fala, sentindo que a tela estava saindo. Quando sorri por ter conseguido, senti o corpo do príncipe aproximar-se e suas mãos agarrarem meu braço, puxando-me para o lado. Os potes de tinta que estavam apoiados na tela que retirei despencaram logo em seguida, batendo contra o chão e sujando nós dois depois de estourarem. Coloquei as mãos na boca e olhei para o garoto ao meu lado.

— Iam despencar sobre sua cabeça. — ele disse ao soltar o meu braço e analisar nossas roupas.

— Eu não tinha visto. — ergui as pontas do vestido para ver o arco-íris improvisado formado por ali.

— Por isso eu pedi que deixasse-me ajudá-la, Guinevere. — balançou a cabeça, caminhando para os fundos. Eu apenas observei-o antes de ouvir sua voz soar ao longe, então ir aumentando de volume conforme ele voltava para perto: — Se você morresse, iriam pensar que resolvi vingar-me de seu atentado.

Anamnese | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora