Era uma vez

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GWEN





Dois dias. Havia passado dois dias desde que o príncipe deixou essa cela depois de eu recusar-me a responder qualquer uma de suas indagações fúteis. Nesse tempo, não me faltou o que comer e nem o que beber, já que os serviçais do castelo traziam o alimento todos os dias nos horários corretos. No entanto, mais tarde, quando vinham recolher e repor outra refeição, encontravam a última da mesma maneira que haviam deixado. Recusei-me a comer da comida que eles ofereciam. De qualquer forma, não esperava que deixassem-me viva depois do atentado.

Cada segundo, hora e dia que eu passava presa aqui, acorrentada, contribuía com a raiva em meu interior. Eu falhei, e nem ao menos posso saber o que está acontecendo do lado de fora dessas grades. Será que o meu pai sabe do que houve? Deve saber. Tenho certeza que não falam em outra coisa em todo o reino senão sobre a garota que atentou contra a vida do herdeiro real. A minha dúvida era se Joseph faria algo a respeito.

No começo, eu mantinha-me acordada o máximo que podia, analisando cada canto da espelunca na intenção de escapar, mas, conforme o tempo passava, meu corpo cedia ao cansaço, à fraqueza e ao sono. Talvez eu tivesse sorte de derrubar o servo que vinha abastecer água e comida e passar pelo portão aberto, talvez não; mas para isso eu teria de soltar-me primeiro das correntes, o que não era nada fácil, considerando que haviam tirado de mim todas as armas escondidas pela minha roupa assim que enclausuraram-me aqui. Além disso, eu estava muito fraca para uma luta. Os desmaios e as sensações de tremor eram constantes, minha boca rachava devido à sede e era cada vez mais difícil manter os olhos abertos.

- Era uma vez, - meu pai aconchegava-me ao travesseiro junto aos cobertores enquanto contava a história para que eu dormisse. Eu, agarrada à pontinha do tecido, mantinha-me bem atenta à suas palavras. A melhor parte do dia tornou-se esta desde que Joseph começou a contar-me histórias, de tanto eu insistir, para dormir, eu adorava ouvi-las e, com o tempo, ele passou a gostar de contá-las. - um rei lobo que lutou em uma guerra pelo bem mais precioso de todo o reino: sua linda princesinha. Mas a vitória dessa guerra teve um preço, ele perdeu grandes aliados e amigos. Novos inimigos surgiram. Então, o rei lobo permaneceu sozinho, e não foi um final nada feliz. Mas, de vez em quando, até os finais mais terríveis não são realmente finais. E você deve saber, pequenininha, - Papai tocou a ponta de meu nariz levemente ao brincar, eu dei risada - que, mesmo quando tudo parece estar repleto de cinzas, em nossa história, há sempre um novo capítulo a ser contado.

Ele retirou alguns fios de cabelo sobre meu rosto e preparou-se para dar desejar-me uma boa noite de sono, mas eu o parei antes:

- Papai, você pode contar só mais uma? Por favor?

Demorou até que aceitasse, mas nada que olhinhos cobertos de fofura e desprovidos de sono não resolvessem. Eu implorei que dissesse-me sobre Gwen outra vez e Joseph cedeu.

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