Dever antes do lazer

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HARRY

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HARRY





Minha cabeça, assim como todo o meu corpo, doía. Adormecer encostado em uma árvore não era nada confortável, faria uma anotação mental para que isso não acontecesse novamente. Ao entrar no castelo, recebi os olhares confusos de alguns funcionários e da guarda, felizmente nenhum deles faria perguntas, mas eu sabia que as especulações iriam rondar o castelo logo mais. Ainda não tinha certeza de que horas eram, mas era cedo e provavelmente meus pais já estavam de pé; tive a confirmação quando entrei no corredor de meu quarto e encontrei a rainha, provavelmente à minha procura. Olhei rapidamente para os lados, mas não havia maneira de esconder-me dessa vez.

— Bom dia, minha mãe. — falei com um sorriso ao aproximar-me, mas sua expressão não era a mais alegre. Sorri e cumprimentei sua dama de companhia e os guardas que a acompanhavam.

— Edward! — ela sorriu forçadamente. — Por favor, deixem-nos sozinhos, eu quero conversar com o príncipe. — pediu. Já sabia que a conversa não seria agradável.

Continuei caminhando até meu quarto, daria tudo para ter algumas boas horas em minha cama, mas claro que minhas tarefas como príncipe não iriam permitir. Ao menos Gwen e eu havíamos conseguido recuperar os cavalos e leva-los em segurança de volta ao estábulo. Isso havia custado a noite toda e, provavelmente pelo cansaço, caímos no sono ali mesmo pelo jardim, sorte não sermos pegos.

— O que está havendo com você? Não apareceu para as refeições ontem, mal falou com Celeste pois eu perguntei, ainda veio com aquela história de adiar o casamento e, pelos céus, Harry, eu nem quero saber onde ou com quem passou a noite! Sei que em seus aposentos não foi. O que iríamos dizer caso fosse pego com outra mulher? Deus tenha misericórdia! — A rainha falava sem parar enquanto acompanhava-me.

— Mãe, pelo amor de Deus, eu não estou envolvendo-me com outra mulher! Esse casamento nunca foi algo que eu quis, mas eu jamais seria respeitoso desta maneira a ponto de magoar Celeste. — suspirei pesadamente enquanto abria a porta de meu quarto, encontrando a cama devidamente arrumada, já que eu não havia dormido ali, e meu uniforme real pronto para mim.

Minha mãe pareceu aliviada, mesmo que no fundo soubesse que seu filho não era nenhum crápula. Ela sentou-se sobre a cama enquanto eu retirava a roupa ainda da noite anterior, momentos que mais tarde viriam-me à cabeça, mas agora eu não me permitiria pensar muito e ficar ainda mais confuso. Olhei para o relógio preso na parede: oito e meia da matina, o que significava que eu já havia perdido o café da manhã, mas infelizmente não o restante dos compromissos. Observei minha mãe caminhar até mim, seu olhar de compaixão sempre acalentava um pouco meu coração, no entanto, conforme os anos passaram-se e eu deixei de ser criança, aquilo perdia, dia após dia, a magia para mim.

Senti suas mãos dedilharem minhas costas, era uma mania que ela tinha adquirido desde que as marcas presentes ali formaram-se. Apenas mais uma das causas que impediam-me de esquecer o fatídico dia que mudou a minha vida.

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