Livre! Ou quase...

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GWEN

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GWEN






Eu poderia, sem nenhuma dificuldade, contar à qualquer um que quisesse ouvir qual a quantidade de pedras que fazem parte da construção dessa masmorra, considerando o tempo que tenho passado aqui. Não havia nada mais interessante para se pensar desde que os devaneios sobre meu pai deixaram de atormentar-me. Bom, nada até hoje de manhã, quando saí para ir ao Coliseu. Depois disso, os meus pensamentos resumiram-se no combate recente com o príncipe. Estava certa de que podia pôr um ponto final em tudo, daria certo, eu tinha o preparo e o foco necessário, então, em questão de segundos, não tinha mais nada.

Estiquei as pernas para o ar, com as costas apoiadas no banco frio de mármore da espelunca habitual, enquanto revia, em minhas memórias, cada momento do confronto. Lembro-me de ter o príncipe próximo o suficiente, a espada estava firme o suficiente, era a chance perfeita! E eu não reagi. Quando fitei os olhos claros que ele possuía, tão de perto, senti como se, por um momento, estivesse em casa de novo. Não quero dizer o lar literal, mas o sentimento de lar. É como quando você está perdido em algum lugar desconhecido, então acha aquele ponto de referência do qual lhe falaram, fica aliviado e sabe que está perto do destino, perto de encontrar as pessoas que esperam por você. O lugar ao qual você pertence. Não sinto-me assim desde que Joseph deixou de contar as histórias sobre minha mãe e, com certeza, não esperava que fosse sentir olhando nos olhos de alguém a quem estou prestes a matar.

Passei as mãos no rosto e deixei as pernas caírem no apoio. Nada mais fazia sentido na minha cabeça, e estava cansando de pensar sobre aquilo, afinal quanto mais eu esforçava-me para entender, menos sentido fazia. Eu agradeci mentalmente quando Timothée apareceu em frente minha cela e levantei-me, apressada, indo ao seu encontro.

- Você demorou. - apoiei a mão nas barras de ferro enquanto observava-o procurar pela chave certa no meio de tantas que segurava.

- Desculpe-me se a senhorita não é a minha prioridade vinte e quatro horas por dia. - ele sorriu irônico e eu o acompanhei.

- Para onde vamos?

- Levarei você até Marlee, precisa estar apresentável até o anoitecer. - explicou o garoto, abrindo espaço para que eu saísse da cela. Parei ao seu lado e esperei que mostrasse o caminho.

- E posso perguntar para quê?

- Suponho que possa. Já se eu a responderei, não posso afirmar.

- Que gentil. - Observei sua expressão séria de perfil enquanto andávamos até a tal Marlee, ele movia os olhos pelos arredores do caminho e, vez ou outra, olhava-me pelo canto do olho. Eu esperava que estivéssemos indo para algum tipo de tratamento especial oferecido aos prisioneiros vencedores para que deixassem o castelo e tomassem posse de sua liberdade em grande estilo, mas as chances eram quase nulas, principalmente nessa situação. - Estive pensando... Não lhe vejo acompanhando outros prisioneiros, são os soldados que os tiram e os levam de volta para as celas. Achei que fosse o responsável por eles também.

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