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Minhas mãos estavam tremendo

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Minhas mãos estavam tremendo. Meus braços também e minhas pernas não ficavam para trás. Antes eu sabia que a tremedeira era culpa do frio que a chuva me causou, mas agora, eu não sabia diferenciar se era da gripe que viria me atormentar ou se era da raiva que eu estava sentindo por Jasper.

A primeira coisa que eu fiz ao chegar em casa foi jogar meu celular em cima da bancada de mármore e checar se ele estava molhado, a segunda, foi apoiar minha cabeça em minhas mãos e respirar fundo duas vezes antes de levantar outra vez.

Se eu não parasse de tremer, não conseguiria chegar a lugar algum.

Respirando pela boca, tirei os meus sapatos primeiro e passei a blusa pela cabeça, tendo certa dificuldade com ela em meus braços. Em seguida, tirei minhas calças super apertadas e grudentas e deixei elas no canto para só depois recolher e lavar.

Tremendo ainda mais, deixei todas as minhas coisas na cozinha e fui correndo até o banheiro.

Quando passei pelo quarto de Hailey, sua porta fechada, ouvi ela chamar o meu nome, mas não voltei para conferir, eu precisava de muita água quente e talvez depois um chá de camomila bem forte para me acalmar de vez.

Abri o registro do chuveiro na temperatura mais alta que meu corpo poderia aguentar e me enfiei ali embaixo assim que a corrente de água esquentou.

— Por Deus, Perséfone, eu consigo ouvir os seus dentes batendo do meu quarto! Porque não me chamou que eu te dava uma carona? — Hailey perguntou meio receosa, aparecendo do outro lado do vidro do box do banheiro. — Cadê a sua roupa?

— Está perto da porta. Pode deixar que assim que eu sair já tiro de lá — falei antes que ela me xingasse por deixar roupa molhada jogada por aí. Hailey era bem organizada, e eu nem tanto.

— Não tem problema, eu tiro. Vou esquentar um pouco da sopa que eu fiz ontem, talvez ajude com o resfriado que você vai pegar. Coloquei bastante alho. — Ela deu uma respirada bem funda e jogou umas duas toalhas sobre o metal que segurava o vidro ao meu lado. — Estou falando sério, ta? Você precisa começar a se acostumar a andar de carro, Nena. Não imagino o quão difícil é para você, mas não tem como viver assim para sempre. Você sabe, né?

Hailey é uma das únicas pessoas que realmente sabe  que aconteceu comigo a alguns anos atrás, e ela era uma das únicas que sempre me respeitou e entendeu.

— Você não é a melhor pessoa para falar isso.

O cômodo se calou no mesmo momento, uma tensão infinita se enrolando em nossos corpos.

Fechei os olhos lentamente, deixando a água escorrer direto da minha cara.

— Desculpe, eu... — Comecei, mas quando abri os olhos outra vez, Hailey já não estava ali e a porta estava fechada.

Respirando fundo, contei até cinco e me livrei do creme que estava em minhas mãos na toalha de banho estendida.

Depois andei até a cozinha que se dividia com a sala, e olhei para as costas de Hailey. Ela já tinha consciência que eu estava ali, então obviamente estava me ignorando.

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