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JASPER BUTLER

— Dite? — No fundo do meu sonho, eu podia ouvir alguém agoniado falando essa exata palavra. Ignorei.

Ela retornou, mais alta, mais próxima....

— Jasper! Dite! — Agora a voz estava embolada em um choro não derramado. Pisquei e esfreguei meus olhos, virando o corpo para o lado com um cansaço forte.

Freya estava com as mãos no ombro de Perséfone, sacudindo seu corpo.

— O que foi, pequena deusa? — murmurei, vendo que Perséfone também começava a despertar. — Quer um copo de água?

Coloquei a mão em sua testa, medindo a temperatura. Tinha abaixado um pouco, mas ainda estava febril.

Depois da janta, coloquei um termômetro nas duas e medi a temperatura de ambas. Perséfone estava tranquila, mas Freya não. Ela estava um pouco acima da temperatura normal e Perséfone alegou já ter dado um remédio para melhorar. Adiantou um pouco, pelo visto.

Freya começou a negar com a cabeça, seu rosto pálido foi tomado por algumas lágrimas.

— Minha barriga está tremendo. Eu acho que alguma coisa subiu pela minha garganta — disse ela, com a mão em um dos olhinhos. Notei seu lábio tremendo, a boca curvada para baixo em um choro iminente.

— Você quer vomitar? — Perséfone perguntou ao se sentar, colocando o cabelo da irmã para trás. Ela ficou muito acordada muito rápido.

A garotinha começou a respirar com dificuldade, e então assentiu depressa.

— Eu ia no banheiro mas eu não consigo me levantar — ela chorou mais, esfregando a garganta.

— Tudo bem, eu levo ela.

No momento em que coloquei a mão em seu bracinho pequeno, querendo ajudá-la a sair da cama, seu corpo se torceu para frente e ela despejou toda a sopa sobre o braço de Perséfone.

A mesma jogou a cabeça para o lado a tempo o suficiente para não atingir seu rosto, mas parte de seu cabelo foi acertado pelo líquido viscoso. Assim como o travesseiro, blusa e shorts de dormir. Pegou um pouco em mim também, mas nada muito exagerado.

O cheiro me fez sentir ânsia, e Perséfone não se segurou, vomitou para fora da cama também.

Aquilo virou um show de horrores.

Segurando o cabelo sujo para trás, ela inclinou o corpo para frente e apertou o peito, despejando um pouco mais. Com agilidade, coloquei a mão sobre a dela que segurava os cachos, e fiquei de joelhos na cama para segurar a cabeça dela. Perséfone estava tão fraca que seu corpo balançava, e isso me deixou com medo de que ela desmaiasse.

— Desculpa Dite, eu sujei seu cabelo — Freya chorava muito alto agora, seu corpo tremia e ela apertava os olhos com força. Desespero e agonia cobriam cada soluço que soltava de sua garganta.

Sem conseguir responder, sua irmã apenas balançou a cabeça.

— Droga — murmurou Perséfone, voltando a ficar ereta. Ela virou o rosto para a irmã, e avaliou seu estado físico e emocional. — Não tem problema, Freya. — Ela pegou a mão dela com a sua e a ajudou a descer da cama. — Sente-se no chão.

Rapidamente, tirei minha blusa e fui até Freya, fora da cama.

— Olhe aqui para mim — usei a parte avessa para secar suas lágrimas, e limpei o pouco de vômito que tinha em sua bochecha. Seus olhos castanhos estavam fixos em meu peito, se recusando a me olhar.

Teimosa igual a irmã mais velha.

— Essas coisas acontecem com frequência comigo e com sua irmã, Rapunzel. Não há o menor problema em ficar doente. Você sabia que até mesmo o Homem de Ferro já ficou doente? — Tentei sorrir para tranquilizá-la, mas a única coisa que ela fez foi assentir, sem sorrisos. — O que você acha de a gente ir lá escovar os dentes?

RECOVERYOnde histórias criam vida. Descubra agora