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Nós tínhamos vinte minutos.

VINTE MINUTOS!

O que tinha se passado na cabeça de vento dele na hora em que me chamou?

Eu já tinha me decidido que beijar Jasper estava fora de cogitação. Mas porque não consegui pensar muito em negar antes de aceitar vir com ele para cá?

Talvez a vontade de fugir de Iago e seus papinhos medíocres e insignificantes fosse forte demais, ou talvez a atração que eu vinha sentindo por Jasper desde o episódio no bar esteja sendo mais forte ainda. Ou vai ver foi apenas a junção das duas.

Após ser dito o tempo que o cronômetro estaria marcando, cujo havia sido iniciado no temporizador do celular de Jasper, a porta atrás de mim foi trancada por fora, me deixando ali dentro sozinha com o único homem que já tinha conseguido tirar a minha vontade de manter uma boa conduta em certos quesitos, se é que me entende.

Ele deixou o celular sobre uma pequena bancada de madeira, que segurava alvejantes e produtos para lavar roupa, como sabão em pó, amaciantes e sabão líquido.

Caminhou até a parede oposta da porta, que ficava a mais ou menos dois metros de onde eu estava. Falando assim, não parecia muita coisa, mas estando na minha situação, dava a impressão de ser espaço demais.

Jasper colocou as costas na parede e me encarou.

Respirando fundo, pude ver pela luz fraca vinda da janela de teto lodo ao nosso lado direto um sorriso se espreitando em seus lábios.

Ele abaixou a cabeça devagar para me olhar, os braços que antes estavam presos cruzados se soltando para que ele ajeitasse a postura.

— Porque me escolheu? — foi a primeira coisa que perguntei, dando um pequeno passo para frente, fugindo da porta.

Fiquei com medo de que alguém pudesse estar ali atrás fuxicando, mesmo que fosse quase impossível se ouvir alguma coisa com o volume da música atormentando meus tímpanos lá fora.

— Porque não escolher?

Jasper devolveu na mesma moeda, encarando no fundo dos meus olhos. Ele estava com toda aquele postura confiante, braços fortes apertados na blusa, lábios vermelhos muito provavelmente por beijar aquela loira e olhos baixos. Todo o mau  humor que vi em seu quarto tinha desaparecido, e era quase engraçado pensar que apenas sumiu porque ele estava dando uns amassos em uma mulher qualquer. 

Balancei a cabeça olhando para cima, sorrindo sem vontade.

— Não faça esses joguinhos — pedi, olhando ao redor do cômodo, buscando refúgio. 

As paredes eram beges, armários velhos seguravam produtos de limpeza de um lado e do outro tinham duas máquinas de lavar, encostadas na bancadinha que estava o celular dele, marcando um minuto.

Decidi que era mais seguro olhar isso dali do que Jasper.

Eu não quis admitir para mim mesma, mas pensar nele com aquela mulher me causava inveja. Eu era muito hipócrita mesmo, me recusar a beijar ele para sentir ciúmes mais tarde.

— Não estou fazendo joguinhos — ele saiu completamente da parede, dando passos curtos para frente, sem nunca deixar de me encarar e mantendo a tensão sufocante. — Porque acha que eu não te escolheria?

Recobrando minha pose confiante, ergui o pescoço e voltei a fitar seus olhos com um sorriso cínico nos lábios. Me aproximei um passo também, apertando as mãos em punhos ao lado do meu corpo.

— Bom, porque você tinha uma loira caidinha por você hoje, bem nos seus braços. Não seria um problema ganhar aqueles dois mil com ela aqui — mordi a língua logo depois de despejar tudo sobre ele, arrependida por ter aberto a boca desse jeito. Meu tom de voz misturado com as palavras soltas por mim deram a impressão errada. De que eu estava com raiva de ele ter feito isso.

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