CAPÍTULO 8

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Clara

—Amor, pra onde vamos? Por que está correndo tão rápido?
Desse jeito vamos bater!

— Acho que estamos sendo seguidos.

— Ah, não! de novo não! Pensei que esse pesadelo tinha acabado.

— Parece que não!

— Eu vou ligar pra polícia.

— Vai ligar pra quê? A essa altura devem imaginar que fugimos pra não sermos pegos.

— Agora essa, culpados! John, a gente veio até aqui em busca da nossa filha.

— É eu sei, mas a polícia não vai pensar assim clara.

— Cuidado!

O carro deslizou em uma ribanceira; capotamos, e daí não me lembro de mais nada. Só vi o rosto do meu marido ensanguentado. Eu não conseguia me mexer. Gritei o mais alto que pude, mas ninguém apareceu.

Gritei, gritei, gritei!
Estávamos em um matagal. Quem iria me escutar meu Deus?

— John meu amor, acorda! Não me deixa, vai John reage!

Bati em seu rosto diversas vezes, seu corpo estava preso ao cinto de segurança. Tentei soltá-lo, mas foi em vão.

— O que vou fazer meu Deus!

Até que avistei o celular no chão. Fiz muito esforço para pegá-lo, meu braço estava machucado. Mas consegui pegá-lo Liguei pra emergência.

— Alô, alô.

A ligação estava chiando. Droga! não tinha sinal suficiente.

Tentei me rastejar pra fora do carro com muita dificuldade, mas consegui. Fui em direção a John: peguei-o pelo braço e fui puxando, ele ainda estava inconsciente. Coloquei-o no chão e bati em seu rosto; por sorte ele acordou. Ufa!

— O que aconteceu?

— Que bom que está aqui comigo! Consegue levantar? Temos que sair, procurar um hospital...

— Espera clara, não dá! Mal consigo andar. Precisa procurar alguém, precisa pedir ajuda.

— Está bem.

Eu nem sabia por onde começar. Que loucura meu Deus! Pra onde vou? qual caminho devo tomar? Estava totalmente perdida.

Corri em direção o que parecia ser a saída. Mas quando parecia sair daquele lugar, me enfiava em outro, eu não sabia pra onde estava indo.

— A bússola! — Pensei.

Lembrei que estava no carro de John.

— Claro! como não tinha pensado nisso antes?! — Fui correndo para o carro. Vasculhei no porta-luvas, e lá estava. Mas não tinha nenhum mapa pra colocar a bússola, estava perdida outra vez.
Espere! Tinha um jeito.

Apontei a bússola para o alto. A seta indicava para o norte, e foi pra lá que eu fui, para o norte da floresta. Olhei pra John, ainda estava consciente.

— Querido, eu vou, mas eu volto! Fique onde está! Não tente se mexer.

Ele fazendo um pouco de esforço disse. — Vá, eu vou ficar aqui. Você é esperta, vai encontrar alguém! — acenei com a cabeça, e fui.

Parei um pouco pra respirar. Estava tão exausta pra correr; sem água, sem alimento, mas sobreviveria. Eu era forte!

Parei um pouco ofegante, e por um instante imaginei que estava vendo uma miragem, mas não, era uma...cabana? era isso mesmo? Esfreguei os olhos, era sim! Uma luz! fui até lá.

— Olá, tem alguém aí? — Bati palmas, mas ninguém atendeu. Bati na porta e estava encostada. Entrei devagarinho, parecia estar abandonada. A porta bateu. Que susto! Era só o vento. Fui entrando, mas parei por instante, ouvi vozes e me escondi.

—Mas que merda é essa? Já pedi pra aquela velha arrumar essas tralhas. É a mesma coisa que não falar nada! Sem comida... ah, deixa ela chegar! Deixa que eu vou falar umas boas com ela.

Aquele homem se recostou no sofá e ligou a televisão. Era questão de tempo pra ele pegar no sono e vazar dali.

A porta se abriu.

— Ah! aí está você! Cadê minha comida? Cheguei aqui não tinha nada, a casa toda bagunçada.

— Ah! homem, pare de reclamar! deixei tudo na geladeira. Era só esquentar.

— E eu vou querer comida requentada?

— Era só fazer, oras

O homem deu de ombros.

A mulher ficou na cozinha. Droga! por onde eu passaria sem ser vista?

— Ô dona lúcia, dona Lúcia!

— Pêra aí que ela já vai! — Gritou ele.

A senhora saiu correndo até a porta. Nesse momento fui até a cozinha. Por sorte tinha uma porta que dava acesso à saída. Fui com muito cuidado ao abrir a porta, mas não esperava que tinha um pitbull.

— Calma amiguinho! 

Ele rosnava pra mim. Saí correndo! Ele começou a ladrar. Corri, corri até avistar uma grade de proteção. Corri o mais rápido que pude, o cão estava quase me alcançando. Por sorte subi até a grade, pulei do outro lado, e ninguém me avistou.

— Não foi dessa vez amiguinho! — E saí dali.

Eu estava mancando, parei entre os arbustos pra se recompor, mas era hora de ir. Fui caminhando até perder as forças; minha visão estava turva, sentia meu corpo cair aos poucos no chão, desmaiando.

O RAPTO DE ANAOnde histórias criam vida. Descubra agora