Clara
—Amor, pra onde vamos? Por que está correndo tão rápido?
Desse jeito vamos bater!— Acho que estamos sendo seguidos.
— Ah, não! de novo não! Pensei que esse pesadelo tinha acabado.
— Parece que não!
— Eu vou ligar pra polícia.
— Vai ligar pra quê? A essa altura devem imaginar que fugimos pra não sermos pegos.
— Agora essa, culpados! John, a gente veio até aqui em busca da nossa filha.
— É eu sei, mas a polícia não vai pensar assim clara.
— Cuidado!
O carro deslizou em uma ribanceira; capotamos, e daí não me lembro de mais nada. Só vi o rosto do meu marido ensanguentado. Eu não conseguia me mexer. Gritei o mais alto que pude, mas ninguém apareceu.
Gritei, gritei, gritei!
Estávamos em um matagal. Quem iria me escutar meu Deus?— John meu amor, acorda! Não me deixa, vai John reage!
Bati em seu rosto diversas vezes, seu corpo estava preso ao cinto de segurança. Tentei soltá-lo, mas foi em vão.
— O que vou fazer meu Deus!
Até que avistei o celular no chão. Fiz muito esforço para pegá-lo, meu braço estava machucado. Mas consegui pegá-lo Liguei pra emergência.
— Alô, alô.
A ligação estava chiando. Droga! não tinha sinal suficiente.
Tentei me rastejar pra fora do carro com muita dificuldade, mas consegui. Fui em direção a John: peguei-o pelo braço e fui puxando, ele ainda estava inconsciente. Coloquei-o no chão e bati em seu rosto; por sorte ele acordou. Ufa!
— O que aconteceu?
— Que bom que está aqui comigo! Consegue levantar? Temos que sair, procurar um hospital...
— Espera clara, não dá! Mal consigo andar. Precisa procurar alguém, precisa pedir ajuda.
— Está bem.
Eu nem sabia por onde começar. Que loucura meu Deus! Pra onde vou? qual caminho devo tomar? Estava totalmente perdida.
Corri em direção o que parecia ser a saída. Mas quando parecia sair daquele lugar, me enfiava em outro, eu não sabia pra onde estava indo.
— A bússola! — Pensei.
Lembrei que estava no carro de John.
— Claro! como não tinha pensado nisso antes?! — Fui correndo para o carro. Vasculhei no porta-luvas, e lá estava. Mas não tinha nenhum mapa pra colocar a bússola, estava perdida outra vez.
Espere! Tinha um jeito.Apontei a bússola para o alto. A seta indicava para o norte, e foi pra lá que eu fui, para o norte da floresta. Olhei pra John, ainda estava consciente.
— Querido, eu vou, mas eu volto! Fique onde está! Não tente se mexer.
Ele fazendo um pouco de esforço disse. — Vá, eu vou ficar aqui. Você é esperta, vai encontrar alguém! — acenei com a cabeça, e fui.
Parei um pouco pra respirar. Estava tão exausta pra correr; sem água, sem alimento, mas sobreviveria. Eu era forte!
Parei um pouco ofegante, e por um instante imaginei que estava vendo uma miragem, mas não, era uma...cabana? era isso mesmo? Esfreguei os olhos, era sim! Uma luz! fui até lá.
— Olá, tem alguém aí? — Bati palmas, mas ninguém atendeu. Bati na porta e estava encostada. Entrei devagarinho, parecia estar abandonada. A porta bateu. Que susto! Era só o vento. Fui entrando, mas parei por instante, ouvi vozes e me escondi.
—Mas que merda é essa? Já pedi pra aquela velha arrumar essas tralhas. É a mesma coisa que não falar nada! Sem comida... ah, deixa ela chegar! Deixa que eu vou falar umas boas com ela.
Aquele homem se recostou no sofá e ligou a televisão. Era questão de tempo pra ele pegar no sono e vazar dali.
A porta se abriu.
— Ah! aí está você! Cadê minha comida? Cheguei aqui não tinha nada, a casa toda bagunçada.
— Ah! homem, pare de reclamar! deixei tudo na geladeira. Era só esquentar.
— E eu vou querer comida requentada?
— Era só fazer, oras
O homem deu de ombros.
A mulher ficou na cozinha. Droga! por onde eu passaria sem ser vista?
— Ô dona lúcia, dona Lúcia!
— Pêra aí que ela já vai! — Gritou ele.
A senhora saiu correndo até a porta. Nesse momento fui até a cozinha. Por sorte tinha uma porta que dava acesso à saída. Fui com muito cuidado ao abrir a porta, mas não esperava que tinha um pitbull.
— Calma amiguinho!
Ele rosnava pra mim. Saí correndo! Ele começou a ladrar. Corri, corri até avistar uma grade de proteção. Corri o mais rápido que pude, o cão estava quase me alcançando. Por sorte subi até a grade, pulei do outro lado, e ninguém me avistou.
— Não foi dessa vez amiguinho! — E saí dali.
Eu estava mancando, parei entre os arbustos pra se recompor, mas era hora de ir. Fui caminhando até perder as forças; minha visão estava turva, sentia meu corpo cair aos poucos no chão, desmaiando.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O RAPTO DE ANA
Misterio / SuspensoUm casal estava prestes a se mudar com sua filha recém-nascida para a nova casa em uma cabana ao Sul da cidade. Às 3 hs da manhã se deparam com o sumiço dela. À sua busca, um assassino psicopata cruzam seus caminhos colocando-os em perigo. Enquanto...