Letters, with paper and everything else.

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Querido Louis,

Não posso te agradecer o suficiente por me apresentar essa música. Além de gostar muito sinto que ela está mudando o que eu sinto pela cidade de Nova York, com quem sempre tive uma relação conflituosa.
Descobri que se substituir as buzinas e gritos por Schubert ou Telamon, a cidade se torna insuportavelmente linda.
Após de anos de raiva mal disfarçada de ambas as partes, é como se a música tivesse mediado uma trégua entre nós.
Algumas preferências: "massenet's meditation". Se uma peça musical mais bela já foi composta, eu não conheço.
"Concertos de brandenburgo" não é brincadeira, e eu compartilho do seu sentimento em relação ao Beethoven. Wow.
Não sei sobre o que a peça de Vivaldi ll" Giustino fala exatamente mas para mim sugere decepção. Um tipo de traição com elegância. Me faz sentir como um agente duplo envolvido num tipo de espionagem sensual.

Decidi que overture de Wagner deveria vir com um alerta. De acordo com algumas rápidas pesquisas online a ópera fala sobre a luta entre o amor o sagrado e o profano que é, comprovadamente a única luta existente.
Outro dia eu atravessa a rua, perdido em pensamentos sobre algo, o que é bem comum pra ser honesto, eu ouvia a overture e, enquanto a música aumentava, de repente eu percebi que eu tinha mãos e pernas, e um torso e que estava rodeado por pessoas e carros.
É difícil explicar exatamente o que aconteceu, mas senti, que naquele momento, o divino, seja lá como decidimos definir tal coisa, sem dúvida vive tanto em concreto e táxis quanto vive nos rios, lagos e montanhas.
Percebi que a graça não depende de um tempo ou lugar. Só precisamos
da trilha sonora certa.
Essa nova infusão de música na minha vida, no mínimo, me faz repensar minha hostilidade para com homens brancos mortos e tenho que te agradecer por isso.
Como vão as coisas afinal?

Seu amigo, Harry.

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