his point of view.

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Suna se sentia sóbrio de novo.

Desde que ele parou de usar, ele se sentia entorpecido com você. Você era a única droga que ele precisava e nada mais. E agora ele tinha te perdido. Simplesmente por não saber o que fazer ou não saber como agir em toda a situação. Suna nunca foi do tipo de ter medo de algo ou alguém, ele podia ter explicado o que aconteceu pra você apropriadamente.

Mas ele sentiu medo demais pra isso.

Não queria arriscar sua segurança e sua saúde, ele sabia bem do que a loira era capaz, já tinha visto com os próprios olhos alguns anos atrás as loucuras de Aimi. 

Os dias se passaram, a coisa que ele mais queria era correr até a sua casa, te abraçar e dizer que ficaria tudo bem. Mesmo ele sabendo que não ficaria se continuasse com você. Ele encarava a paisagem na sua frente, vendo toda a cidade, como sempre gostou de fazer. Estava no mirante que você e ele tiveram a primeira vez, se lembrando de cada momento que passou com você. Não era a mesma coisa estar ali sozinho.

Tudo parecia não ter mais sentido pra ele.

As memórias voltavam de uma vez em sua cabeça, mesmo ele insistindo em afasta-las, ele não conseguia tirar seu sorriso da mente, ou muito menos você. As lágrimas inundavam seu rosto, escorrendo pela bochecha, até sua blusa, se perdendo no tecido preto. Ele encarava toda a cidade de longe, fixamente, como se fosse enxergar você em alguma esquina daquela distância, mesmo sendo uma ideia boba e impossível.

Ele brincava com o pacotinho em mãos, pensando se realmente valia a pena. Ele sabia que você iria odiar se soubesse, mas vocês não teriam contato mais, então não importava. Mais nada importava. Sem hesitar mais, ele colocou dois comprimidos na boca, engolindo de uma vez. Ficou tanto tempo dopado e entorpecido por todo o seu amor e a sensação de te amar, que agora estava sóbrio de novo.

E ele odiava ficar sóbrio.

Seu cérebro havia se acostumado com o fluxo constante de dopamina e ocitocina, basicamente, sendo o que causa toda a sensação feliz, prazerosa, aconchegante e excitante do amor. E agora foi totalmente substituído por hormônios de estresse, fazendo ele se sentir um lixo. Dores de cabeça, tensão, peito apertado, é como se fosse uma abstinência.

Os dias se passavam como uma tortura pra ele, aquela casa qual vivia cheia da sua risada e do seu amor estava vazia de novo e ele simplesmente não suportava mais ficar ali. Decepções desencadeiam as mesmas regiões do cérebro que a dor física, quando Suna pensava em você, seu cérebro manda um sinal de angústia pro seu sistema nervoso, aumenta sua pressão e frequência cardíaca, lhe causando dores no peito.

E aquela casa lhe fazia ele se lembrar de você em cada canto, então ele se mudou, pra um apartamento do outro lado da cidade, assim como a faculdade. Suna não suportaria trombar com você pelos corredores, então também a transferiu. Então as dores no peito diminuíram, já que ele não precisava pensar em você a todo momento em que abrisse os olhos na casa.

Ele sabia que Aimi continuava de olho em você, já que a loira fazia questão de mandar fotos suas, sua rotina, onde estava e com quem estava pra Suna, então ele sabia, no momento em que vocês voltassem, não demoraria pra ela fazer algo contra você.

Ele queria voltar com você mais do que qualquer coisa no mundo, mas não podia.

Nem toda história de amor tem um final feliz.

Nem todas as almas gêmeas são destinadas a ficarem juntas.

Vocês dois sabiam que isso não era o fim do mundo, mas sim de um relacionamento. Talvez o relacionamento mais intenso e verdadeiro que já existiu, mesmo com todos os altos e baixos, e que doeria pra um inferno o tempo separado e a saudade agoniante que ficava no peito. Isso poderia durar dias, meses, até anos, é algo de pessoa pra pessoa, mas vocês dois eram maduros o suficiente pra entender que algum ponto da vida, ficariam bem.

Mesmo Suna achar tudo sem sentido no momento, não tendo um pingo de ânimo sequer e sentir uma tristeza imensurável dentro de si, ele se deixaria sofrer por agora, afinal, era o que havia restado pra ele, apenas sofrer. Mas ele sempre foi esperto e sabia que algum ponto da vida, pensar em você não doeria tanto e talvez até trouxesse conforto. Ele esperava te encontrar daqui a muitos anos e recomeçar toda a história de amor de vocês de novo, mas sem os problemas da vida jovem adulta.

Mas por enquanto ele sofreria. 

Por enquanto, vocês eram apenas conhecidos com memórias boas.


𝐂𝐈𝐆𝐀𝐑𝐑𝐄𝐓𝐓𝐄𝐒 𝐀𝐅𝐓𝐄𝐑 𝐒𝐄𝐗, suna rintarouOnde histórias criam vida. Descubra agora