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[2477 palavras]
Considero arrastar minha bolsa ao invés de carrega-la conforme avanço pelos vagões do trem, eu deveria ter deixado para embarcar na Áustria, mas como seria mais barato embarcar na Polônia, eis-me aqui procurando uma cabine vazia em um trem apinhado, que já atravessou pelo menos metade da Europa. O caminho até a Finlândia ainda é vasto visto que passaremos pela ferrovia russa para contornar o mar báltico. Eu acho, eu espero que nesse tempo eu consiga me achar um lugar para me instalar aqui e ter uma viagem no mínimo confortável, há muitos países para percorrer ainda
– Senhor? – uma jovem de cabelos vermelhos vestida num uniforme cinza me aborda no corredor do vagão.
– Como posso ajudar... hm – cerro os olhos para enxergar seu nome no uniforme – Isabel?
– Eu que o digo, senhor – ela sorri. – Está com dificuldades para achar uma cabine?
– Muita – respondo aliviado, esperando finalmente achar alguma para me instalar.
– Há uma cabine com espaço no vagão 07 – ela sorri, fazendo menção de seguir adiante. – Poderia me acompanhar, por favor?
Assinto com um sorriso fechado, embalando forças no braço para erguer minha bolsa abarrotada de roupas e seguir a jovem. Três vagões depois, Isabel foi até a última cabine, aproximando-se da entrada que a porta aberta da cabine deixava.
– Com licença – ela sorri para o interior da cabine, me olhando logo depois. – Esse rapaz vai se juntar a vocês, o trem está lotado – explica a situação, dando espaço para que eu entrasse na cabine. – Posso ver seu ticket ? – ela me pede quando estou no batente da porta de correr.
Enfio a mão no bolso de meu jeans, tirando minha carteira esguia e mostrando a Isabel o ticket cuidadosamente depositado no lugar da carteira onde eu deveria ter a foto de alguém amado.
Bom, não que eu não tenha nenhum amado.
– Obrigada – ela agradece depois de analisar o ticket, e com um cumprimento solene de cabeça a mim e aos demais passageiros na cabine, Isabel girou sobre os calcanhares e retirou-se do vagão.
