#10. "Uma lábia doce como vinho"

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Haviam alí quatro homens sentados na mesa retangular feita de vidro: Jacob, Kevin, o homem grisalho de terno marrom chamado Lee Junseo e um rapaz corpulento, mais ou menos da altura de Jacob, cabelos pretos e um olhar bem atento, chamado Lee Jangjun, o filho mais velho e irmão de Kevin. Jacob apreciava com gosto cada garfada daquele delicioso jantar e estava muito contente que o pai de Kevin havia o recebido com muita gentileza, embora, às vezes, não conseguira acompanhar o senso de humor do Senhor Lee.

Cada frase dita naquela conversa deixava mais claro para Jacob o motivo daquele homem ser tão respeitado, pois suas opiniões e modo de falar eram tão cativantes que o garoto gostaria de ficar ali conversando por horas com ele.

– Você é um garoto muito inteligente Jacob. Fico feliz que meu filho tenha uma companhia tão sensata quanto você. — ele pegou a garrafa de vinho e encheu pela metade a taça de Jacob. – Você ainda não falou sobre sua família. De onde você vêm?

– Ah... Pai... É um assunto um tanto...

– Tudo bem Kevin! — disse Jacob enquanto se deliciava do vinho. – Meus pais... Meus pais desapareceram há três anos. Iniciamos uma busca intensa, mas nunca acharam eles, então eu e meu irmão declaramos ambos como mortos. Foi um momento muito difícil pra mim e pro meu irmão, éramos muito novos ainda.

– Que lamentável! — tomou um pouco do vinho. – Acredito que tenham sido pessoas de extrema conduta, vejo por você que é um rapaz bem educado.

– Sim, eles eram. Tudo o que eu sei foram eles que me ensinaram.

– Tudo o que você sabe? Tipo... Lutar, se articular e até falar em inglês? — questionou Senhor Lee com bastante interesse.

– Sim, eles me ensinaram tudo. — disse Jacob, bem orgulhoso. De fato, sentia muito orgulho de seus pais.

– Incrível e realmente muito triste que tenham partido assim... Do nada. — continuou a tomar o vinho. – Você é um rapaz muito bom Jacob, vai ser muito bom ter você aqui esse tempo na nossa casa e já peço desculpas se você não me ver com tanta frequência e nem ao meu filho mais velho. A demanda de trabalho nesta primavera está um caos.

– Eu entendo. — assentiu.

– Papai se empolga quando o assunto é trabalho. Você vai estar aqui no lançamento do novo aparelho Lee 30 em dois dias? Vai ser um evento e tanto. — disse Jangjun.

– Provavelmente sim. Vai ser ótimo! — Jacob sorriu.

– Ah Jacob, você é um rapaz excelente e conquistou a minha confiança, então é bem vindo sempre nesta casa. Pode confiar em mim também.

Num rápido instante, Senhor Lee se distraiu e sem querer derrubou vinho em uma cesta de pequenos pãezinhos que estava alí ao seu lado. Jacob não entendeu muito bem, mas começou a rir junto do homem que estava gargalhando muito alto no canto da mesa.

– Que desastre o meu não é? — ele pegou um dos pãezinhos da cesta e o ficou olhando por alguns segundos, até que finalmente o levou a boca. — Um pãozinho molhado no vinho não é algo que vai me matar.

O jantar se encerrou num clima bom. Jacob despediu-se do Senhor Lee e de Jangjun e subiu as escadas com Kevin. Ele o levaria até seu quarto.

Não precisou de muito pra perceber que aquele lugar era maior do que ele imaginava, pois os corredores dos cômodos eram ainda mais majestosos que o resto da casa. Haviam lustres enormes, grandes palafitas e quadros famosos de pintores famosos que deveriam ter custado uma fortuna. Jacob não deixou de se surpreender também com o tamanho colossal da porta dos quartos, uma em específico lhe chamou a atenção por ser bastante isolada no fim de um corredor.

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