Tô dizendo, é praga de Socorro

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Hinata acordou, ou melhor, foi forçado a acordar cedo demais. Bem, já se passavam das nove da manhã. Foi dormir tarde na noite anterior, esperando despertar ao menos depois das onze horas.

No entanto, Pedro tinha outros planos para eles.

Ele apareceu no quarto do ruivo com uma bandana na cabeça, desprovido de blusa e com uma bermuda surrada.

— Levanta, é dia de faxina — disse, balançando um pano de prato antes de colocá-lo sobre os ombros.

Hinata resmungou, caindo para trás na cama.

— Eu tô com sono.

— E teu quarto fede a mofo. — Ele chutou a ponta da cama, fazendo Shouyou balançar. — Vem, vamos, já, já a Rebeca tá chegando.

Hinata riu, deveria ter imaginado que sua motivação não teria surgido do nada sem uma ajuda.

Enquanto cuidava de sua higiene matinal, Pedro voltou para sala e ligou o rádio, conectou-o no seu celular com a ajuda do bluetooth. Logo a pequena casa foi preenchida por música.

— Bora, Shouyou, levanta! — Pedro balançou, dançando com a vassoura. — Cê vai lembrar de mim/ Uma boa menina faz assim!

— Assim como? — Hinata inclinou a cabeça. Pedro parou, olhando para ele.

— Sabe que eu não sei? Nunca entendi essa música.

Eles iniciaram a faxina. Pedro cuidou da limpeza da sala, enquanto Shouyou ficava responsável pela cozinha. Enquanto lavava a louça do almoço e jantar do dia anterior, ele olhava pela janela acima da pia, vendo as pessoas do bairro passando pela rua. Uns ou outros, que Hinata já conhecia, o saudavam. Outros, como a Senhora Socorro, olhava feio, não para ele, mas sim para a bagunça sonora que Pedro estava causando.

Começou com algo leve, músicas que Hinata achava agradável, como "Mina do condomínio" e "Anna Júlia". No entanto, Pedro estava começando a tomar proporções perigosas. Estava chegando na parte sombria de sua playlist.

Cheguei pra gente brincar/ Então, desce 'po play, você vai gostar/ No way, vamo argumentar/ Quero ver descer até o pai cansar. — Àquela altura, ele já havia largado a vassoura e, com o pano de prato na mão, rodava o pulso, fazendo o pano com rendinha amarela balançar, acima de sua cabeça. — Você quer pula-pula, só vai ter uma regra/ Se apegar não dura, o Pedro não se apega/ Vou te deixar maluca, eu 'to na mente dela/ Se você 'tá no pique, o Pedro vai e te pega, — Eitaaa! Sobe, desce, para e depois joga na minha cara! Vai, Shouyou!

— Pra onde?

Pedro bateu o pano no ar, ignorou-o e continuou a dançar, esquecendo totalmente de tirar o pó de cima da TV.

Pela janela, Hinata conseguiu ver Rebeca do outro lado da rua. Ela sorriu, acenou e correu até eles.

Assim que abriu a porta, Pedro se virou para ela, cantando a próxima música que acabara de iniciar.

Essa mina é um tesouro, bumbum de ouro/ Dezoito quilates de bunda ela tem!

Rebeca até tentou, ela jura de pé junto que sim, mas fica difícil resistir quando Gloria Groove te chama pra bater o bumbum no bumbo. Ela se juntou ao namorado na sala, e Hinata assistiu os dois descendo até o chão, com direito a quadradinho de oito.

Lá fora, eles ouviram alguém reclamar. Mesmo não se revelando, eles sabiam que se tratava de Dona Socorro. Só pra provocar, Pedro colocou a próxima música, um pouco mais alto.

Hinata Shouyou: Made in BrazilOnde histórias criam vida. Descubra agora