Livre-se de bagagens pesadas. O que não acrescenta, o que não evolui. Tudo se transforma. Um sentimento não morre, ele muda. Uma situação não precisa ser aquela, pode ser alterada. Você tem a escolha, não se omita. Não aceite um não se você pode ter um sim.
Não desista se ainda não acabou. Saiba seguir em frente se não der mais. Grite, chore, brigue, viva intensamente, seja a alegria ou a dor. Transforme-se, reinvente-se, não seja só pela metade. Esgote as possibilidades, esvazie sua consciência, não se cale atrás de palavras não ditas. E se não for pedir muito, não seja tão pouco.
Em um dia como outro qualquer, eu não dei todas as aulas que daria pela manhã e então resolvi buscar o Allan no colégio. Ele gostava tanto de me surpreender que eu pensei em fazer uma surpresa para ele também. Estacionei o carro do outro lado da rua e encostei no mesmo para espera-lo. Deviam faltar ainda uns 10 minutos para tocar o sinal que encerrava as aulas e eu fiquei mexendo no celular, distraído, quando alguém parou ao meu lado.
– Biel? Você por aqui?
O Guto me perguntou, surpreso por me ver ali.
– Ah, opa cara. Tudo bem?
– Tudo sim, e você? Veio buscar alguém?
– Eu? Não.
Eu respondi rápido.
– Não? Você ta parado na frente do colégio por que então?
– Ah… É… Pois é… É claro, eu vim pegar meu irmão.
Eu falei, todo atrapalhado.
– É verdade, ele estuda aqui, né? Eu o vi naquele dia do churrasco. Ele parece com você.
– Pois é.
– Eu vim buscar o Allan pra gente ir no shopping. A gente tinha combinado de trocar uma blusa que eu ganhei. Quer vir com a gente?
– Não, não. Eu tenho que dar aula a tarde.
Eu respondi ligeiro.
Ele então parou e olhou para mim, como se estivesse me estudando. Então falou:
– É engraçado como são as coisas, né? Você sabia que o Allan fala dormindo?
– Hã?
– Claro, como você poderia saber, né? Você nunca dormiu com ele. Pois é, mas ele fala.
– Fala o que?
Eu perguntei, sentindo o sangue fugir do meu rosto.
– Ah, coisas sem nexo eu acho. Eu ouço seu nome algumas vezes e outras coisas.
Ele respondeu, olhando nos meus olhos.
Eu fiquei mudo, sentindo meu corpo estremecer de tensão.
– Eu tenho que ir.
Eu disse, já metendo a mão no meu bolso pra pegar a chave.
– Mas você não veio buscar seu irmão?
– É, mas eu lembrei que tenho um compromisso. Ele se vira. Olha, eu tenho mesmo que ir. A gente se fala outra hora.
Eu disse, já entrando no carro, dando partida e indo embora.
Há alguns metros adiante, eu parei o carro e respirei. Minhas mãos suavam e ainda me sentia trêmulo. Peguei o celular e mandei uma mensagem pro Allan:
“Q porra é essa de vc falar dormindo? Seu primo sabe da gente?”
Alguns minutos depois veio a resposta:
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Diary Of a Hetero( Romance Gay )
Romance"Diários de um hétero" é um mix de relatos e vivências, sem uma ordem cronológica especifica, como se fosse um diário. Quem leu "Que porra é essa?! Eu não sou viado, mas...", tem aqui uma continuação mais dinâmica, Autor: Biel Sabatini