Às vezes a vida dá tanta pancada que a gente cria uma casca protetora, que muitos não conseguem penetrar. São mecanismos de defesa que nos afastam das pessoas e somente aquelas que de alguma forma conseguem identificar isso mais claramente persistem.
Não é o certo, nem é o ideal, e sim é uma consequência. Não faço questão de ser fácil, não tenho vocação pra ser morno. Se eu vejo que aquilo de uma certa forma vai me envolver e me levar por caminhos que eu não posso prever ou que não julgo seguro, obvio que vou tentar fugir. Se a pessoa demonstra que não faz tanta questão, mostro a caminho da porta. E se de alguma forma aquilo já me fisgou, aí eu me taco de cabeça e seja o que Deus quiser.
Eu sempre fui muito musical. Só que aglomeração não é comigo. Não me sinto bem num amontoado de gente e eu sei, meus caros leitores, que apesar da minha chatice latente, deve ter alguém parecido comigo nesse sentido. Levantem a mão ,o/ (rs)
Uma banda famosa iria fazer show na cidade. Eu obviamente não me dispus a ir. Por mais que meus amigos estivessem empolgados, eu não via muita graça naquilo. Já tinha me decidido a não ir.
No dia do show, conversei com o Allan pelo celular:
– Eu vou!
Ele teclava com autoridade.
– Eu não to te impedindo, ué.
Respondi com aparente tranquilidade.
– Eu sei q vc não gosta dessas coisas, mas eu vou.
– Allan, não tem problemas, certo? Só não quero ir, não gosto. Se vc quer ir, td bem.
Eu sei que muito do discurso dele era pra me testar ou melhor, me provocar. A verdade é que eu não tinha qualquer controle sobre a vida dele e ele estava na idade de curtir. Só que obviamente, como não se tem controle total sobre os sentimentos, eu me sentia um pouco estranho sobre o fato dele estar num lugar lotado e eu não estar lá. Pode me julgar quem nunca sentiu o mesmo. Porém eu tinha plena consciência que eu não tinha direito nenhum de me sentir assim, afinal a escolha foi minha de não ir.
No final da tarde minha melhor amiga chegou lá em casa. A gente estudou junto no colegial e desde sempre ela sabe de tudo de mim. É meu espelho, a pessoa que mais me conhece no mundo. A gente tem total liberdade de tudo e não há pessoa que me entenda mais ou tenha mais acesso a mim.
– Você não quer mesmo ir no show?
– Ah, você sabe que não é muito a minha.
– Eu sei, mas pode ser divertido. A gente vai ficar na área vip. Nem tem estresse lá.
Eu olhei pra ela e fiz um “tanto faz” com os ombros. Ela sentou na minha frente e sorriu:
– Vamos? Não tem que pagar nada e a galera vai estar toda lá. Me faz companhia porque eu não quero ir sozinha.
– Acho que não. Você sabe que eu nem curto.
– Mas vai ser legal, eu te garanto. E qualquer coisa a gente fica lá curtindo só. Larga a mão de ser tão difícil. Por mim?
Ela disse sorrindo me dando soquinhos no braço
– Taa. O que você não consegue de mim?
Eu respondi rindo. Ela deitou e me olhou nos olhos.
– Eu sei que eu consigo qualquer coisa de ti, mas acho que não sou a única.
– Como assim?
Eu perguntei não entendendo muito bem o que ela queria dizer.
– O Allan. O que você sente por ele?
Dei um sobressalto, pois não estava esperando a pergunta.
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Diary Of a Hetero( Romance Gay )
Roman d'amour"Diários de um hétero" é um mix de relatos e vivências, sem uma ordem cronológica especifica, como se fosse um diário. Quem leu "Que porra é essa?! Eu não sou viado, mas...", tem aqui uma continuação mais dinâmica, Autor: Biel Sabatini